"O Irmão Perdido"

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Peter On.

Peter entra pelos grandes portões de sua mansão e estaciona sua moto próximo a entrada, retira seu capacete e percebe seu segurança caminhando em sua direção, ele o espera.
Segurança- Senhor, como vai?.
Peter- Ótimo? Aconteceu algo?.
Segurança- Não senhor, ainda não!.
Peter- Ainda?.
Peter pergunta e o encara sério esperando sua resposta, o segurança conscente e continua.
Segurança- A senhorita Débora veio novamente, não entrou pois o senhor não estava, mas me pediu para que agradecesse diretamente ao senhor! O filho dela saiu da UTI e está em observação no hospital!.
Peter- Isso é ótimo! Avise algum capanga para se encaminhar de mandar alguma lembrança para ele como pedido de desculpas da minha parte, não foi algo que eu soube mas temos esse comprometimento!.
Peter fala e fica alguns segundos em silêncio enquanto pensa, o segurança acena e volta ao seu posto, Peter adentra a mansão e pega seu celular, assim ligando para Harley.

Ligação em andamento.

Harley: Amor?.
Peter: Oi tampinha, Dylan está fazendo o que?.
Harley: Está jogando na sala, ele descobriu alguns de seus jogos favoritos!.
Peter: Mande-o tomar banho e se arrumar com roupas confortáveis, vou levá-lo para a academia do Spencer!.
Harley: Demais!! Vou avisá-lo!.

Ligação encerrada.

Peter entra em sua sala e se depara com seu pai sentado em sua cadeira, ele estranha a grande presença e olha em volta.
Peter- O que devo as honras?.
Peter pergunta desconfiado, ele não deveria estar ali.
Pedro- Fiquei sabendo que deu férias para um dos nossos!.
Peter- Um dos meus? Sim!.
Pedro o olha sério ao perceber a correção, mas mantém a calma e se levanta.
Pedro- Eles já não vivem bem demais aqui dentro? Precisam de férias? Desde quando isso existe, Peter?.
Peter o olha desconfiado.
Peter- Bom, todos merecem descanso, um tempo com a família... Mas como sabe disso? Não devia estar viajando?.
Pedro sorri pouco debochado e caminha até Peter, que se encontra perto da porta.
Pedro- As notícias correm, filho!.
Peter- Ele jurou não abrir a boca até voltar, nenhum dos meus homens sabe disso! Como você ficou sabendo?.
Peter o encara, Pedro desvia e caminha até a porta em passos curtos.
Pedro- Confie nos homens certos, Peter, e não tente esconder nada de mim!.
Peter- Ainda não me disse o que veio fazer aqui!.
Pedro- Vim ver como estão as coisas, aqui anda ficando sem um líder de verdade no comando, organize seu tempo e seja mais presente aqui, ou coloque alguém que seja capacitado para este cargo!.
Peter ouve seu pai respondendo enquanto se afasta.

SUBCONSCIENTE: Bom, em uma coisa ele está certo, eu preciso de alguém de confiança para ficar aqui enquanto eu não estou... Alguém que eu já tenho em mente. Mas, espera... Líder de verdade? Um possível... Chefão?.

Harley On.
Minutos mais tarde.

Dylan- Demorou um pouco!.
Dylan brinca ao ver Peter, Harley os observa parada na porta, Peter a olha e sorri.
Peter- Tive que resolver algumas coisas antes... Temos que resolver também antes de irmos a academia, Harley tem que vir junto!.
Harley- Eu? Aonde?.
Peter sorri e a convence rápido, ele pega seu carro na garagem e os leva a um cartório municipal.
Atendente- Senhor... Em que posso ajudar?.
O atendente pergunta em uma voz trêmula, Peter revira os olhos ao perceber que o medo de muitos ainda não passou, ele puxa Dylan delicadamente pelo ombro, o mostrando, Harley olha tudo sem entender.
Peter- Vim registrá-lo, como meu filho!.
Peter fala, Harley o olha surpresa e parece entrar em pânico.
Atendente- Senhor nós vamos precisar dos documentos dele... Como certidão de nascimento emitida pelo hospital!.
Peter- Não, vocês não precisam, ele era de rua e eu quero fazer todos os documentos dele, agora!.
Atendente- Ele... Ele tem os documentos do orfanato?.
Harley segura sua vontade de rir enquanto o atendente pergunta tudo com medo, Peter suspira.
Peter- Não ouviu o que eu disse? Ele era de rua, não órfão! Prepare meus documentos, não quero registrar como adotado, quero como meu filho!.
Peter responde sem paciência, o atendente o olha, Dylan está confuso mas feliz ao mesmo tempo, o atendente pede um minuto e adentra uma salinha, em seguida volta com alguns papéis.
Atendente- O senhor... Precisa de uma companheira... Com certidão de casamento e documentos pessoais dos dois!.
Ele explica ainda com a voz trêmula, Peter sai do local rapidamente indo até seu carro, ele pega um papel e sua carteira, assim voltando.
Peter- Aqui!.
Peter entrega o tal papel e os documentos, Harley olha com atenção, é uma certidão de casamento falsa, ela gela.
Peter- Vamos amor, cadê sua carteira?.
Ele pergunta normalmente, Harley percebe que o atendente está a olhando atentamente, ela sorri disfarçando e pega seus documentos.
Harley- Só não vou ter a certidão de nascimento...
Atendente- Não precisa, só com a do casamento eu consigo! Qual o nome do sortudo?.
Harley vê Peter sorrir satisfeito.
Peter- Dylan Sthiw Escobar!.
Ele responde e o atendente entra novamente na salinha, demorando um pouco.
Harley- Você é louco??? Não somos casados! Como conseguiu essa certidão?.
Peter- Eu tenho meus contatos, eles só precisam disso para provar que somos os novos pais dele, depois nos casamos de verdade, mas o Dylan... Ele eu quero que esteja veridicamente e legalmente no nosso nome!.
Peter responde a puxando pela cintura, Dylan sorri ansioso, Harley cruza os braços enquanto Peter a olha todo bobo.
Atendente- Aqui está! Só assinem pra mim, por favor, e quando puderem... Passem em um mercado e solicitem uma certidão de nascimento com eles!.
Peter e Harley assinam junto, o atendente da a caneta para Dylan, o deixando assinar também, ele confere as assinaturas e pega os documentos, entregando para Peter junto com os novos de Dylan.
Atendente- Oficialmente e legalmente pais do Dylan, parabéns!.
Ele parabeniza e os três entram no carro, a caminho da academia de Spencer.

Harley- Você vai adorar treinar com o Spencer! Ele é bem paciente e agora consequentemente seu tio postiço!.
Harley fala sorrindo saindo do carro junto a Dylan, Peter sorri, mas logo seu sorriso se desmancha ao ver alguns supostos alunos saindo machucados da academia, Harley observa o mesmo ficar apreensivo e caminhar rápido para entrar.
Harley- Fique aqui um pouquinho, okay?.
Ela pede e Dylan consente se encostando no carro, a mesma adentra a academia junto a Peter, Spenser está sentado junto com um de seus amigos que o ajuda no gerenciamento do local, quanto mais Harley se aproxima, mais vê que ele está machucado, ele a olha e se levanta.
Spencer- O que estão fazendo aqui??.
Peter- Viemos treinar com você, acho que chegamos na hora certa!.
Spencer- Eu não conseguiria me esconder de vocês, não é?.
Harley- O que aconteceu aqui??.
Harley pergunta ao ver algumas coisas bagunçadas.
Spencer- Meu irmão... Augusto, ele apareceu por aqui... Estava... Diferente, tiveram que colocá-lo para fora!.
Harley- Seu irmão?? Como assim ele apareceu aqui?.
Peter- Você tem um irmão?.
Spencer- Você sabe o quanto eu odeio meu irmão! Não tenho nenhum gosto em chamá-lo assim!.
Peter- Como assim você tem um irmão?.
Harley olha para Peter, observando sua expressão de confusão e indignação.
Harley- Eu sei mais ou menos a história deles... Não entendi até hoje o real motivo de serem tão afastados, Spencer nunca me contou tudo, apenas que sofria na mão do Augusto, mas com a prisão do irmão, ele mudou e estava em paz então nunca perguntei... Para não incomodar!.
Peter o olha, Spencer da um sorriso sem graça com uma mistura de constrangimento.
Peter- Mas agora pode me contar essa história? Acho que vai precisar de ajuda com isso!.
Spencer se senta e Peter olha para Harley, a mesma suspira em uma aceitação frustada e caminha para fora da academia, aproveita para passar um tempo com Dylan.

Spencer On.

Spencer- Eu tinha apenas oito anos, e meus pais adotaram o Augusto que é cinco anos mais velho do que eu, os pais dele morreram em um acidente de carro e ele tinha ódio de mim por... Bom... Ter pais vivos, então me batia todos os dias dizendo que era porquê ele queria me ensinar a sobreviver na vida la fora, e foi assim por muito tempo... Até ele alugar uma academia quando fez dezenove anos, era onde ele passava a maior parte do tempo e sempre foi assim, ele passava metade do dia lá e sempre voltava com as mão sujas de sangue, além de chegar irritado e se trancar no quarto... Meus pais não sabiam mais o que fazer, mas... Uma noite ele chegou e falou comigo, o que era raro.
Peter- Falou o que?.
Spencer- ''A Vida é injusta, e quanto mais cedo acordar e entender isso, sera melhor para você... Aprenda a apanhar, apanhar muito, porquê bater qualquer um consegue, mas apanhar... Poucos conseguem, e acredite, a vida bate mais em você, do que qualquer um''.
Peter- Ele te disse isso, por quê?.
Spencer- Eu tentei perguntar o motivo, mas ele disse que ia embora, eu agarrei o braço dele, porquê apesar de tudo que passamos... Eu gostava dele, mas ele me socou... Eu tentei o acalmar e perguntar o porquê de tudo aquilo e ele socou mais e mais, eu não entendia, havia lágrimas nos olhos dele mas ele não parava de sorrir, enquanto dizia que era pra o meu bem... Naquele dia eu apaguei de tanto apanhar, e quando eu acordei... minha mãe estava chorando.
Peter- Seus pais não viam o que ele fazia com você? Você não contava?.
Spencer- Meu irmão não ficava só na academia quando crescemos, ele cobrava dívidas de algumas gangues e só eu sabia disso... Até ele ser pego!.
Peter- Pelas gangues?.
Spencer- Não, pela polícia, ele tinha tantos homicídios em sua fixa que foi condenado a prisão perpetua, nunca vou esquecer o quanto doeu, por incrível que pareça eu senti muita falta dele por um tempo, a vida da minha mãe só piorou, e na visão de todos nossos amigos e vizinhos falavam que minha familia era uma familia manchada, que minha familia era a familia de um demônio e... Peter eu... Eu sabia sobre você quando conheceu a Harley porquê a unica coisa que fez minha família ser esquecida no meio de tantas calunias, foi a sua família... A família Escobar!.
Peter se levanta imediatamente, enquanto Spencer permanece de cabeça baixa, ele não sabia dessa história.

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