"Paralisados"

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Dylan On.
Algumas semanas depois.

Dylan entra no laboratório, seu professor o encara.
Prof. Hélio- Está atrasado, Dylan!.
Dylan- Me desculpe, eu estudei a noite toda para a sua aula, a prova de hoje é importante para o meu boletim!.
Prof. Hélio- É bom saber que se preocupa, você é um dos meus melhores alunos, mas como chegou atrasado coloquei sua dupla com a Missy!.
Dylan olha e vê Alex com a mesma, ele sorri sem graça.
Dylan- Mas... Como vou fazer a prova sozinho?.
Prof. Hélio- Sente-se com Kevin!.
Dylan- Está falando sério? Não posso mudar de dupla? Tenho certeza que o Kevin não estudou nada!.
Prof. Hélio- Mas pelo menos você estudou alguma coisa, com zero vocês não ficarão, portanto, sente-se senhor Dylan!.
Ele fala por fim enquanto todos olham a situação, Dylan fica quieto e caminha até Kevin, o mesmo não o olha.
Dylan- Me desculpa mas... Você não tem as melhores notas em biologia!.
Kevin- Cale a boca... Não tenho medo de você por ser filhinho de Peter, vamos fazer tudo e acabar logo com isso!.
Dylan o encara e suspira.
Dylan- Por que você é assim? O que eu te fiz? Você implica comigo desde quando eu cheguei! Qual é a sua?.
Dylan pergunta irritado, mas mantendo sua postura calma.
Kevin- Você chegou ganhando toda a atenção, mesmo andando com aquele bicha do Alex, mesmo ninguém acreditando em você sobre Peter!.
Dylan- É isso que você quer? Atenção?.
Kevin sorri debochado e o encara.
Kevin- A sua? Não! Obrigado!.
Dylan- A minha você não vai ter mesmo, sendo criança assim, mas aposto que consegue atenção o suficiente das líderes de torcida!.
Dylan responde sarcástico se sentando e Hélio começa a falar, ele presta atenção mas é interrompido com as palavras de Kevin.
Kevin- Eu cresci em um péssimo ambiente, tá legal? Meus pais se separaram e eu vivi no meio das brigas deles... Meu avô quis ficar comigo mas ele é um idiota, me priva de tudo!.
Dylan o olha estranhando, Kevin parece focado olhando para frente.
Dylan- Eu te entendo, e sinto muito, mas isso não te faz melhor que alguém, e não te dá o direito de humilhar quem quiser!.
Kevin- Tanto faz, não quero que um viadinho sinta pena de mim!.
Dylan- É o viadinho que está te ouvindo agora! E sei que não paga de durão atoa e só quer atenção!.
Kevin- Cale a boca! Eu não me importo que você me ouça, eu mando aqui! Entendeu?.
Kevin fala mais alto, todos olham o fazendo ficar quieto, Dylan sente o clima pesado.

Mais tarde.

JP- Parece cansado!.
Dylan encontra JP ao entrar na mansão.
Dylan- E estou... Treinar, estudar, estudar em casa e ainda ter uma vida social é complicado!.
JP- Sua vida está mamão com açúcar, é melhor com o Peter! Agora vamos, treinaremos golpes diferentes hoje!.
Dylan consente e caminha até o vestiário para se trocar e assim é sua tarde, treinando na mansão, buscando evoluir cada vez mais, fisicamente e mentalmente, para amadurecer forte, saudável e sábio como Peter.

No mesmo dia ao anoitecer.

Peter- Filho... Vem comigo até minha sala!.
Dylan estranha mas segue Peter, eles adentram e Dylan fecha a porta, Peter pega alguns papéis na mesa, ele parece sério.
Dylan- Aconteceu alguma coisa?.
Dylan pergunta preocupado enquanto se senta, Peter o olha.
Peter- Aconteceu, garoto!... E você mais do que qualquer um tem o direito de saber.... E decidir o que fazer!.
Dylan para estranhando o assunto, suas mãos começam a soar frio.
Dylan- Pode falar!.
Peter evita se sentar em sua cadeira como sempre faz, ele se aproxima e encosta na mesa, frente a frente com Dylan.
Peter- Dylan... Mesmo que agora você suja meu filho legalmente, eu não parei de procurar sobre as coisas que aconteceram com você... E no dia que você fugiu... Seu pai infelizmente matou sua mãe... Com um tiro no pulmão... Ela não morreu na hora mas veio a óbito no hospital... Meus homens descobriram onde ela está enterrada... Faz um tempo mas... Se você quiser, eu te levo até o túmulo, para se despedir com dignidade!.
Dylan sente seu corpo parar de corresponder, seus ouvidos não prestam atenção em mais nada a não ser o som de seu coração, acelerando cada vez mais em batidas desorganizadas, Dylan não consegue mais olhar para Peter, o mesmo entrega os papéis para Dylan, são do hospital, nele possui o documento completo de sua mãe, idade, horário de morte, causa, dentre outras informações que Dylan não consegue ler, sua ficha cai aos poucos e seus olhos começam a arder enquanto se enchem se lágrimas, seus braços perdem as forças e Dylan sente suas mãos e pernas tremerem como se ele não suportasse o peso da gravidade.
Peter- Entendo se quiser um tempo para...
Dylan interrompe com a voz rouca e fraca, o olhando com os olhos marejados.
Dylan- Não... Podemos ir agora... Por favor?.
Dylan pede e Peter caminha, mesmo sem forças, Dylan se levanta e o acompanha até o carro, indo em direção ao cemitério. Ao chegar, Peter o leva até gavetas enfileiradas onde são guardados os caixões de pessoas que os familiares não pagaram terreno de enterro.
Dylan- Eu não acredito que deixaram ela aqui... Não acredito que aquele monstro a matou e a deixou aqui sem remorso nenhum!.
Peter permanece quieto, Dylan fecha as mãos tentando ser forte enquanto seu corpo pede por um último abraço de sua mãe, que ele nunca mais terá.
Dylan- Me desculpa mãe.... Me desculpa.... Eu fui um covarde... Eu te deixei sozinha com ele, você não merecia esse final... Se passaram meses e eu só consegui chegar até aqui agora!.
Dylan fala baixo enquanto sente suas lágrimas caíram, Peter se aproxima o abraçando com cuidado.
Peter- Não se culpe garoto... Nada disso foi sua culpa, agradeça a ela... Sua mãe salvou sua vida!.
Dylan- Não... Ela não tinha o direito de fazer isso!.
Peter- Escute... Os pais se vão... E foi melhor você ter conseguido fugir, poderia ter sido vocês dois! Ela foi forte até onde conseguiu para de tirar de lá, não lamente, honre a morte e coragem dela!.
Dylan escura atentamente.
Peter- Fique aqui... Irei fazer uma coisa, aproveite seu momento a sós com ela!.
Dylan sente Peter se afastando, ele não consegue tirar os olhos do cimento com o nome de sua mãe enquanto entram e saem moscas de pequenas rachaduras.
Dylan- Eu sinto muito mãe... Sinto por você ter ficado... Eu queria te fazer feliz algum dia... Mas prometo te dar muito orgulho daqui pra frente... Eu....... Eu só não queria te perder, perder a mulher que me dava forças dentro daquele inferno, não queria que estivesse me ouvindo de tão longe!.
Dylan fala em meio as lágrimas, seu corpo não aguenta e cai de joelhos na grama.
Dylan- Peter... Peter é um cara incrível... Ele me achou depois de um tempo que fiquei na rua... Eu vou crescer e me tornar o homem que você queria que eu fosse, vou te dar orgulho!.
Dylan ouve Peter voltar, o mesmo segura Dylan e o levanta.
Peter- Sei que é um momento difícil e você tem todo direito de ficar triste com isso... Era sua mãe... Mas isso são coisas da vida... Infelizmente você não teve o controle disso, mas não pode deixar que isso te torne fraco!.
Dylan- Eu já sou fraco, Peter! Todos me chamam de bichinha, de viadinho! Todos me acham fraco, porque eu sempre fujo! Sempre evito conflitos porque eu nasci e vivi no meio disso, eu vou tentar mudar isso mas já parece tão difícil!.
Peter segura Dylan de frente para ele.
Peter- Levante a cabeça! Você não é fraco! Não importa se você tem ou não uma opção sexual diferente Dylan, isso não te torna menos capacitado de nada, você quer ser forte? Não tente, seja!.
Dylan seca o rosto e abraça Peter.
Dylan- Eu... Eu achei que não poderia te contar isso tão cedo... Só minha mãe sabia!.
Peter- Você pode sempre contar comigo... Filho!.
Dylan- Obrigado!...
Peter- Bom, tenho uma notícia!.
Peter fala, Dylan o solta enquanto seca seu rosto.
Peter- Na verdade duas... A primeira é que eu comprei um túmulo... Vamos tirar sua mãe daqui!.
Dylan sorri com a notícia.
Dylan- E a segunda?.
Peter- Segundo minhas informações... Seu pai foi preso no hospital, não foi solto e nem irá ser tão cedo, mas... Eu deixo essa decisão com você, pode decidir o que vai acontecer com o seu pai!.
Dylan- Como assim eu decidir? Ele já não está preso? Não posso fazer nada!.
Peter- Pode, tenho meus contatos!.
Dylan pensa enquanto olha para o cimento, sua raiva não é tão grande quanto seu sentimento de perda, então ele nega.
Dylan- Eu não quero fazer nada com ele... Só quero que ele apodreça na cadeia!.
Peter- Então irei me encarregar disso! Mas se mudar de ideia, pode me falar!... Te espero no carro!.
Peter fala e sai andando, Dylan fica ali por mais alguns minutos, se despedindo em silêncio da mulher que lhe deu a vida.

Dias depois.

Peter- Aaah está perdendo!.
Dylan- Claro que não, vou fazer você comer poeira!.
Dylan responde enquanto os dois competem em uma partida de vídeo game.
Harley- Peter, precisamos conversar... Na verdade, você também, Dylan!.
Harley fala se sentando ao lado dos dois, ambos estão focados.
Peter- Fale tampinha!.
Peter responde, Dylan ouve.
Harley- Da para prestar atenção em mim, vocês dois??.
Harley pede em um tom sério e rígido, Dylan e Peter a olham no mesmo instante.
Dylan- Ela está estressada ultimamente!.
Dylan sussurra.
Peter- É coisa de mulher!.
Peter responde e Harley encara os dois, ela parece séria.
Dylan- O que aconteceu?.
Harley- Dylan, parabéns, você tem oficialmente o cargo de irmão mais velho, e Peter... Você vai ser o mais novo papai da família... De novo!.
Dylan abre a boca surpreso e abraça Harley a parabenizando.
Dylan- MEU DEUS!!!! QUE ÓTIMA NOTÍCIA MÃE!!.
Ele pula de alegria, mas em seguida os dois percebem Peter em silêncio, ao olharem, Peter se encontra sentado sem cor, seus lábios quase roxos, ele encara Harley em uma expressão confusa de pânico e alegria.
Peter- Eu..... Eu vou ser pai?.
Ele pergunta e Dylan vê uma lágrima escorrer, Harley sorri e o abraça, o fazendo retribuir ainda pálido sem acreditar, apesar da reação, Dylan consegue ver que ele está mais feliz que o normal.

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