"Como sabia dele?"

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Dylan On.

Dylan caminha pelo campo, encantado com o espaço, é um jardim grande com algumas estátuas de leões, gramas verdes e bem cuidadas, DK passa por uma piscina enorme, bem tratada, mas vazia.
Dylan- E essa piscina?.
DK- Quase ninguém usa, está ai mais como um enfeite, usavam mais antes mas as crianças da família cresceram, então ela fica vazia até o fim de ano!.
DK responde indiferente, Dylan se lembra de seu pai, mas o tal Pedro parece um homem pior, mais rígido e orgulhoso.
Dylan- Queria tanto ser como o Peter, parece que ele sempre está bem e que tem o controle de tudo, nunca sente medo de nada... E eu... Fugi do meu pai, igual um covarde... Deixei minha mãe, ela não era das melhores mas me deu a vida e cuidava de mim!.
Dylan fala cabisbaixo se sentindo culpado por sua mãe.
DK- A realidade das coisas é bem diferente, garoto! Acredito que o Peter nunca teve exato controle da vida dele, ninguém tem, e o Peter já sentiu muito medo... Principalmente com a Harley, consequentemente a felicidade dele também não é totalmente verdadeira o tempo todo!.
Dylan- Harley?... Não entendi!.
DK- O Peter sempre esteve um passo a frente de todos da idade dele, tinha uma confiança gigantesca e era temido por muitos pelo seu jeito de se portar em meio as pessoas, mas acho que ele estava perdido e nunca soube, depois da Harley tudo ficou mais complexo, mas era o único momento que ele não sentia medo, nem pelo pai! Mas ele não era feliz, esses dois viveram um verdadeiro teatro!.
Dylan- Mas hoje ele tem alegria, DK, eu consigo ver!.
Dk- Eu acredito, hoje ele consegue viver, mas não faz muito tempo em que seus sentimentos não poderiam ser mostrados!.
Dylan- ...O pai dele devia controlar tudo então!?.
DK- Sim, mas hoje é diferente porque ele consegue ter um pouco mais de controle das coisas, ele manda aqui agora, sei que é mais feliz, mas acho que ele ainda tem um pouquinho de medo... De perder essa felicidade, perder Harley e você!.
Dylan- Eu provavelmente ainda não sou tão importante assim para ele, mas fico feliz que você ache isso!.
DK- A um tempo ele perdeu alguém bem importante para ele... Que o próprio pai tirou dele, como uma lição injusta de pagar pelos erros!...
Dylan- ...Acha que ele pode se tornar como o pai dele? Vocês parecem trabalhar muito por aqui!.
DK- Ele não era frio assim e essa frieza é um escudo de proteção, mas eu espero que seja forte aqui dentro, Dylan, Peter nunca te colocaria em risco de vida e não te faria sofrer como ele sofreu, mas ele vai procurar te deixar tão forte quanto ele!.

Peter On.
Enquanto isso.

Pedro- Quem é o garoto?.
Peter observa seu pai entrar pela porta e a fechar em seguida, ele não parece feliz.
Peter- Uau, seus modos de bater na porta estão cada vez mais distantes!.
Peter vê seu pai indo até a mesa e se apoiando em posição de imposição.
Pedro- Não vai me responder? O que uma criança desconhecida faz aqui?.
Peter- É meu filho!.
Pedro se assusta e se afasta da mesa incrédulo.
Pedro- Que filho, Peter?? Ele deve ter treze anos, está maluco ou alguma peguete sua mandou um irmão mais novo para arrancar dinheiro de você?.
Peter- Na verdade ele tem quinze, e eu o adotei, o tirei da rua!.
Pedro- Trouxe um muleque de rua para a nossa mansão? Estou achando que deixei meus negócios em péssimas mãos!.
Peter- Ele é forte, quero treina-lo para ser meu braço direito aqui dentro!.
Pedro- De braço direito já não basta o DK? Este garoto de rua já está grande e de cabeça formada, vai te roubar na primeira oportunidade!.
Peter- Não ele não vai, e o DK não tem esse nível de parentesco, não pode assumir nossos negócios daqui uns anos, mas Dylan poderá!.
Pedro respira fundo se virando enquanto passa a mão na cabeça, ele começa a ficar vermelho de raiva.
Pedro- Você realmente só pode estar maluco, isso é um absurdo! Ele não é sangue do seu sangue, logo você terá um filho para treinar e assumir tudo, esse muleque não faz ideia da complexidade de tudo que temos!.
Peter- Sim ele é do meu sangue, só não de forma literária, mas o que importa o nível de sangue nas veias dele? Meu sangue até pernilongo tem, não vou por um pernilongo para assumir meus negócios!.
Peter brinca e sorri de canto, Pedro franziu a testa e o fuzilou com os olhos em forma de reprovação.
Pedro- Ele não é da família, Peter! Não poderá assumir nada, quer criar um pobre de rua? Crie! Mas não o coloque para mexer em nossos negócios!.
Peter fica horrorizado com a frieza de seu pai em cada palavra, até parar para pensar.
Peter- Como sabia dele?.
Pedro- Eu o encontrei na sala de armas!.
Peter- O que você foi fazer lá no fundo? Você não anda mais pela mandão a algum tempo, fora que hoje você deveria estar em vôo para as suas grandes férias... Pegou um jato, foi e já voltou?.
Pedro o encara com raiva em uma expressão fechada.
Pedro- Esse muleque não é e nunca será meu neto! E eu acho melhor você crescer e comer sua namorada direito, vai ficar velho e não terá um herdeiro para assumir tudo que eu infelizmente passei para você!.
Pedro termina de falar e sai sem dar chances de respostas, o mesmo fica furioso e ao mesmo tempo intrigado com a situação... Peter termina de resolver sua papelada e se levanta para buscar Dylan, o que não foi preciso pois o mesmo adentra a sala acompanhado de DK.
Dylan- Eu amei esse lugar!.
Ele exclama animado e aparentemente satisfeito.
Peter- Já viram tudo?.
DK- Sim senhor, só faltou a sala do Miguel mas ele não está, e a academia que o PH pode mostrar depois, ele parece nunca ter visto nada assim de perto, ficou encantado!.
Peter- Ótimo, fez o cadastro dele na portaria?.
DK- Sim senhor! Ele pode entrar e sair quando quiser!.
Dylan- Nunca vi tanta burocracia!.
Peter- Sem burocracia, você morreria se entrasse sem permissão!.
Peter fala e Dylan fica quieto. Os dois saem da mansão indo direto para um colégio, o antigo colégio de Peter, onde Dylan passará seus últimos anos de ensino mas o mesmo não demonstra a mesma empolgação que na mansão.
Peter- O que foi garoto?.
Dylan- Eu... Parei de estudar desde que fugi, meu pai me acharia na minha antiga escola, e essa parece muito para mim... Todos vão... Me estranhar!.
Peter continua andando, ele sabe que Dylan está falando sobre seu jeito mais afeminado e provavelmente não está mentindo sobre sua perspectiva.
Peter- Escute, pessoas são ruins e até todos saberem quem você é eles vão ser difíceis, mas não espere muito de ninguém daqui, e não deixe ninguém encostar em você!.
Dylan- E... Quem eu sou?.
Peter percebe a expressão confusa e perdida de Dylan, ele sorri e o puxa para perto.
Peter- É meu filho, e ninguém vai encostar o dedo no meu filho!.
Dylan sorri, parece estar se acostumando com a ideia.

Dylan On.
Dias depois.

Dylan- Até mais pai!.
Dylan se despede de Peter e desce as escadas indo até a cozinha.
Dylan- Hmmm que delícia!.
Ele pega rapidamente uma panqueca enquanto dá um beijo rápido no rosto de Harley.
Harley- Atrasado de novo??.
Dylan- Eu fiquei estudando até um pouco mais tarde, vai ter prova e eu peguei metade do semestre! Tem muita coisa pra aprender mas pelo menos tenho que passar de ano!.
Dylan responde indo até a sala enquanto come a panqueca e pega sua mochila.
Harley- Cuidado pra não dormir em aula!.
Dylan- Beijo, mãe!.
Ele se despede correndo rapidamente até a cozinha e pegando outra panqueca para sair em seguida, caminha até sua bike e segue rumo ao colégio.

****- Olha ele ali!.
Dylan escura uma voz masculina enquanto prende sua bike, ele olha procurando e vê um garoto se aproximando.
****- Não está cansado de vir de bike?.
Dylan para olhando outras bikes.
Dylan- O que tem? Tem outras pessoas que vem assim!.
****- Sim, bolsistas! Mas segundo o que você fala, seu papai é o grande Peter Escobar e você não é bolsista!.
O garoto fala e seus amigos riem, Dylan se levanta, percebendo ser da mesma altura que o mesmo.
Dylan- Qual seu problema comigo?.
****- Eu tenho problemas com mentirosos! Peter Escobar não ia deixar o filho dele vir de bike pra um colégio desse! Ele estudou aqui seu idiota, ele sabe as regras!.
Dylan- Por isso ele me disse que não tem regras!.
Outro garoto puxa o valentão.
****- Esse garoto não sabe de nada, Kevin! Deixa ele pra lá, é um caso perdido!.
O tal Kevin sorri sarcástico, escutando o amigo.
Kevin- Você tem que parar de mentir, vai se dar mal por aí, bichinha!.
Ele fala e sai andando, deixando Dylan para trás, o mesmo pega sua mochila e caminha pelos corredores até entrar em sua sala, avistando seu melhor amigo.
Alex- Que cara é essa?.
Dylan- Um garoto me perturbou hoje!.
Alex- Por quê?.
Dylan- Porque é idiota! Meu pai não me trás aqui e nem me busca, eu sei que ele é ocupado mas isso faz as pessoas duvidarem! Ainda mais por ele ser oito anos mais velho que eu!.
Alex- Mas você é adotado!...
Dylan- Peter é mais meu pai do que qualquer um que já convivi, até meu próprio pai, não me importa o que falam! Além do mais, o Kevin ainda me chamou de bichinha!.
Alex- Ah claro, o Kevin... Mas você não é?.
Alex pergunta fazendo expressão de sarcasmo, Dylan sorri.
Dylan- Não pra ele!.
Os dois riem e as aulas se iniciam.

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