Jantar

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OLIVIA


Eu estava tremendo dos pés à cabeça quando o dia amanheceu. Tremendo tanto que tive que lavar o rosto centenas de vezes para tentar acalmar meu coração, que batia acelerado.

Eu iria contar a eles. Contar aos meus pais que estava namorando.

Quando me encarei no espelho, precisei suspirar tristemente. Eu sei que esse negócio de esperar a pessoa certa parece idiotice, mas eu só havia beijado dois garotos em minha vida toda. Eu gostava das coisas certas. Me imaginava indo para faculdade, conhecendo alguém que gostasse de mim pelo que eu era, que teria um belo coração e que viria conhecer meus pais dizendo que sou realmente importante. E olhando para o meu reflexo, pude perceber que esse sonho morrera.

É por uma boa causa, Olivia.

Resolvi que deveria parar de pensar em mim e focar no que deveria fazer hoje. Busquei uma roupa quente em meu enorme guarda-roupa e saí pela porta, tomando um susto com minha mãe segurando a baby Kat.

– Bom dia, querida. Hoje, eu e seu pai estamos de folga! – Comemorou, chacoalhando minha pequena irmã. – Todos já desceram para o café, vamos? -Concordei mordendo os lábios. – Algo está te incomodando, querida? – Eu neguei forçando um sorriso.

– Preciso falar com vocês, só isso. – Disse, e ela sorriu. – Só vou pegar meus óculos.

Mamãe concordou e esperou até que eu voltasse. Descemos a escada, vi as duas gêmeas, Ellie e Layla, comendo panquecas em forma de ursinhos e Lucy e Hanna rindo com meu pai que segurava Charlie no colo, enquanto o mesmo fazia uma bagunça com a manteiga de amendoim.

– Olivia! – Ouvi as gêmeas gritarem e mal pude me sentar que as duas pequeninhas já me serviam com panquecas de ursinhos e enchiam de calda.

– Obrigado. – Agradeci a elas, que sorriram uma para a outra.

– E então? O que vamos fazer hoje, família? – Papai perguntou. – Já aviso que não iremos à Disney. -Ouvi suspiros e ri quando Layla fez biquinho por irritação.

– Eu... – Comecei a dizer, e todos olharam para mim. Oh meu deus! Eu estava fazendo realmente isso. – Nós podemos jantar em casa? Eu quero trazer uma pessoa. -Todos me olharam curiosos, e Lucy pareceu trocar um olhar sigiloso com Hanna.

– Quem vai trazer, querida? – Minha mãe perguntou dando uma das mamadeiras para Kat, que já estava sentada em sua cadeirinha rosa. – Alguma amiga?

– Bom, não é uma amiga. – Fechei os olhos tomando coragem. – É meu namorado. -Pude ouvir dezenas de talheres caindo nos pratos. Um silêncio se instalou enquanto eu podia ver cada milímetro do sorriso de minha mãe se formando.

– Mas isso é maravilhoso! – Ela disse batendo palmas, enquanto meu pai sorria para mim. – Eu quero conhecê-lo! Nós nem sairemos mais crianças, que tal prepararmos um grande jantar, hm?

As garotas de minha casa pareciam frenéticas depois da notícia, já que logo após o café minha mãe mandou Rose, nossa empregada e babá das crianças, ir às compras. Rose também parecia muito feliz e me disse que seu neto também havia arrumado uma namorada.

As preparações para o jantar estavam a mil. Jennifer arrumou a mesa de jantar antes mesmo do almoço, espalhou flores pela casa e até preparou roupas para cada uma de minhas irmãs, incluindo o pequeno Charlie.

Coitadinho.

Eu me encontrava sentada na escada, rasgando um pequeno papel de embalagem e suspirando triste, já que todo o trabalho que eles estavam tendo era em vão.

Garota Exemplar - Louis Partridge VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora