"Cat and mouse for one month, two or three"
Paper Rings- Taylor Swift
0:17 – 0:19
Quem merece acordar cedo em pleno domingo? Se fosse para viajar, tudo bem, mas para trabalhar?
Vou até o banheiro do meu quarto e me troco. Camiseta preta, calça jeans preta e tênis de mesma cor, este é o uniforme que vai por baixo do avental. Essa parte nem me incomoda tanto, eu combino com preto.
Encaro meu rosto no espelho quando ouço a porta do quarto ser aberta.
— Papai mandou você acelerar, porque você vai se atrasar para o trabalho. — Valentina, minha irmã mais nova grita. — Ele também disse que quer conversar com você, acho que ele está bravo. — Ela coloca a cabeça para dentro do banheiro — O que você fez?
Hoje seus cabelos escuros na altura dos ombros estão soltos e despenteados, e ela usa um pijama de ursinhos brancos e rosas, uma espécie de panda mutante. Para ela estar acordada tão cedo é bem provável que ela tenha algum ensaio de ballet, esporte que ela faz desde pequena.
— Quem te deu permissão para entrar em meu quarto? — Indago — Você podia ter gritado da porta, mal-educada.
— Olha só quem fala — Ela se pendura na maçaneta da porta branca.
Pego a escova de cabelo em minhas mãos e jogo em sua direção, que desvia fazendo uma careta para mim e saí correndo para o andar de baixo.
Provavelmente minha tia contou sobre o que aconteceu ontem com aquela menina, Lima, a garota do café.
Eu sinceramente achava que trabalhar preparando bebidas em uma livraria era a pior coisa que podia acontecer, mas pelo jeito o universo não gosta muito de mim.
Aquela garota, conseguiu me tirar do sério. Não sou a pessoa mais paciente do mundo, mas eu não agiria daquele jeito no meu primeiro dia de trabalho, não importa o quanto eu o odeie.
Mas caramba, ela não sabe olhar para a frente? Tipo, é literalmente só levantar a cabeça.
E agora eu vou ter que gastar o meu salário que já é uma merreca com ela, comprando uma blusa para ela, que com a desatenção dela, ela manchou.
Desço as escadas e vou até a sala de jantar onde minha família está reunida ao redor da mesa do café e me junto a eles.
— Bom dia, Rique — Minha mãe diz — Dormiu bem? — Ela pergunta enquanto serve um copo de suco de laranja para mim.
Quando abro a boca para responder, meu pai entra na frente.
— Ele deve ter dormido muito bem, amor, depois do desastre que ele causou ontem — Ele diz me fuzilando com seus olhos escuros. — Quer contar para ela o que você fez, Henrique?
Engulo em seco incapaz de responder qualquer coisa apenas desviando os olhos para o teto, onde um lustre cinza está posicionado.
— Ele contou para você que ele derrubou café em uma das clientes? E ainda por cima não aceitou pagar a roupa dela? — Ele passa as mãos pelo cabelo loiro ralo — Você é inacreditável.
Minha mãe demonstra uma expressão de choque em seu rosto, quase se engasgando com a torrada que mastigava enquanto minha irmã me olha como se pensasse "Henrique, você não podia ter se esforçado um pouco mais?", aquela menina as vezes parece velha demais para treze anos.
— Eu nunca pedi para trabalhar lá. — Respondo, o que de maneira nenhuma é uma mentira.
Quando seu pai tem um escritório de advocacia, e você cursa direito, diz que você precisa trabalhar. Você automaticamente espera que seja lá e não em uma livraria, que não tem nada a ver com sua faculdade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Livros, Café e Amor ˡᶦᵛʳᵒ ᵘᵐ - ⁿᵒᵛᵃ ᵐᵒʳᵃᵈᵃ
RomanceEm meio ao interior, Lana é uma jovem que segue uma rotina fiel, frequentando uma livraria há quase duas décadas, envolta em um mundo magico onde ela acha conforto nos livros. Mas quando uma mudança ocorre, obrigando a contratação de novos funcionár...