CAPÍTULO I
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O COMEÇO
— Sr. Park, Sr. Park! Aqui, aqui, Sr. Park!
Ao acordar naquele dia vinte de outubro de 1998, como se estivesse perdido no tempo, os olhos opacos pareciam se mover em desiquilibro quando às nove e dezessete, o homem confere o horário no relógio em tamanho real da Igreja Católica, de frente para o auditório público, onde aconteceria o que estavam atrasando durante quatro semanas seguidas.
O clima em Malteza é triste e gelado. O céu estava escuro e o lugar onde havia vida, era apenas melancolia. Era como se a cidade estivesse em luto eterno por presenciarem o ato do ano, senão, do século.
Aqui, próximo aos portões de vidro fumegante, enfileirado em linha reta com outros idiotas, não pude deixar de notar os semblantes desesperados dos jornalistas e policiais incansavelmente irritantes, tentando aos poucos chamar a atenção da figura acompanhada por dezenas de guarda costas de grande porte. O seu nome era gritado em alto e bom som, cheio de ironia e desgosto pelo público que um dia jurou amá-lo, independente do destino traçado que lhe acorrentaria a partir de hoje — e daqui um tempo.
Ele não usava joias, nem roupas de marca. A única vestimenta que o prendia ao passado devoto de dinheiro e sucesso é a echarpe carmesim de um xadrez recheado de cores vibrantes; um presente herdado de seu falecido marido e o motivo de estar sendo levado ao que seria uma rebelião televisionada para o país inteiro.
Acima de seus fios esbranquiçados e secos, apenas a ventania do helicóptero sobrevoando a cidade era visível, monitorando com profissionalismo os passos que o guiavam cuidadosamente até a portaria principal. Ali dentro, Park Jimin delataria abertamente sobre tudo o que aconteceu desde mil novecentos e oitenta e sete.
Onze anos desde a morte de Jeon Owen Jungkook, o primeiro ator assumido de toda América e o seu ex-marido, o homem ao qual assassinou, naquele ano, em Malteza.
Naquela época, a cinematografia estava um caos.
Lembro-me de estar tomando um chá importado na cafeteria Back's, próximo à sede da emissora central, quando foi linchado nas telas com uma foto preto e branco de seu rosto enfestado por lágrimas grossas, no fim do funeral, ao lado de atores, cantores, amigos e familiares próximos de Jeon. Os flashes não pouparam o seu sofrimento e ele parecia estar furioso ao afastar as câmeras e paparazzis que tentavam invadir o sepultamento. Afinal, não poderia ter privacidade enquanto tentava a todo custo superar o luto do amor de sua vida?
Na verdade, o mundo parou. Nas ruas, centenas de milhares de fãs lhe esperavam na entrada do hotel em que estava hospedado para lamentar com ele a perda durante algumas horas, com cartazes e benções religiosas. Entretanto, no mesmo dia, passaram a repudia-lo ao perceber que Park Jimin estava mais preocupado em viver sua vida agora a sós do que esbanjar reciprocidade; sumir misteriosamente do hotel - porque não havia mais movimentações em seu quarto para que pudessem vangloriar nas ruas -, parecia ser uma alternativa melhor do que agradecer o mínimo de apoio que estava tendo no período mais trágico de sua carreira.
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Como Eu Matei o Meu Marido • jjk + pjm.
Fiksi Penggemar[EM ANDAMENTO] O ator Jeon Owen Jungkook, conhecido como "O garoto de ouro", foi encontrado morto em Malteza pelo seu companheiro Park Jimin, um dos atores mais bem-sucedidos de Hollywood. De um lado, a indústria quer destruir sua carreira; do out...