-𝐌𝐘 𝐇𝐎𝐑𝐑𝐎𝐑 𝐆𝐀𝐌𝐄-

"Poor Rubi..."

Muitas pessoas devem achar que eu fiquei triste naquele momento e que desatei a chorar, mas na verdade eu fiquei paralisada. Nunca na minha vida eu tinha duvidado disso.

Acho que meus "pais" teriam de me contar antes de partir... por isso que eu não tinha nenhuma parecença com os dois. Mas eu era criança, não sabia das coisas mas agora, tudo faz sentido.

Eu nem sei quem são meus pais biológicos, mas também não quero saber. Eles me abandonaram. Me decepcionaram.

Eu tenho vergonha da vida que levo, uma criança feliz e anti-social se tornou uma adolescente triste e com a vida arruinada. Quem souber da minha vida, me acha uma completa trouxa. Primeiro que eu confiei em pessoas que me prometeram ser cantores comigo e agora... agora tenho três mães.

Se eu pudesse escolher, com certeza escolheria Simone. Sempre ouvi dizer que mãe é quem cuida. Eu prefiro ela do que alguém que me adotou, me mentia e me desprezava não acreditando no meu sonho ou alguém que me colocou no mundo mas me entregou para outra pessoa sem nem querer cuidar de mim.

O garoto novo parecia ser bem rico, isso me dá a entender que eles não gostavam de mim! Eles tinham possibilidades de ficar comigo e cuidar de mim!

Eu quero mesmo não acreditar no que Lola estava dizendo, ela viaja muito com os seus pensamentos mas, seria demasiada coincidência!

Eu também não a posso culpar do seu jeito. Fiquei um pouco magoada da forma que ela falou que eu era adotada, ela tem a vida normal, só precisa de pessoas melhores para a ensinar a ter mais "modos" vamos assim dizer.

Ser adotada não é nada ruim, muito pelo contrário! Quem te adotou teve a carência te de escolher para poder ter uma família mas quem me adotou me desprezava um pouco. Ela falava que seria um pouco impossível de eu me tornar cantora nos dias de hoje. Bom, ela tinha razão.

-"Olha Lola eu, vou pra casa"- afirmei serena mas também sem animação nenhuma em meu olhar. Peguei minha mochila novamente e me levantei.

-"vem cá "- pediu Lola agora estando de pé. Ela abriu os braços e me abraçou, me abraçou como se não houvesse o amanhã. Abraçei-a de volta. Eu sei que ela também tem a vida difícil, não tanto como a minha mas ela também precisava de um abraço forte e carinhoso.

-"vai pra aula"- pedi enquanto me afastava do abraço segurando o choro.

Ela não respondeu, sorriu para mim, pegou sua mochila e foi em direção a escola só espero que ela se consiga se dar bem sem mim....

Caminhava até casa que não era muito longe mas com a minha vontade, estava parecendo uma eternidade.

Eu posso estar fazendo uma tempestade num copo de água, mas eu acho que eu estava precisando de um dia de descanso.

Cheguei em casa. Tirei meu ténis na entrada e joguei minha mochila no sofá. Não avistei ninguém, só conseguia ouvir a melodia que as guitarras fazem. Aquele som estava vindo do "studio" dos meninos, eu ja não entro lá faz muito tempo, não quer relembrar as memórias que tínhamos enquanto ensaiávamos.