- 𝐆𝐮𝐚𝐫𝐝𝐢𝐚𝐧 -

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- O que você tá fazendo?

- Que?

- Por que você ainda está aqui? Eu já aceitei o seu acordo idiota, agora você pode voltar pra sua caverna escura ou seja lá onde você vive. - Disse enquanto saía do meu quarto. Desci as escadas, em direção a cozinha. Eu morava com a minha avó mas ela parecia nunca estar contente com isso. Ao entrar na cozinha, a presença dela imediatamente chamou minha atenção. Sentada em frente à sua velha TV. Com cuidado para não interromper seu momento de paz, silenciosamente fui até o armário em busca de um lanche. Agarrei uma caixa de cereal e ao me virar novamente, eu congelei.

Ele estava lá, bem ao lado de minha avó e ele estava... Olhando para a TV? Enquanto minha mente lutava para entender a cena diante de mim a voz dele me assustou ainda mais quando ele falou. - Vocês humanos realmente gostam dessa porcaria? - Ele murmurou, apontando para a tela da TV. Suas palavras pairaram no ar, parecendo surrealistas enquanto meu cérebro lutava para processar o que eu estava vendo.

- O que foi, garota? Vai ficar parada me encarando até quando? - Minha avó diz.

Quando abro a boca para falar, sou interrompida por ele. - Ela não pode me ver, nem ouvir. A menos que eu queira, claro.

Volto meus olhos para minha avó, que parecia furiosa. - Nada. Não é nada vó, eu me confundi.

- Então cale a boca e vá trabalhar, não me atrapalhe mais. - Ela diz antes de voltar para sua atenção para a TV.

Enquanto subo as escadas em direção ao meu quarto, quando chego ao topo e sigo pelo corredor. Eu posso ouvir os passos pesados dele me atrás de mim. Quando chego à porta do meu quarto, giro a maçaneta e abro a porta, entrando e fechando-a atrás de mim.

No entanto, a voz dele corta o silêncio, ecoando pelo corredor. - Ei! - Ele reclama, parecendo um pouco irritado.
- Por que você me deixou aqui fora? Sabe que posso passar por essa porta facilmente, não é? - Não posso deixar de rir do quão absurdo esse dia está se tornando.

- Mas você não vai fazer isso. - Retruquei.

- Ah é!? E por que não?

- Porque é falta de educação entrar no quarto de uma moça sem autorização, sabia? - Digo enquanto coloco meu uniforme de trabalho e respiro fundo, me preparando para mais um dia difícil. Então, com um ajuste final da minha gravata, alcanço a maçaneta e abro a porta.

Minha respiração fica presa na garganta quando coloco os olhos naquele homem. Ele está parado do lado de fora da minha porta, tão alto, com seus longos cabelos negros e olhos negros que parecem me atrair. Havia algo atraente e ameaçador nele, como se ele pudesse conseguir qualquer coisa apenas com sua presença. Posso dizer só pelo olhar dele que ele sabe que tem a vantagem, ele sabe o efeito que causa sobre mim. Sinto-me atraída por ele, incapaz de resistir à atração de sua presença sombria.

- Onde você está indo? Hoje não é sábado?- ele perguntou.

- Sim, hoje é sábado. - Eu disse com um sorriso. - Mas eu trabalho mesmo assim. Então tchau, tchau. - Desci as escadas, indo até a porta da frente e saindo. Enquanto passava pelo gramado, olhei para trás vendo ele me observar da porta. Acenei para ele enquanto subia na minha bicicleta.

Quando cheguei à porta da frente a cafeteria já estava fervilhando de atividade, pessoas lutando por assentos e fazendo fila para pegar seus pedidos no balcão. Quando olhei ao redor meu coração disparou. Ele estava lá. Ele estava sentado em uma das mesas, suas feições angulosas destacadas pelo sol da tarde que entrava pelas grandes janelas da cafeteria. - Finalmente você chegou. - Ele disse com um sorriso sarcástico, seus olhos brilhando maliciosamente.

- Como você... Como você fez isso? - Consegui balbuciar, meus olhos arregalados de espanto. - Como você chegou aqui?

Ele riu, seus olhos brilhando com diversão. - Digamos que sou um mestre do tempo e do espaço. - Ele disse ironicamente, piscando para mim. Balancei a cabeça, ainda tentando processar o absurdo dessa situação. Ele parece sempre cheio de surpresas, ultrapassando os limites do que era possível.

Com um sorriso irônico, ele me chamou para sua mesa, e eu relutantemente fiz meu caminho, ainda tentando entender o fato de que de alguma forma ele havia chegado antes de mim. Aproximei-me da mesa onde ele estava sentado, mas em vez de me sentar ao lado dele, fiquei sem jeito, não querendo chamar a atenção dos outros clientes do café. - O que você está fazendo aqui? - Eu sussurrei, tentando manter minha voz baixa o suficiente para não chamar atenção.

Ele riu baixinho, o som era estranhamente caloroso e calmante. - Cuidando de você. - ele sussurrou de volta, como se estivesse lendo meus pensamentos. Senti um rubor subir pelo meu rosto com a resposta dele, mas tentei não demonstrar.

- Eu não preciso que você cuide de mim. - Eu disse bufando, tentando parecer indiferente. - Vá embora! - acrescentei, girando nos calcanhares e me afastando de sua mesa, em direção ao balcão onde eu trabalhava como caixa. Quando comecei atender os clientes, me sentia observada. Eu me virei para vê-lo sentado ali, com um sorriso malicioso no rosto.

- Você sabe que não pode se livrar de mim tão facilmente. - Disse ele, sua voz baixa e retumbante como um gato ronronando. Revirei os olhos, não querendo dar a ele a satisfação de me ver contorcer.

Terminei de atender outro cliente, minha mente vagando enquanto tentava me convencer que eu não estava louca. Para mim, talvez ele fosse uma invenção da minha imaginação ou realmente a morte, mas independente do que fosse, a única coisa que eu sabia era que apenas eu poderia vê-lo. Só que agora parecia que todos no refeitório estavam olhando para ele, como se também pudessem vê-lo.

Ele ainda estava sentado lá, alto e majestoso, com seus longos cabelos negros e profundos olhos escuros que pareciam perfurar minha alma. Suas roupas escuras o faziam parecer ainda mais intimidador, e não pude deixar de sentir uma pontada de medo enquanto ele continuava a me observar com aqueles olhos negros.

Enquanto tentava entender o que estava acontecendo, notei que ele não tirava os olhos de mim nem por um segundo. Era como se ele esperasse que eu fizesse um movimento. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Todos no refeitório o admiravam, e agora até um atendente da cafeteria foi até sua mesa para conversar com ele. Enquanto a garçonete falava com ele, ele tirou os olhos de mim por um momento para responder. Ele era quieto e gracioso, a personificação da elegância e do poder. E, no entanto, ele estava sentado ali, conversando com um completo estranho.

Enquanto o observava, percebi que não era apenas sua beleza que atraía a atenção de todos. Era a maneira como ele se comportava, o ar de mistério e poder que o cercava. Era como se ele fosse um ímã, atraindo todos para ele com sua simples presença. Ele era como o céu noturno, escuro e misterioso, mas também cheio de um milhão de estrelas que brilhavam com uma beleza infinita.

Enquanto a garçonete se afastava de sua mesa, seus olhos me encontraram novamente e eu me peguei prendendo a respiração. Aqueles olhos negros, tão escuros e profundos quanto o oceano, pareciam penetrar diretamente em minha alma. Mas então, para minha surpresa, ele sorriu. Ele estava claramente se divertindo com a minha confusão. Ele está brincando comigo.

...

Death Touch - Bill Kaulitz Onde histórias criam vida. Descubra agora