Capítulo 5 - O orfanato

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Logo depois de entrar, senti aquela energia animada de crianças.

Uma criança segurando umas três caixas apareceu no corredor à frente e logo percebeu a gente, ela ficou surpresa e animada.

— Senhor Alex! Quanto tempo! Eu pensei que nunca mais iria nos visitar! — disse a menina loira e vestida com um uniforme feminino.

— Eu passei por alguns problemas no trabalho e não tive tempo para vir até aqui, o meu horário também foi mudado, chego mais tarde em casa, também tem os problemas do senhor Rick, ele aparentemente não parece nada feliz com algumas coisas que estão rolando nos banheiros masculinos, se é que você me entende.

Me senti meio confuso com as últimas frases, acho que meu intelecto não está tão elevado o suficiente.

— Eu entendo a situação, é bem nojento, o Rick parece estar furioso com os responsáveis por fazer essas coisas. — Ela dá uma risadinha no final e logo se vira de costas para recuar do senhor Alex.

— Tenho que organizar essas coisas aqui, melhor esperar na sala do Rick, ele não chegou ainda de seu "descanso" — disse ela se retirando do local.

O Alex me levou para uma sala onde me lembrava de sala de diretor e logo disse depois de se sentar em uma cadeira.

— Ela é uma das melhores alunas aqui desse orfanato, aqui eles educam as crianças também.

— Ela parecia te conhecer bastante.

— Muita gente desse orfanato me conhece, costumo vir aqui quase todas as semanas.

Que estranho e amável, deve ser desse amor que ele tirou coragem para cuidar de um desconhecido todo capengo, imundo, sujo, nu, fedorento, esquecido, estranho, sem vida, Dumbo e muito mais que ele achou no meio da rua.

Esperei pacientemente por algo acontecer até que depois de alguns minutos a porta se abre e um homem de óculos aparece, ele usava uma roupa formal ou quase isso.

— De onde você tirou está criança? — perguntou o homem enquanto se sentava na cadeira.

— Não me diga que foi imprudente novamente e deixou mais uma criança passar a noite na sua casa?!

— Bem... Er... Foi isso mesmo. — ele admite olhando para o lado.

Aparentemente não é a primeira vez que ele cuida de alguma criança, deve ser por isso que ele tem mais de um colchão.

— Enfim, eu vou poupar o seu precioso tempo e preencher a papelada por conta própria, tudo bem? Eu vou chamar uma pessoa para apresentar o local e todo o resto.

Alex se inclina para cochichar no ouvido de Rick.

— Não pode ser alguém capacitado? Ele é meio insensível às vezes e também estou suspeitando de ser tímido.

— Tudo bem, vou procurar alguém assim apenas para este pobre menino... — sua frase soou meio irônica.

Fico um pouco preocupado e curioso sobre o que Alex disse a ele, mas não posso fazer nada.

Espero não ter comentado nada sobre mim, eu espero.

— Enfim, esperem aqui até um garoto chamar por você. — Ele sai da sala, deixando apenas eu e o senhor Alex lá.

— Então, está ansioso para conhecer o local e fazer novas amizades?

— Acho que não tem como não ficar meio ansioso.

— É, você tem um ponto. Não, espera, tem sim, se a pessoa não gostar de fazer amigos ela pode não ficar ansiosa.

— É... — Ouço ele estranhando seu jeito de se comunicar com crianças.

Sinto que já vivi bastante.

Que estranho... Sinto que já estive aqui...

Agora estou me perguntando, quantos anos eu tenho? Eu apareci aqui neste mundo do nada, estava consciente e tinha algumas informações na minha cabeça, mas não parei para pensar quantos anos esse corpo deveria ter. Eu nunca nem vivi a vida desse corpo, se é que esse corpo viveu algo.

Eu estou pensando outra vez, saco! Daqui a pouco vou estar imaginando coisas de tantas perguntas. Mas é verdade, eu ainda tenho muitas perguntas para serem respondidas, então essa vai ser minha meta!

Alguém abriu a porta da sala.

— Olá senhores, estou aqui a pedido do senhor Rick, vim apresentar todo o local a este   novo garoto.

— Entendi. Bem! Então é melhor você ir — ele falou com os olhos fixos em mim, é difícil distinguir se seu sorriso gentil é falso ou não, mas acho que não.

Eu já estava de pé, então só tive o trabalho de acompanhar aquele pequeno menino.

— Vamos.

Saímos da sala e o senhor Alex estava acenando para mim.

— Aqui são as salas de aulas.

— Tá!

— Aqui são os quartos e aqui é o seu novo quarto — Ele abre a porta e revela o lado interno daquele quarto onde se encontrava um menino.

— Ah! Lucas! Que saudade! Você nunca mais veio me visitar aqui no meu quarto, ei! Espera! Calma! — essas foram as últimas palavras daquele menino antes do Lucas ter fechado a porta na cara dele.

Aqui parece bem agitado, mas fico preocupado, Lucas tem uma forma de se comunicar meio formal e isso pode ser resultado daquelas regras que Alex disse serem rígidas.

— Vamos indo. — disse ele já saindo daquele local.

— Ah! Sim!...

— Aqui é a biblioteca e aqui são os banheiros. Há cada banheiro pelo orfanato, então não precisa se preocupar muito em relação à distância dos banheiros.

Ele parece conhecer muito sobre esse orfanato. Deve ter chances de haver uma anarquia de quem é melhor em alguma coisa.

Lucas me mostrou o resto do lugar.

Aqui é bem grande e completo, o Rick administra todo esse lugar e assim me faz pensar em como ele fez um ótimo trabalbo.

Depois que aquele garoto me mostrou todo o local, fui para meu novo quarto e lá havia um colega de quarto...

— Ah, é você de novo. — aquele mesmo garoto estranho disse enquanto olhava para mim.

— Você é aquele novo órfão daqui né? Prazer em te conhecer, meu nome é Hunter. — ele se levanta de sua cama e caminha até mim para fazer um aperto de mãos.

— Ola, Hunter...

— Você parece nervoso, não precisa se preocupar com nada, eu posso ser seu amigo! — Ele se diz bem confiante.

— Entendi...

— Logo ali está a sua cama, melhor descansar um pouco e esperar seu uniforme que, provavelmente, o Lucas irá trazer.

— Hm...

Deito na cama aconchegante. Que mudança repentina, isso me assusta.

Estou sem sono agora...

Talvez eu devesse fazer algo...

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