RAIKA BERNARDES 8

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Encarei a tela do computador me sentindo frustrada ao extremo, Joshua não tinha antecedentes criminais, nada que o colocasse no radar da polícia.

Não falei nada para Arthur e Gabriel sobre o que tinha acontecido, mantive os fatos em silêncio. Depois que descobri que estavam vivos e que nada de estranho havia acontecido, cheguei à conclusão de que fui uma vitima ao acaso, que não tinha ligação nenhuma com a investiga- ção que estávamos procedendo. Também tinha o fato de que eu fazia questão de culpar Joshua pelo que tinha feito, mas me sentia ressentida diante das palavras de Killiam.

"O problema já foi resolvido" Mas no que consistia essa resolução?

Algo muito estranho estava acontecendo e não saber o que era me deixava estressada.

Quem era Killiam, afinal? E por que eu o desejava na mesma medida em que o queria bem longe de mim? Certo, eu tinha vontade de transar com ele, meu interesse era puramente sexual, mas... ignorar meus instintos perto dele não me parecia uma boa ideia, mesmo que ele tenha salvado a minha vida.

- Daqui a pouco vai começar a sair fumaça da sua cabeça se continuar pensando demais - comentou Arthur, apontando para cima e fazendo menção da fumaça inexistente.

Bufei, escorando-me contra o encosto esto-

fado da cadeira, tentando relaxar.

- Entramos na terceira semana e até agora não conseguimos nada, nosso prazo está prestes a estourar- falei, contando uma parte do que estava me deixando frustrada.

A investigação foi de um sucesso a um fracasso em questão de uma semana, em um dia estávamos comemorando as apreensões; no outro, estávamos frustrados por ter voltado para a estaca zero.

Gabriel entrou na sala e parou de caminhar, dando um passo para trás, analisando-nos com a testa franzida.

O que está acontecendo? - perguntou, se aproximando com uma lentidão exagerada.

Arthur apontou com a cabeça em minha

direção.

Nossa colega aqui está tendo uma crise existencial - brincou, batendo uma caneta na ponta da mesa.

Bufei.

- E vocês não estão? Eu ainda não me sinto pronta para arquivar essa investigação e seguir para outra confessei.

Embora eu devesse preferir que a investigação não fosse para frente, assim nos tiraria da mira dos mafiosos e traficantes, eu tinha um impulso homicida, e estava muito feliz em mexer com gente grande e poderosa se isso significasse fazer justiça.

- Acho que Heitor vai nos dar uma segunda chance - argumentou Arthur, gesticulando com as mãos, se fosse uma operação menor ou menos importante, já teria nos mandado parar e seguir para outra.

- Eu acho a mesma coisa - concordou Gabriel, abrindo a gaveta da mesa e retirando um pacote de salgadinho -, Heitor sabe que não estamos lidando com gente pequena e que precisamos de mais tempo para encontrar uma direção e captar novas provas.

Não era uma operação fácil ou pequena, isso era um fato, disseminar e desmantelar uma quadrilha levava muito tempo, dedicação e foco. Além do mais, colocava nossas cabeças na reta, qualquer passo em falso, qualquer ato impensado, poderíamos ser mortos em um piscar de olhos. Quando começávamos uma operação dessa magnitude, segurança era a última coisa que tínhamos durante todo o processo.

- Espero que vocês estejam certos... falei, escorando a cabeça no encosto da cadeira e fechando os olhos.

O final de semana que Arthur havia programado para relaxar tinha funcionado somente para ele e Gabriel, eu continuava tensa demais, sentia os meus músculos retesados e meus ombros doloridos. Diferente deles, minha noite tinha sido de completo terror e não de inteiro prazer.

sob a mira do mafioso ( NA AMAZON)Onde histórias criam vida. Descubra agora