molinha.

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Mas quero ficar
Nesse teu olhar
Eu vi um oceano
E você sabe
Que eu sou um rio
A caminho do mar

Lua 🌊

- Ta pronto pra ir? - Soltei, amarrando a prancha no teto de carro.

- Mais do que nunca. – Segurei o riso, imaginando que ele fosse arregar, mas o bichão tava firme na ideia de surfar.

Ensinei todo o passo a passo simples pra ele na areia, que prestava atenção em tudo.

- Ta, a teoria você já pegou, remar não vai ser difícil já que tu tem força no braço, agora vamos pra parte de ficar em pé. Segue nessa mesma posição, sentiu a onda se formar, fica em posição tipo de flexão, um braço do lado do outro, e levanta da forma que se sentir mais seguro, mas sempre com um pé na frente e outra atrás. – Ele levantou rápido. – Boa...

- Não foi errado?

- Não tem jeito errado, sempre da forma que se sentir seguro, mental é o primeiro passo pro equilíbrio, da mesma forma que ensinou pro Davi a ter segurança com a bola. O segundo passo é o seu corpo. Corpo sempre reto e de lado. – Ajustei sua postura. – E braços abertos. O da frente é quem vai te guiar, o de trás, terceiro passo pra ter o equilíbrio perfeito. E por ultimo, joelhos flexionados.

- Eu sem lembrar o que comi dez minutos atrás, Lua. – Gargalhei. Infelizmente eu que não foi.

- Parece difícil, mas são movimentos que seu corpo vai fazer sozinho por instinto, confia. Quer treinar essas posições de novo?

- Quero. – Treinamos algumas vezes, até ele se sentir seguro pra entrar. Amarrei a prancha no pé dele e fui o orientando a remar.

- Ta tudo bem? – Perguntei assim que passamos a parte onde as ondas menores quebravam.

- Não, tô sentindo que vou cagar aqui na sua frente a qualquer momento. – Gargalhei.

- Quer voltar?
- Não, quero ir. Só com medo mesmo, mas quero tentar.

- Gabe, você pegou tudo super fácil, assim como tu deu o exemplo da bola, o mar é seu amigo, não tendo medo dele, tudo dá certo. A maré ta fraquinha hoje, o máximo que vai acontecer é tu cair e ainda não vai estar tão fundo. E o principal, tô aqui, não vou deixar nada acontecer com você. – Ele deu um sorrisinho, beijando minha mão.

- Ta, bora. – Respirou fundo e eu ri, beijando sua mão de volta.

- Confio em você. Na próxima, tu vai tá? – Ele assentiu rapidamente e eu fiquei observando a movimentação do mar. Assim que ele subiu, ajeitei sua prancha e a soltei, enquanto ele ia com a onda, mas foi de barriga até ela quebrar.

- Fiquei com medo, fui moleque, foi mal. – Ri, enquanto ele voltava andando com ela.

- Ta tudo bem, a gente vai tentando até tu se sentir confiante. – Ele voltou pra mesma posição e após algumas tentativas, ele começou a se sentir seguro pra levantar, mas se equilibrava pouco.

Até que em uma onda um pouco mais forte, levantou e foi de pé até ela findar, saltando da prancha animado, me olhando, enquanto eu comemorava.

- Fala baixo Medina! – Gargalhei.

- O Gabriel agora é outro. – Ele riu, se aproximando. – Vai de novo?

- Quero, mas também queria te ver. É toda sua. – Me entregou a prancha e eu nem exitei, estava seca vendo cada onda grande que se formava lá atrás.
Fomos pra areia apenas pra amarrar a prancha no meu pé e eu entrei animada, sentindo meu corpo arrepiar a cada remada que eu dava.

Planos || Gabigol Onde histórias criam vida. Descubra agora