02
No dia combinado, Antoine chegou ao local meia hora antes, tal era o nível de ansiedade que o dominava. Enquanto o novo amigo de Portugal, Afonso, não chegava, ele pediu um suco de amora e se acomodou em uma das mesas ao ar livre. Ficou observando a movimentação dos transeuntes, todos empolgados com as festividades do feriado. Tudo estava enfeitado com as cores da bandeira francesa, e aquela agitação era contagiante.
A espera estava começando a deixá-lo impaciente. Ele ansiava pelo encontro com Afonso, mas o tempo parecia passar devagar. De repente, um rosto familiar apareceu entre a multidão.
— Louis Antoine? — alguém chamou.
O rapaz levantou os olhos e viu um de seus amigos da universidade. Sentiu uma certa frustração por não ser Afonso, mas decidiu cumprimentar o conhecido e torcer para que a conversa fosse breve.
— Maurice! Como vai? — respondeu Antoine com um sorriso forçado.
Maurice explicou que estava indo para a avenida Champs-Élysées para assistir aos desfiles com seus amigos, e perguntou o que o colega estava fazendo ali. Antoine respirou fundo, tentando encontrar uma resposta que não revelasse muito.
— Estou só admirando a movimentação... Não sei ainda o que vou fazer. — disse, mantendo as respostas curtas.
Esperava que Maurice fosse embora logo, pois a presença do amigo poderia complicar seu encontro com Afonso. Maurice, no entanto, convidou-o para se juntar a eles e mencionou que Marie estaria lá.
— Mais tarde então me encontro com vocês. Mande meu olá para ela, sim? — respondeu Antoine, aliviado quando Maurice finalmente se afastou, perdendo-se na multidão.
Com Maurice fora de vista, Antoine suspirou e deu um gole em seu suco. O tempo ia passando e o atraso do português estava começando a preocupá-lo. Uma hora depois, ele decidiu pagar a conta e se juntar aos amigos para assistir aos desfiles, mesmo que sua mente ainda estivesse ansiosa pensando em Afonso.
Naquele horário, a movimentação na avenida já estava no seu auge. Os desfiles, que haviam iniciado na parte da manhã, estavam empolgando tanto os turistas quanto o povo francês. Antoine teve uma certa dificuldade para atravessar a aglomeração e foi nesse momento que sentiu uma mão sobre seu braço, puxando-o para trás. Se preparou para repreender o desconhecido quando se virou, mas ficou imediatamente surpreso e feliz ao ver que era Afonso, sorrindo para ele.
— Louis? — disse Afonso.
— Afonso, meu amigo luso! — exclamou Antoine com um sorriso genuíno.
No meio daquela multidão alegre, os dois jovens se encontraram, trocando sorrisos e compartilhando um momento especial. Afonso se desculpou pelo atraso, e Antoine não pôde deixar de sorrir em resposta.
— Achei que não virias mais! — admitiu Antoine.
— Eu simplesmente me perdi neste mar de gente! — explicou Afonso.
Antoine sentia a presença de Afonso próxima a ele, a agitação ao redor desapareceu quando seus olhos se encontraram. A tensão de antes havia se dissipado.
— Devo cumprimentá-lo pelo dia de hoje? — perguntou Antoine, com voz suave e carregada de emoção.
— Só se você quiser... — respondeu Afonso, olhando-o nos olhos.
Eles estavam ali, no meio daquela multidão barulhenta, mas pareciam estar em um mundo à parte. Sentiam a proximidade um do outro quando alguém ali perto se agitou, esbarrando em Antoine, fazendo-o perder o equilíbrio momentaneamente e apoiar-se no peito de Afonso.
— Opa! Desculpe, Afonso... — murmurou, envergonhado.
— Gostei do seu perfume.
Louis Antoine ergueu os olhos para ele, surpreendentemente feliz.
— Ah, é? É o L'Immensité, da Louis Vuitton, conhece?
— Vejo que tens bom gosto. Vou sempre me lembrar de você quando sentir essa fragrância. Vamos sair daqui? — sugeriu Afonso, segurando delicadamente o cotovelo de Antoine.
Os dois se afastaram da multidão agitada. Foram em direção ao Cafe Le Petit, onde originalmente planejaram se encontrar, finalmente encontrando um pouco de tranquilidade. Sentaram-se e Antoine pediu um vinho tinto para ambos.
— Tenho certeza que você irá gostar desse vinho! — disse Antoine, todo entusiasmado.
Ali, naquele café, com as bandeirinhas azuis e vermelhas ao fundo, e uma taça de vinho em mãos, Louis Antoine e Afonso mergulharam em uma conversa descontraída, aproveitando cada momento daquele encontro que finalmente se concretizara. Suas vozes e risos preenchiam o espaço, mesclando-se ao alvoroço das festividades. O mundo ao redor deles parecia ter desaparecido, deixando apenas o início de um sentimento recíproco no ar. Era o começo de uma história que prometia ser inesquecível, ao som de Longue vie à la France!.
(1124 palavras)
NOTA:Quartier Marais: Bairro Pântano
Champs Élysées: Campos Elísios
L'Immensité: A imensidão. *É um perfume masculino da marca Louis Vuitton com notas almiscaradas.
Café Le Petit: Café O Pequeno.
VOCÊ ESTÁ LENDO
QUE SEJA ETERNO O NOSSO AMOR
Historia Corta🎖️Menção de Honra, Escritor Engajado, Leitor Engajado e Favorito dos Fãs no Language Awards 2023, organizado pelo perfil oficial @WattpadContosLP 🥈 Segundo lugar no concurso Different Blue 4° edição. Categoria Romance 🥉 Terceiro lugar no concurs...