Epílogo

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ANY G

O caso do Ceifador foi arquivado no Texas pelo que eu pesquisei sobre as notícias de lá. Fomos oficialmente dados como mortos e aquilo teve um ponto final. Ninguém mais estaria investigando e isso era ótimo. Nossas vidas estavam finalmente nos eixos.

Savannah Wilson foi encontrada morta em sua casa na noite do dia em que resolveu ir me confrontar em casa. Ela havia se enforcado com uma das cortinas da casa e deixou uma carta de suicídio onde revelava ser uma pessoa depressiva e cheia de questões com si própria. Todos engoliram aquilo porque ninguém gostava dela, mas eu achei estranho demais. Eu era psiquiatra e mesmo sabendo que a depressão não tinha um rosto, era possível identificar o comportamento de uma pessoa que sofria disso e eu jamais notei nada em Savannah.

Apesar disso, resolvi não me estressar com aquilo e apenas deixar para lá. Eu não gostava dela, então antes morta do que no meu caminho. Pelo menos não fui eu a precisar fazer isso. Eu definitivamente havia decidido deixar as resoluções dos meus problemas para o meu marido. Ele era muito melhor nisso do que eu. Meu trabalho seria apenas criar as melhores histórias para encobrir coisas inexplicáveis porque de fato eu sabia mentir muito bem.

Algum tempo se passou e nós ficamos ainda mais amigos dos Beauchamp. Heyoon era gentil e divertida, eu gostava da energia dela. Noah também tinha uma boa relação com o marido dela, ele realmente apreciava ter um amigo, o que não era muito comum a ele antes. Creio que estávamos nos encaixando mais do que imaginávamos.

Era uma manhã de domingo e nós estávamos em um churrasco no quintal dos Beauchamp. Muitas pessoas estavam ali e o clima era agradável. No momento, ríamos de uma das histórias de Bob, o cara que morava com sua esposa Louise no fim da rua. Ele era o típico piadista do grupo, mas eu tinha leves suspeitas de que ele tinha um problema com bebida. Suas histórias sempre começavam com "numa noite eu estava tão bêbado que..." ou "eu acordei ao lado de um rato e..." Mas com certeza o álcool o deixava mais divertido, então que se dane seu fígado.

— ...E aí eu caí debaixo da saia daquela senhora. — ele terminou a história e todos começaram a rir alto. — Foi a pior visão que tive na vida. — riu também.

— Alguém quer mais carne? — Noah se aproximou com uma nova remessa de carne.

Todos comemoraram e começaram a encher seus pratos.

— Ah, merda! — Heyoon levantou resmungando após seu filho golfar em sua blusa. — Noah, você pode... — ela nem terminou de pedir e largou o menino nos braços dele.

Meu marido olhou para David e o segurou no ar como se estivesse lidando com alguma bomba prestes a explodir.

— Ok, eu só espero agora? — ele perguntou fazendo todos da mesa rirem.

— Nunca segurou um bebê antes? — Corbyn, nosso outro vizinho, perguntou.

— Na verdade não. — continuou parado com o bebê erguido.

— É fácil, querido. — fiquei de pé e o ajudei a segurar o menino direito. — Só deixar ele sentar no seu braço e depois apoiar a mão nas costas dele. Pronto. — sorri.

— É. Isso é fácil. — sorriu de canto.

O menino agarrou o nariz de Noah e riu quando meu marido franziu a testa. Eu ri também e então Noah olhou para mim sorrindo de um jeito desconcertante. Era fofo e ele não costumava parecer fofo, só sexy ou formal na maior parte do tempo.

Ele resmungou quando o menino começou a parecer fascinado demais com as tatuagens de seu pescoço.

— Certo, vamos distrair você. — falou afastando-se com David até o balanço.

Observei de longe enquanto ele brincava com o garoto. Uma parte de mim sabia que ele só estava agindo no automático, mas a outra parte queria acreditar que Noah realmente achava que brincar com crianças era divertido.

— E então, quando vão ter o de vocês? — Nour perguntou.

— Eu não sei. — dei de ombros. — Ainda não é o momento.

— Como não? — Jonah se pronunciou. — Olha o Noah. Nunca segurou uma criança na vida e agora está rindo da risada de um bebê. Vocês deveriam conversar sobre.

Os outros começaram a incentivar e eu só sorri e assenti para mudarem de assunto logo. De qualquer maneira, depois que Heyoon voltou, Noah logo devolveu o menino para ela sem nem pensar. Talvez fosse só o automático mesmo.

[•••]

Já era noite e eu estava limpando a cozinha com Noah. Cozinhamos juntos e fizemos uma boa bagunça. Ele lavava a louça enquanto eu varria o chão. Fazíamos isso ouvindo o álbum de um dos meus musicais favoritos da Broadway, o Waitress.

Comecei a cantarolar e ele me acompanhou, até que estávamos cantando alto e animadamente. De repente, Noah parou de lavar a louça e veio até mim, tirando a vassoura da minha mão e começando a dançar comigo de um lado para o outro, segurando minha cintura para me girar no ar e me rodando por toda a cozinha. Eu não conseguia parar de rir.

— Estive pensando. — ele começou sem parar a dança.

— No que? — perguntei curiosa.

— Acho que estamos evoluindo. Deveríamos dar um passo a mais.

— Que tipo de passo?

Nesse momento, ele me jogou para trás e eu soltei um gritinho seguido de uma risada quando ele me ergueu novamente.

— Não foi insuportável brincar com a criança dos Beauchamp hoje. — admitiu.

— É? — sorri ainda mais. — Crianças podem ser legais.

— Podem. — levantou-me do chão e me girou. — Mas não podemos começar com uma criança.

— E com o que devemos começar?

— Algo pequeno e que não requer tanto trabalho.

— Um cão?

— Eu pensei em um hamster ou um porquinho-da-índia.

— E depois?

— Se ele não morrer em menos de um mês compramos um gato. Se o gato não sumir por seis meses arranjamos um cão. Se o cão não morrer em um ano pensamos na possibilidade do bebê. Se não amarmos nenhum desses animais, vamos esquecer essa coisa de cuidar de outros seres vivos.

— Acho que tudo bem. — assenti concordando.

— Mesmo? — nesse momento ele me jogou para cima e depois me segurou no colo.

— Mesmo. — sorri e o beijei por alguns segundos antes de ele me colocar no chão novamente.

— E agora o refrão! — ele disse e então nós começamos a cantar juntos.

— Wherever you go, I won't be far to follow.

(Onde quer que você vá, eu não estarei muito longe).

— Oh, I'm gonna love you so!

(Oh, eu vou te amar tanto!)

— You'll learn what I already know.

(Você vai aprender o que eu já sei).

— I love you means you're never, ever, ever getting rid of me.

(Eu te amo significa que você nunca, nunca, nunca vai se livrar de mim).

THE END.

Reaper ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora