A morte é o começo

Último suspiro

Senti a morte chegando como um véu de sombras a me envolver. Minhas percepções pareciam desfocadas, e os sons à minha volta se distorciam em um eco distante. A sensação de frio e calor se misturava, criando uma confusão estranha em meu corpo. Cada batida do meu coração era como um sussurro frágil em um mundo que parecia prestes a desvanecer. Eu sabia, no fundo da minha mente, que esse era meu último suspiro na vida que conhecia.

Meus olhos se fecharam involuntariamente, e uma sensação de paz começou a me envolver. Era como se meu corpo estivesse flutuando, liberado das amarras da existência física. Uma calma estranha e serena preencheu cada poro do meu ser enquanto eu me deixava levar pela escuridão que se aproximava. Então, de repente, uma luz brilhante se materializou à minha frente. Era uma luminosidade cálida e acolhedora, como um convite irresistível. Atraída por essa luz, comecei a me mover em sua direção, como se estivesse flutuando através do vazio. Cada vez mais perto, a luz parecia se expandir, envolvendo-me em seu brilho resplandecente.

Minha consciência parecia dançar na fronteira entre a vida e a morte, entre o que eu conhecia e o que ainda estava por descobrir. Então, como uma estrela-cadente atravessando o céu noturno, mergulhei completamente na luz, sentindo uma sensação de desprendimento e liberdade que eu jamais experimentara antes. Quando abri os olhos novamente, estava deitada em uma macia cama de cetim, em um quarto que mais parecia uma enfermaria de hospital. As paredes eram decoradas com tons suaves de azul e verde, criando uma atmosfera tranquila e reconfortante. Eu me sentia diferente, como se tivesse deixado para trás as limitações físicas que antes me prendiam.

Meus olhos foram atraídos para a figura que estava ao meu lado. Era um homem de presença imponente e olhar penetrante. Seus cabelos eram prateados, refletindo a luz suave do ambiente. Vestia um manto que parecia feito de estrelas tecidas, brilhando suavemente como a noite estrelada. Seu rosto era sereno, expressando uma sabedoria e uma seriedade incomuns. Ele sorriu gentilmente quando notou que eu estava acordada. Seus olhos eram profundos, como se contivessem segredos milenares. Era como se ele tivesse visto o nascimento e a morte de incontáveis estrelas, e agora olhasse para mim com um interesse genuíno.

"Olá, Clara", disse ele com uma voz suave, mas carregada de autoridade. "Bem-vinda a Elysium. Sou Aeon, e estive esperando por você." Suas palavras ressoaram em minha mente, fazendo com que eu me sentisse ao mesmo tempo, assombrada e acolhida. Eu não conseguia formular perguntas; minha mente estava envolta em um nevoeiro de admiração e confusão. Aeon permaneceu ao meu lado, sua presença imponente emanando uma sensação de tranquilidade e confiança. Enquanto eu o observava, minha mente começou a se encher de curiosidade e um desejo urgente de compreender tudo o que estava acontecendo. Eu havia realmente acabado de morrer?