Ele olhou para mim, seu olhar expressando um misto de confiança e preocupação. " Há um caminho a percorrer, desafios a enfrentar e sacrifícios a fazer."
Respirei fundo. Eu estava disposta a enfrentar qualquer desafio para proteger tudo o que importava. "Diga-me o que precisa ser feito."
Ele acenou com a cabeça, sua aprovação evidente em seus olhos. "Primeiro, Precisamos reunir informações e formar alianças com as almas que também estão comprometidas com a preservação da harmonia."
Eu assenti. "E o sacrifício que você mencionou?"
Aeon suspirou, como se a resposta fosse pesada em sua língua. "O sacrifício está intrinsecamente ligado ao equilíbrio dos mundos. Para deter a escuridão, pode ser necessário um ato de renúncia que transcenda o individual em prol do coletivo."
Enquanto processava suas palavras, percebi que o sacrifício que ele estava falando não era apenas sobre o que estava disposta a dar, mas também sobre o que ele próprio estava disposto a oferecer. "Aeon," sussurrei, minha voz carregada de emoção, "nós não estamos sozinhos nesta luta, não é? Há outros como nós, outras almas dispostas."
Ele concordou. "Sim, há aqueles que também entendem a gravidade da situação e estão dispostos a enfrentar a escuridão ao nosso lado."
Eu não estava sozinha nisso. "Então," eu disse, determinação ressoando em cada palavra, "vamos começar. Reuniremos as informações, forjar alianças e enfrentar a escuridão. Estou pronta para esta jornada."
Aeon sorriu, um sorriso. "Começaremos, Clara. E, juntos, restauraremos o equilíbrio e protegeremos tudo o que amamos."
O eco de nossas palavras se dissipava no amplo salão, eu soube que estava prestes a embarcar em uma jornada que transcenderia o tempo e os reinos. Com Aeon ao meu lado e a determinação ardendo em meu coração, eu estava pronta para enfrentar o desconhecido e enfrentar a escuridão. Enquanto conversávamos no amplo salão, um som estrondoso de repente ecoou pelo ar, dilacerando o silêncio que havia pairado.
Gritos de alarme e confusão ressoaram em todo o reino, ecoando entre as almas que antes se moviam com graciosidade. O chão tremeu sob meus pés enquanto fendas começaram a se abrir, como rachaduras em uma realidade que antes fora intocada. O céu parecia se retorcer e ondular, uma sinistra distorção da beleza celeste que eu havia conhecido. Instintivamente, comecei a correr, seguindo em direção as ruas. Minha mente estava em turbilhão, meu coração batendo descontroladamente, incrédulo e surpreso. Entre as multidões de almas agitadas, avistei um vulto familiar, a senhora enigmática que havia me falado sobre a escuridão. Ela estava mais uma vez à frente, seus passos firmes enquanto ela se movia entre as almas em pânico.
"Dona, espere aí!" gritei, minha voz se perdendo entre os gritos de alarme.
Corri atrás dela, meus passos desesperados ecoando no chão agora instável. No entanto, enquanto me aproximava, a senhora parecia se distorcer, sua forma se dissipando em um brilho. Meus olhos se arregalaram de surpresa e confusão, e antes que pudesse compreender o que estava acontecendo, uma das fendas se abriu bem diante de mim. Sem controle, fui sugada pela fenda, meu corpo sendo envolto por uma sensação vertiginosa. Minha visão se distorceu, e a sensação de estar fora de lugar, fora de tempo, me dominou.
Então, a sensação de queda começou, uma queda sem fim que parecia rasgar minha alma. A escuridão tomou conta de todos os meus sentidos. Quando finalmente a sensação de queda parou, abri os olhos para me encontrar em um mundo completamente diferente. A paisagem que se estendia diante de mim era sombria e distorcida. Árvores retorcidas se erguiam em direção a um céu turvo, e o ar estava carregado com uma sensação de opressão. O chão parecia se mover sob meus pés, como se estivesse vivo com uma energia sinistra. Olhei ao redor, minha mente lutando para processar o que estava acontecendo. E então vi seres sombrios, figuras grotescas, que se moviam entre as árvores retorcidas. Seus olhos brilhavam com uma luz sinistra.
Minha respiração acelerou, meu coração martelando em meu peito. Aquilo era um mundo distorcido pela escuridão, um lugar onde a negatividade havia se tornado tangível e corrompido tudo o que tocava. Eu estava em lugar que parecia uma manifestação física do medo e da escuridão que ameaçavam os mundos. Enquanto eu observava os seres sombrios se moverem, senti um arrepio percorrer minha espinha. Eles se aproximavam de mim, suas formas distorcidas se contorcendo em movimentos grotescos. Eu sabia que não podia ficar ali, que precisava encontrar uma maneira de escapar dessa realidade distorcida. Minha mente estava repleta de medo. Sem olhar para trás, comecei a correr, meus pés movendo-se rapidamente pelo terreno irregular. As árvores retorcidas pareciam se fechar em volta de mim, como garras sombrias que queriam me prender. Os seres sombrios continuavam a se mover, seus olhos brilhando com uma fome insaciável. A cada passo que eu dava, me sentia mais distante de Elysium e mais próxima dessa escuridão avassaladora. Meu coração batia descontroladamente, minha respiração ofegante. Enquanto eu corria, uma nova fenda abriu em minha frente.
Sem hesitar, entrei na fenda, a sensação vertiginosa me envolvendo mais uma vez. O vórtice de energia me consumiu, como se estivesse me arrastando por meio de uma correnteza turbulenta. As cores e as formas se misturaram em um borrão de movimento e som, e eu me senti como se estivesse sendo puxada para fora da realidade. Quando finalmente a sensação de movimento parou e minha visão clareou, percebi estar em um lugar completamente diferente.
O céu estava nublado e cinzento, e os prédios altos se erguiam ao meu redor. Ruas movimentadas estavam cheias de pessoas que se apressavam em suas rotinas, cada uma imersa em seus próprios pensamentos e preocupações. O choque me atingiu como um soco. Eu não estava mais em Elysium; eu estava no mundo humano. As almas sombrias e os seres distorcidos haviam desaparecido, substituídos por uma multidão de rostos apressados e expressões carregadas de preocupação. As cores eram mais opacas aqui, as sensações menos vibrantes. Percebi estar no centro de uma grande cidade, cercada por arranha-céus e luzes de neon que piscavam freneticamente. As pessoas passavam por mim sem me notar, tão absorvidas em suas próprias vidas que mal percebiam minha presença.
Eu estava em um lugar onde a negatividade e o medo também existiam, enquanto vagava pelas ruas, percebi que as emoções humanas eram como correntes invisíveis que ligavam as pessoas umas às outras. Havia tristeza, raiva, ansiedade e medo, todos emanando em ondas sutis que eu podia sentir, mas não ver. Era como se o mundo humano estivesse imerso em uma teia invisível de emoções negativas, uma teia que alimentava algo que eu não conseguia compreender completamente. Enquanto observava, uma figura se destacou da multidão, uma mulher idosa sentada em um banco do parque. Seus olhos eram tristes, e seu olhar parecia perdido em memórias dolorosas. Ela estava cercada por uma aura de melancolia que a envolvia como uma névoa. Curiosa, me aproximei dela, sentindo um desejo de entender mais sobre as emoções que a impregnavam.
"Olá," disse eu suavemente, me sentando ao lado dela.
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A morte é o começo
Novela JuvenilEm um mundo onde a morte não é o fim, mas sim o início de uma jornada inimaginável, "A Morte é Só o Começo" nos transporta para uma realidade única e misteriosa. Quando a jovem Clara Walker sofre um acidente fatal, ela desperta em um reino além da c...