19 de novembro de 2020*
Monte Carlo era uma cidade linda. Exatamente como viu em fotos e vídeos por toda a internet, a arquitetura mais antiga e totalmente romântica dava um ar prazeroso ao local. Aurora conhecia Mônaco, inclusive tinha fotos com o pai no circuito de Monte-Carlo, tendo em vista que era o preferido dele e também onde era o maior vencedor.
Todavia naquele exato momento, ela estava detestando estar naquele principado, abriria mão de toda aquela luxuosa estrutura e da cama confortável daquele hotel, para estar relaxando em um pagode na lapa, com chinelos havaianas e um copo de cerveja bem gelada. Sentia saudades de seu país, das músicas, lugares e pessoas e olha que não tinha duas semanas desde a sua mudança.
Pelo menos em Mônaco não fazia frio ao extremo, e ela não precisava colocar quilos de roupa para ficar confortável, era o único fator positivo de estar naquele local, naquele momento.
Foi obrigada por Marianne e Prost a viajar para assistir à festa de premiação que a FIA* oferecia para consagrar a escuderia campeã do último ano.
Será bom para você se enturmar com os pilotos. Você precisa se acostumar com esse mundo, a conviver nessas festas. Foi o que eles disseram, antes de empurrá-la voo adentro. E ali se encontrava ela em frente ao espelho do hotel Gran Mônaco* observando sua imagem criando coragem para descer.
O cronograma da festa dizia que o inicio seria às oito e meia da noite, onde todos deveriam chegar ao salão, confraternizar e fingir que eram todos amigos e felizes, Aurora , porém decidiu que não iria naquele horário, iria mais tarde depois que todos estivessem chegado e não haveria mais milhares de reportes e fotógrafos plantados na porta observando todos que chegavam. Em sua cabeça quando ela chegasse, não teria tanta importância.
O celular despertou sobre a cama, no exato horário que programou o mesmo as dez horas da noite. Olhou mais uma vez no espelho, aprovou sua imagem, resgatou todas as suas coisas e por fim saiu do quarto.
A descida para o salão foi tranquila, não havia pessoas circulando no local, então não precisou cumprimentar e sorrir para ninguém, a primeira vitória de seu dia, não havia nada pior do que precisar acenar para as pessoas quando estava de mal humor. A segunda vitória do dia veio quando chegou à entrada do salão e de fato não havia uma quantidade absurda de pessoas, alguns poucos se encontravam por ali e mesmo tentando abaixar a cabeça e passar despercebida, não obteve resposta.
- Aurora , por favor, uma palavra. – O repórter se aproximou e antes de responder ela pensou se poderia somente ignorar e seguir seu caminho, mas o homem foi mais esperto e parou em frente a ela bloqueando sua passagem.
- Claro. – Tentou dar o seu melhor sorriso.
- Aurora , nós sabemos o peso que seu sobrenome tem, o quanto o seu pai é importante e fez por esse esporte. Será praticamente impossível você fazer o mesmo que ele fez. Como você lida com a pressão de saber isso?
Ela não respondeu de imediato, controlou o impulso de socar a pessoa que estava em sua frente. O homem mantinha o microfone erguido em frente ao rosto da brasileira, esperando por sua resposta. Não conseguia formular uma frase compacta na cabeça, as palavras que o jornalista cuspiu sobre ela, ainda estava sendo digeridas. Ela sabia quem Ayrton tinha sido, sabia dos recordes, títulos e do talento que o mesmo tinha. Em nenhum momento ela acreditou que superaria o pai, não esse o motivo que a fez escolher correr.
- Ninguém nunca vai fazer o que ele fez. – Respondeu. – Ele foi o melhor que já existiu, ninguém jamais vai se comparar a ele. - Estava preparada para se afastar, o jornalista não permitiu.
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LEGADO - Lewis Hamilton
FantasyA notícia que impactou o mundo do automobilismo foi a chegada de uma mulher na principal categoria, a fórmula um, e além disso, ainda carregava consigo o sobrenome do melhor que aquele esporte já conheceu. O esporte fora capaz de juntar de maneiras...