Capítulo 18

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A dor de Aurora , como uma tempestade, passou lentamente ao longo de horas. Ela chorou, e Lewis a segurou e não soltou.

Estavam grudados, unidos por uma corda invisível que os impedia de se levantarem.

Ela tocou o braço dele onde as lágrimas molharam o tecido, e secou o próprio rosto com a outra mão.

Lewis respirou fortemente. Ela sentiu na lateral do corpo: estava meio curvada contra ele, e as mãos dele tremiam, quase imperceptivelmente, enquanto a segurava, cuidando dela como se fosse a pedra mais preciosa do universo.

-Eu queria conseguir parar de chorar. - Disse por fim, fungando um pouco.

-Não tem que preocupar em parar, precisa viver isso, infelizmente. - A dor do homem era tão palpável que se misturou à dela e criou uma tristeza aguda, um pouco mais leve por ser compartilhada, apesar de ser difícil dizer quem estava confortando quem.

-Eu estou sentindo dor. - Ela murmurou baixo, a mão de Hamilton a afagou nas costas leve e rapidamente, como se temesse que ela fosse se afastar.

-O que acha de chamarmos o médico? - Perguntou cauteloso, não queria força-la a nada, porém quando tentaram vê-la mais cedo, a mulher pediu que não fosse aquele momento, queria vivenciar mais um pouco a própria solidão, e mesmo não sendo o indicado, o plantonista entendeu seu ponto e depois de certificar-se que ela estava estável, aceitou retornar mais tarde para conversarem.

-Acho que pode ser um bom momento. - Ela assentiu com a cabeça, e o homem sorriu, lhe beijando a lateral da testa, com o dedo indicador acionou a campainha acima de suas cabeças, avisando a equipe médica sobre o chamado.

- Deite-se direito então. - Ele disse e fez menção de se levantar, mas Aurora o segurou com força, impedindo-o de levantar.

-Não saia. - Pediu.

- Não vou deixar você, Sweetie, só vou descer da cama, para você relaxar o corpo. - Explicou na tentativa de se mover outra vez e dessa vez, ela permitiu que o fizesse. - Vem aqui. - Esticou a mão para ela, ajudando-a a mudar de posição e ajeitando o travesseiro e o lençol.

-Obrigada por estar aqui. - Ela sorriu e ele lhe beijou a festa demoradamente.

Poucos segundos depois as batidas foram dadas na porta e uma médica colocou a cabeça para dentro.

- Com licença. – Pediu entrando por completo e antes de se aproximar higienizou as mãos com álcool em gel. – Que bom te ver acordada, senhorita . – Sorriu. - Meu nome é Emmanuelle Perez, eu fui a medida que te operou junto com Dr. Webster, ele está em outra cirurgia, por isso não está presente. - Justificou para a mulher, e moveu a cabeça para o lado quando viu a porta se abrir, Luiza e Vívian cruzaram o quarto. A Luiza se postou ao lado de Lewis , enquanto Vívian se posicionou ao lado da filha. - Como se sente?

-Com dor.

-Sua próxima medicação já está prescrita. O primeiro dia após a cirurgia é mais doloroso mesmo, vamos introduzir a medicação para dor e observar como você vai reagir.

- Eu quero ir para casa. – Olhou a médica. - Me tirem daqui.

- Calma. – Pediu. – Sei que o ambiente hospitalar não é o melhor, porém, eu preciso ter certeza que vocês estão em condições de receber alta.

- Não tenho mais nada para fazer aqui, doutora. - Aurora levou a mão até a testa. - Eu detesto hospital

-Olha, querida, eu sei que não quer estar aqui. - A médica sorriu de maneira doce e se aproximou alguns passos, ficando próxima a cama que ela repousava. - Não consigo imaginar o quão doloroso deve ser, você perdeu um bebê, passou por uma cirurgia delicada, e tenho certeza que sua dor não é só física. - Aurora prendeu os lábios em uma linha fina, evitando o olhar da médica para não ser envolvida pela onda de emoções que evaporava das palavras dóceis dela. - Porém, eu preciso que aguente mais um pouco, os cuidados do seu pós operatório são delicados, você não vai poder ficar sozinha, precisa ficar de repouso, não posso te liberar de um dia para o outro sem ver novamente seus exames, preciso que fique mais.

LEGADO - Lewis HamiltonOnde histórias criam vida. Descubra agora