03

130 15 2
                                    

Capítulo 03
Eu esperava tudo, menos isso

P E T R A

O homem me deixou em casa, e o caminho todo nós ficamos calados. Eu fui no banco de trás do carro e ele foi no da frente, óbvio. Eu ainda moro na casa onde eu fui criada, e eu não tenho coragem de sair daqui e ir para outro lugar, mesmo com todos os meus vizinhos me chamando de prostituta e dizendo que eu não sou e nunca vou ser uma boa mãe, e que é bem capaz do meu filho crescer e ficar igual a mim, um homem do mundo.
Eu não ligo muito para as opiniões alheias, afinal, eu não cobro para transar com um homem a qualquer minuto, eu transo com eles a todo momento para me satisfazer, para eu poder ganhar o meu orgasmo e mandar eles embora. Eu nunca me rastejei por um homem, nunca me humilhei por um e nunca vou me humilhar, mas isso não quer dizer que eu seja uma tremenda prostituta.

Minha casa aos olhos das pessoas, é um prostíbulo, e agora com uma criança aqui dentro, estão deduzindo que vai virar um tráfico humano. Eu não sei onde essas pessoas ficam com a cabeça, não sei se falta miolos ou se falta senso nelas, mas todo santo dia eu escuto picuinhas com o meu nome na boca de um e de outro. Mas como eu disse, eu não ligo para as opiniões alheias.

A chuva que tinha dado de tarde voltou, mas dessa vez está muito mais forte, são oito e meia da noite, nessas horas provavelmente eu já estaria bêbada em uma boate ou dentro de um quarto de hotel, mas agora eu estou aqui, com o peito dentro da boca do meu filho que não pensa em dormir por agora. Seus olhos estão totalmente abertos, suas mãos estão inquietas brincando e me beliscando, para uma criança de uma semana, ele está muito espero já, e isso é bom, pelo menos eu acho.
Mas eu não estou conseguindo ficar muito tempo acordada com ele, mas eu tenho medo de dormir com o peito em sua boca e ele começar a engasgar e eu não poder socorrer ele a tempo, mas eu nunca vi ralados de que isso acontece, mas é sempre bom evitar, não é mesmo?

— Quando você ficar mais velho, iremos brincar na chuva sem calçado algum — aliso sua cabeça depositando um beijo ali — Como sua avó fazia comigo.

Seus olhos pretos como a noite me fitam julgando a minha alma, as vezes eu me pergunto o por que de que eu tive filho. Será que foi um propósito? Será que é para eu parar de ficar transando com vários caras por ai?
As perguntas ficam no ar mas nunca são respondidas, e se um dia forem, eu nunca vou entender ou aceitar.

°

São quatro e meia da manhã, essa já é a terceira vez que eu acordo no meio da noite para dar de mamar ao meu filho. Enquanto ele mama, eu estou mexendo no meu celular, vendo algumas fotos antigas minhas e algumas fotos de "amigos" meu.

"Você deve ser Petra, não é mesmo?"

Uma notificação chega e me chama atenção, abro a conversa e vejo o que estava escrito. Respondo que sim, que eu era a Petra e a conversa continua. Minha cabeça fica confusa com a continuação d conversa, a pessoa estava me perguntando se eu era garota de programa ou não, que se eu transava com qualquer um que aparecer na minha frente. Eu não menti em nada, mas não afirmei que sou garota de programa, afinal, eu não sou, mas uma frase me chamou atenção. Era um endereço, e na mensagem abaixo dizia para eu ir lá amanhã matar a minha curiosidade, às seis da noite, eu li e reli aquilo que estava escrito ali na minha tela, mas também não parei de pensar no que seria aquilo.

"Beco 3, última casa"

Eu não sei se vou ou não, mas a minha curiosidade está ficando muito grande dentro de mim, então provavelmente eu...

°

Estou parada em frente uma porta grande de madeira, o beco onde estou é bem abandonado, as luzes piscam a espera de perder a força. Olho para cima vendo telhas quebradas, fecho os meus olhos começando a pensar se isso foi uma boa ideia, eu não sei o que vai acontecer aqui comigo, não sei se vou morrer ou se vou ser mantida em cárcere privado, mas mesmo assim eu vim. Meu filho eu deixei com a pessoa mais confiável ali de onde eu moro, eu tirei três mamadeiras de leite e deixei com a mulher, mas sinceramente, meu coração está apertado, eu estou sentindo que não vai vim coisa boa, mas mesmo assim eu estou aqui para de frente o lugar marcado. Não são seis em ponto, já se passaram vinte minutos desde que eu cheguei aqui na cidade, então eu já comecei bem ruim, mas sair de onde eu moro para vim parar aqui na cidade e sem paradeiro nenhum, não é fácil.

Uma SemanaOnde histórias criam vida. Descubra agora