Capítulo 17

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Ela se encostou na parede, a pedra dura e fria em suas costas, com as pernas esticadas à sua frente. Por duas horas ela se sentou na enorme poltrona, lendo contos de fadas e sonetos para um lobisomem quieto e um cachorro preto preguiçoso; um cachorro que agora estava enrolado em uma grande almofada, dormindo profundamente.

"Ele não é a melhor companhia, é?" ela perguntou ao lobo. Ele inclinou a cabeça em resposta.

Sirius insistiu para que Hermione ficasse longe da jaula, sua cadeira longe o suficiente para lhe dar tempo de correr caso o lobisomem saísse. Ela protestou, mas ele disse que esse era o pedido de Remus e que não a colocaria em perigo. Com uma rápida olhada para o cachorro cochilando, Hermione ficou quieta e foi na ponta dos pés até a gaiola, o livro surrado de contos de fadas ainda em suas mãos. O lobo levantou a cabeça quando ela se aproximou, mas seu corpo permaneceu imóvel.

Conjurando outra almofada, Hermione se acomodou no chão, a apenas trinta centímetros da jaula. Ela pensou que ficaria nervosa. Ela nunca tinha estado tão perto de Remus como um lobisomem antes, mas em vez de ansiosa, ela se sentia quase à vontade. Ela não conseguia explicar. O conhecimento era algo maior que o instinto; simplesmente era. Ela conhecia Moony. Se ela o tivesse conhecido na floresta, estava convencida de que sentiria o mesmo. Ele nunca poderia, nunca iria, machucá-la.

"É assim que você se sente quando me vê pela primeira vez?" ela sussurrou. "Eu sei que sou seu, mas saber... é mais forte de alguma forma, como se algo dentro de mim tivesse clicado."

Ela se inclinou mais perto, seus olhos fixos nos do lobo. O âmbar profundo estudou o marrom cor de uísque. "Ele está errado em te odiar", ela disse depois de um minuto. "E você está errada em odiar o homem. Se eu posso amar vocês dois, certamente você pode aprender a fazer o mesmo?"

O lobo rosnou. Era baixo, quase inaudível, mas fez Hermione sorrir. O animal era tão teimoso quanto o homem. Para o azar deles, ela era mais obstinada do que os dois juntos. Seus olhos se estreitaram, como se ele ouvisse seus pensamentos e discordasse.

"Desculpe, mas você me escolheu," ela o lembrou, esperando para ver se ele responderia. Quando ele deitou a cabeça sobre as patas, seus olhos indo para o livro e de volta para ela, ela suspirou. "Tudo bem. Vamos ler."

Uma pata empurrou as barras para descansar em seu pé. Acariciando-o distraidamente, ela parou em Chapeuzinho Vermelho . "Por que não?" ela murmurou e começou a ler.

"Eu deveria te machucar."

Hermione abriu os olhos lentamente e se concentrou em Sirius, que estava inclinado sobre ela com um olhar sombrio no rosto.

"Olá para você também."

"Não", ele retrucou. Ele se abaixou, agarrou as mãos dela e a colocou de pé. Usando sua varinha, ele fez a cadeira e as almofadas desaparecerem, e a bandeja de comida e bebida flutuar até a cozinha, enquanto a puxava para as escadas, sem dizer uma palavra.

Sirius a arrastou para a cozinha, onde a empurrou sem cerimônia para uma cadeira e antes de ir até o fogão para preparar a chaleira para o chá. Ela observou, fascinada, enquanto ele se apoiava no balcão, de costas para ela, respirando pesadamente.

"Diga-me que você pegou alguma coisa." Sua voz era comedida, como se fosse necessário um esforço tremendo para falar com calma.

Meu, Sempre (Remione)Onde histórias criam vida. Descubra agora