[06]

22 3 0
                                    

Acordei caída no meio do QG e percebi meu vidro de ervas no chão, com uma garrafa de água molhando toda minha roupa. Nem me recordo de como cheguei, mas o importante é estar viva. O horário já passava das 21h quando terminei de costurar o buraco da bala em meu braço. Enquanto a linha caminhava unindo os tecidos, minha mente perambulava entre os acontecimentos. Após alguns minutos questionando se mais alguém havia se ferido, resolvi ir à mansão conferir.

Assim que a porta da casa foi aberta por um segurança, entrei e avistei Larrel indo em direção a outra porta de saída. Presumi que não era uma boa hora, então dei meia-volta, o que não fez diferença, pois dei de cara com Thea.

— Oi, Meg, perdida?

— Na verdade, soube do ocorrido no leilão e vim saber se estão todos bem.

— Estamos todos bem, ninguém se feriu.

— Aparentemente, sim — falei, e ficamos alguns segundos em silêncio. — Então, já vou indo.

— Meg, espera, acho que te devo desculpas pelo ocorrido na boate.

— Desculpas aceitas. Era só isso? — perguntei com um tom mais rude do que o previsto. O fato de ela ser uma adolescente em sua fase rebelde me irritava um pouco, ou talvez eu estivesse começando a demonstrar o cansaço que sentia.

— Sei que está cansada de ouvir minhas desculpas, mas desta vez vou mudar.

— Atitudes dizem mais do que palavras. — Despedi-me, seguindo em direção à porta da frente.

Quebra de tempo

4:30AM

Acordei suando frio, como de costume, e comecei a preparar café com panquecas ao som de um jornal local.

"Não há sinais de arrombamento e nenhuma prova de que houve luta, mas depois de horas, a polícia achou uma faca de cozinha suja de sangue..."

Comecei a prestar atenção. Falavam sobre Piter Declan, que, segundo a reportagem, teria assassinado sua esposa no quarto do bebê deles.

"Família era tudo para mim. Matá-la seria o mesmo que matar a mim mesmo."

No momento seguinte, começou um plantão sobre o mesmo assunto.

"A execução de Declan será à meia-noite daqui a dois dias. O antigo patrão de Kamile Declan, Jason Brodeau, divulgou uma declaração dizendo: 'Eu espero que isso dê a Kamile a paz que ela merece.'"

Levei meu café para o QG e fiz uma pesquisa sobre o caso. Disseram que Piter Declan matou a mulher a sangue frio, não tinha um álibi, e todas as provas apontavam para ele. Foi julgado, condenado e sentenciado à morte. Um caso fechado, exceto por uma coisa: Jason Brodeau está na lista. As chances de Brodeau estar envolvido nesse assassinato são grandes, o que significa que um homem inocente será executado.

Ele vai precisar de um ótimo advogado, e se o vigilante estiver envolvido, já sabemos quem irá representar Declan no tribunal. Me arrumei para ir até a delegacia e, no momento em que estava terminando a maquiagem, o alarme de segurança disparou. Escutei um barulho na janela da sala e, silenciosamente, retirei a pistola da gaveta e apontei em sua direção.

— Quem está aí? — Caminhei até a sala, onde não avistei ninguém.

— Megan Wayne — uma voz claramente modificada soou atrás de mim. Em seguida, me virei, tendo visão do vigilante.

— Por essa eu não esperava — abaixei a arma e coloquei-a em cima da mesa. Me aproximei do espelho, passando o batom. Em um segundo, tive certeza de escutar um riso nasalado.

— Não parece ter medo — expressou, tombando a cabeça para o lado.

— Eu deveria? Não me enquadro no perfil das "vítimas" do vigilante.

— O que te faz pensar isso? — questionou, cruzando os braços.

— Não tenho problemas com a cidade até o momento.

— Você é esperta — soltei uma risada.

— Você ficaria surpreso se soubesse o quanto — falei baixo.

— Quero que ajude Larrel Lance com o caso de Piter Declan. A mulher dele denunciou Jason Brodeau no mesmo dia em que foi morta.

— Autoexplicativo. Por que acha que eu ajudaria nisso? — perguntei intrigada.

— Você não parece do tipo que apoia corrupção e a morte de homens inocentes. — Ele pulou a janela, sumindo.

Implacável - ARROWOnde histórias criam vida. Descubra agora