Eu quero ser como você.

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O sono não vinha. O quarto escuro, com cheiro de alecrim, parecia tremer. Depois daquele sonho, tudo o que restou a Ramiro, um alfa forte como ele, foi um alívio temporário proporcionado pela sua mão.

Imaginar o ômega que ele desejava tanto daquele jeito, lindo na luz roxa, com aquele short que não cobria nada, as tatuagens moldurando o corpo perfeito. O nude que recebeu forneceu material suficiente para ele fantasiar com todas as partes de Kelvin que o mesmo queria tocar, acariciar e sentir.

- Diabo, que não sai da minha cabeça. - esbravejou o peão, levantando da cama e dando de cara com um alecrim que não serviu de nada - Ah, mais eu mato aquele Zeza, vou no bar agora resolver isso.

Eram 3 da manhã, o bar estava fechado, ele tinha certeza, mas a desculpa que precisava agora. Às vezes, a coragem vem na forma de desculpas esfarrapadas.

Ele vestiu uma roupa qualquer e entrou no seu carro. Talvez sua cabeça limitada estivesse afetada por algo mais profundo naquele momento, pois o caminho para o bar foi automático. Quando percebeu, estava na frente do "Naite Dei", estacionando o carro escondido no mato como sempre fazia. Antes era seu lugar de diversão, agora era o tormento de sua vida.

Ele bateu forte no portão de trás do bar, esperou um tempo ouvindo uma movimentação dentro. A voz de Luana se sobressaía, indicando que havia uma discussão.

E então, como um anjo, ele apareceu.A porta se abriu, a luz roxa que saía do bar o iluminou. Era como um deslumbre do sonho, mas Kelvin estava mais coberto, usando uma blusa curta listrada azul e um short leve de dormir que mostrava suas coxas perfeitas.

- Ramiro? - a voz rouca de sono ecoou.

- Kelvin.

O peão não se mexeu, estava hipnotizado, preso naquele momento, olhando para o loiro que era a razão de sua angústia. O cheiro doce e familiar do mesmo invadiu suas narinas, mantendo-o ali por mais um instante, até que a voz de Luana o tirou do transe.

- O que o bruto veio fazer aqui a essa hora?

Ele não respondeu, não sabia por que, mas sua boca não pronunciava as palavras que havia planejado. Foi quando Kelvin percebeu. O olhar vazio do alfa à sua frente, o corpo tenso, o cheiro amadeirado mais forte do que nunca. O cio dele estava próximo, quase palpável. Se fosse qualquer outro alfa, um mais fraco, ele já estaria agarrando o primeiro ômega que aparecesse.

Mas não, aquele era o seu alfa. O alfa que resistia a tudo, seu príncipe encantado. Mesmo com o cio batendo à porta, ele foi atrás dele no meio da noite, resistiu a todos os impulsos e foi esperá-lo.Como uma força sobrenatural lutando com cada parte de seu corpo que só queria dar um apertão na cintura fina do ômega loiro, ele fala:

- Eu vim falar com o Zeza.

- Ah, a sardinha sequinha do Zeza é muito mais poderosa que o Kelvin - Berinice solta com um tom de deboche. Como ômega, ela podia sentir o que estava por vir, mas era um prazer particular irritar e deixar Kelvin com ciúmes.

- O Zeza? - o tom indignado do loiro denunciou o ciúmes óbvio. - O que você quer com o Zeza a essa hora da noite?

O alfa coçou a barba e, por instinto, se aproximou da porta, mas parou abruptamente, sentindo o cheiro do ômega de forma mais profunda. A conexão de pensamentos entre todos ali foi automática, e as meninas entenderam que era hora de chamar algum alfa para resolver aquela situação explosiva antes que algo ruim acontecesse.

Ouvindo o burburinho das "piranhas", Kelvin, que já sabia o procedimento padrão para essa situação, viu uma oportunidade. Uma oportunidade de ter algo que ele queria há tanto tempo, algo que doía dentro dele. Talvez fosse a chance de responder perguntas que circulavam em sua mente por um tempo.

Acontece ( ABO MPREG)Onde histórias criam vida. Descubra agora