DON •

A chegada do novo Consigliere

Inglaterra, Londres

Pollo Vicentini aprendeu desde muito cedo a não ser como as outras crianças. Ao invés de brincar, ele estava em aulas de defesa pessoal, estudando línguas estrangeiras e com tutores para acelerar seu aprendizado.

Após viver anos confinado em um internato no sul da Inglaterra, ele foi direto para a universidade. Pollo sentia falta de um ambiente familiar, entretanto, sempre fingiu não se importar se seus pais não davam a mínima para sua existência.

Ele era um filho da Máfia, não podia se dar ao luxo de sentir necessidade de afeto e aconchego. Durante os anos longe da Itália, Pollo manteve-se em uma redoma emocional, sempre afastando todos que tentaram entrar em seu coração. Ele sabia que nunca poderia oferecer um relacionamento normal a alguém, foi treinando tanto físico quanto mentalmente para ser um dos melhores na Camorra quando chegasse o momento.

Foram muitas conexões que não passaram de uma noite, uma carga de aventuras sexuais mais alta do que qualquer um poderia supor.

Em Londres, Pollo se formou em Administração aos vinte e um anos, mas não parou, ele foi em busca de um MBA antes de ligar para casa e dizer que estava pronto para assumir uma função em uma parte da família. A Camorra estava no topo da hierarquia da Máfia Siciliana, o núcleo central com vários núcleos menores, e um desses núcleos é Borgata Russo, a mais poderosa, responsável pela maior parte de lucro mensal para a Camorra, com conexões no Japão e Estados Unidos.

Antes de sua viagem para a Itália, Pollo estudou minuciosamente os membros principais da Borgata: Jungkook - o Don, Lorenzzo - o Sub-chefe e Nicolo - o Capo principal. Aparentemente era uma Borgata estruturada, com estatísticas brilhantes em todas as missões e números consideravelmente altos em sua conta bancária. Dentre os três no dossiê que recebeu, o único que prendeu a atenção de Pollo foi Nicolo. Havia um mistério naqueles olhos azuis que acendeu a curiosidade de Pollo, ele simplesmente não conseguia parar de olhar para as fotos do Russo mais caçula, o que ele teria que lidar para continuar escondendo sua orientação sexual.

Como se não bastasse um voo infernal, com turbulências e uma aterrissagem desastrosa, Pollo foi obrigado a esperar por meia hora no saguão de desembarque, pois a pessoa responsável por buscá-lo no aeroporto não apareceu. Furioso, ele foi até o banheiro masculino e acendeu um cigarro para se acalmar. Ele se conhecia o suficiente para saber que trataria mal quem quer que fosse buscá-lo e seria o idiota que estava acostumado a ser. Antes de sair do banheiro, Pollo escovou os dentes e jogou uma bala de menta na boca. Durante sua caminhada de volta para o saguão de desembarque, ele sentiu uma mão segurar seu pulso e por instinto, acertou o cotovelo na barriga do desconhecido.

— Cacete, isso doeu! — O moreno - Pollo estava curvado no chão do aeroporto.

Como nas fotografias, Nicolo era um homem lindo, com músculos certos em todos os lugares, lábios grossos, naturalmente avermelhados e olhos azuis vibrantes. Nicolo usava uma calça jeans justa que marcava suas pernas torneadas e sua bela bunda e uma camisa larga branca de botões com os três primeiros botões abertos e coturnos nos pés. O cabelo estava bagunçado artisticamente e sua pele parecia ser tão suave que o loiro precisou usar o autocontrole emocional para se manter afastado.

Nicolo Russo era exatamente o tipo de homem que Pollo gostava e isso não era bom.

— Isso é para aprender a abordar alguém corretamente.  — Rosnou, arregaçando as mangas da camisa.

— Pollo Vicentini?! — Perguntou, massageando a barriga por cima da camisa.

— Você deve ser o responsável por me levar para a Borgata Russo. — Disse com desdém. — Você pode pegar minhas malas, o resto da minha bagagem será enviado depois. — Apontou para as três malas enfileiradas, mexendo no celular para aliviar a tensão. O corpo estúpido de Pollo adorou o que viu superficialmente do corpo de Nicolo e isso estava lhe deixando louco.