UTOPIA CLUB
Sábado, 11:27 pm.A ponta das botas de bico fino tocaram o chão com suavidade.
Um pé após o outro, traçando um caminho estável de passos cuja sincronia aparentava ser ensaiada, tamanha a regularidade — entretanto, não era. E até mesmo quem não o conhecia seria capaz de perceber que a elegância o pertence tal como uma segunda pele, não importa as circunstâncias.
Ombros eretos, peito aberto e pescoço erguido numa pose astuta que tornava impossível a quem visse de fora enxergar os breves instantes de oscilação corporal e piscadas incertas, causados pela embriaguez recente e moderada.
Park Jimin não estava bêbado; era muito cedo para estar. Andava sem precisar se escorar nas paredes, saberia responder com clareza quaisquer indagações que lhe fossem dirigidas, mas a visão turva demonstrava que era tênue a linha entre o estado sóbrio e o ébrio.
Precisou baixar um pouco as pálpebras quando adentrou a boate, a fim de proteger as próprias íris sensíveis, depois de ultrapassar o escuro e abafado corredor que ligava a entrada ao cerne do caos.
O lugar estava inteiramente banhado por uma luminância escarlate. Havia alguma natureza libidinosa na maneira como os flashes rúbeos refletiam sobre os móveis dispostos pelo ambiente e até mesmo sobre o bar, onde as bebidas eram servidas. O único a se salvar daquela agressividade visual era o palco localizado ao fundo, cujas cortinas — também vermelhas — jaziam fechadas, atuando como guardiãs ferrenhas do espetáculo que teria início em algum momento.
Não estava tão cheio quanto Jimin imaginou, e ele não poderia estar mais grato por isso. Fazia menos de dez minutos que saíra de um cubículo o qual não deveria ter nem mesmo o tamanho de seu quarto, mas comportava, no mínimo, meia centena de pessoas suadas e fora de si — de duas, uma: ou o serviço de vigilância sanitária estava falhando na única tarefa que tinha, ou então o dono possuía nome o suficiente para mexer os pauzinhos ao seu favor.
Por tudo que já viveu e viu durante os anos em que está imerso no mundo dos negócios, Jimin tem uma aposta particular sobre qual das alternativas é a mais provável — e esta nada tem a ver com um suposto descuido irresponsável do governo.
Ficou lá por quanto tempo suportou, até sentir o ar rarefeito enviando estímulos nervosos para sua claustrofobia inevitável. Saiu logo após beber a segunda garrafa de cerveja barata, e mal se preocupou em procurar pelo caixa; apenas depositou as notas de wons no balcão e deu no pé.
A brisa fresca do ar externo foi o que o levou até as portas do Utopia Club. Já havia ouvido falar do lugar, mas nunca teve a chance de visitá-lo antes. Sendo assim, aquela noite parecia a oportunidade perfeita.
Agora, ali estava. Sentado em uma das banquetas do bar, aguardando seu momento de ser atendido pela bartender que se movia de um lado para o outro, preparando bebidas, anotando pedidos e revirando os olhos para as cantadas bizarras de ruins vindas de caras inconvenientes.
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EXCÊNTRICO • jjk + pjm
Fiksi Penggemar[EM ANDAMENTO] Em uma noite regada por música alta e luzes escarlates, Park Jimin encontrou Jeon Jungkook, e foi como fogo ateado em gasolina. Ambos sentiram muito, e Jimin sentiu muito mais quando lhe deu as costas e foi embora sem maiores explicaç...