Lutas de cada dia

397 53 38
                                    

⚠️ Triste

~

Os dias passaram com rapidez e você continuava a se desdobrar em suas múltiplas funções exercidas ao longo do tempo, o pagamento recebido pelo atendimento prestado a O'Hara foi o suficiente para cobrir parte dos juros do empréstimo. Uma pena que mesmo assim você não poderia se desviar de seu foco, não ainda.

Observou o relógio do celular marcando 21:32 e provavelmente próximo das 22:30 estaria em casa, esperando de coração que ela estivesse bem. Em seus pés estavam as sacolas com algumas frutas e mantimentos essenciais para a boa alimentação dela.

Seus pensamentos se fixaram na sua insegurança e passou a calcular o que poderia ter feito de tão errado para que não tivesse recebido um retorno sequer da equipe de Miguel ou alguma mensagem de Lyla. Você queria tanto que aquele emprego se tornasse fixo que seus olhos sempre se enchiam de lágrimas ao observar as luzes piscantes dos túneis do metrô.

Descendo na sua estação, caminhou por mais algumas quadras até chegar no prédio de Jeniffer, mexeu em seus bolsos até achar a chave da porta e a abriu. Subiu em silêncio até chegar ao andar que ficava o apartamento da ruiva, girou a chave com cuidado para não fazer barulho e entrou cômodo à dentro.

Deixando os sapatos na porta, você caminhou com cuidado em direção à cozinha para guardar suas coisas, separou as frutas e as colocou em seus devidos lugares e fez o mesmo com o restante dos mantimentos. Agradeceu mentalmente por não ter feito barulhos altos para acordar ninguém e continuou a guardar o restante das coisas, isso até te darem um breve susto.

— Mamãe! – ouviu a doce criança chamar e sorriu virando-se para ela. — Que bom que você chegou!

— O que faz acordada a essa hora, Cecília? – você pergunta a pegando no colo.

— Você esqueceu? – ela te encara desacreditada com uma expressão fofa no rosto. — Hoje é dia de trocar o sensor.

— Já conversamos sobre isso, sabe que a tia Jenny pode trocar ele.

— Eu sei, mas quando você troca, podemos passar mais tempo juntas. – ela diz e coloca os bracinhos em volta do seu pescoço. — Eu mal vejo você mamãe, sempre que acordo você tem ido trabalhar e sempre que durmo você ainda não tem chegado.

— Eu sei meu amor, me desculpa por isso. – você diz dando um beijinho no topo da cabeça da pequena garotinha. — A mamãe vai terminar aqui e daqui a pouco vamos tomar banho.

Você coloca a garota no chão e ela começa a tentar lhe ajudar com as coisas, Cecília apesar de ter 4 anos e meio é bastante esperta com relação às outras crianças. Ela tem total noção de como monitorar a própria glicose e o momento certo da aplicação da caneta de insulina, e você se orgulhava disso.

Em meio a conversas e risadas fofas da garota, vocês terminaram de arrumar as coisas e foram para o banheiro, parando apenas para fazer uma rápida medição do sensor da menina. Ao constatar que estava tudo certo, foram para o banho.

Como sempre fazia a banhou e penteou os fios escuros de Cecília, a cada quinze dias era necessário a troca do sensor que ficava na parte de trás do braço da pequena, removeu o aparelho antigo e fez a limpeza do local. Com cuidado aplicou novamente o sensor e fez o teste de monitoramento e agradeceu por estar tudo ok.

— Vamos pra cama. – você diz e leva a garota sonolenta em seu colo e a acomoda na sua cama.

— Canta pra mim mamãe, aquela música bonita.

Você começou a entoar a melodia de photograph para a garota que se aconchegava em seus braços e conforme ela foi adormecendo, suas lágrimas começaram a cair e seus pensamentos voltando ao início de tudo.

Hall of Fame • Miguel O'Hara Onde histórias criam vida. Descubra agora