0 | Prólogo

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Aqueles que trouxeram o caos.

  Os monstros um dia já foram homens e deles se desencadeou uma série de coisas ruins que afetam todos aqueles que se recusaram a virarem um desses amuletos do caos. A partir daí, Tarlake, nosso reino e nossa casa ficaram em perigo, mas graças ao nosso grandioso rei e todos aqueles que nos mantém, os seres sequer conseguem chegar perto de nós para nos ferir. 

  Essa foi a mitologia da religião humana da época, que acreditava que o que lhes davam medo tinham surgido deles próprios e seus pecados, por isso, ter fé e devoção era a saída para não virar uma dessas monstruosidades e ter um caminho para o paraíso dos deuses do céu.

  — Então podemos ficar sem medo, mamãe? — A voz da pobre criança saiu num sussurro, como se estivesse com medo que os monstros a escutassem

  — É claro. — A mãe acariciou a cabeça do filho

  — Como vou saber se vejo um desses?

  — Asas. 

  Se parecem conosco em parte, mas possuem grandes extensões de asas com garras nas pontas, seus dentes são pontiagudos como dos gatos selvagens e, se os ver, vai saber na hora, pois eles desejam comer a nossa carne e distribuí-la a seus outros amigos malvados. Olhos vermelhos como sangue, espinhos no lugar de unhas e a pele queimada, como os demônios. Foi o relato passado por nossas gerações vindas das poucas pessoas que sobreviveram ao ver um e conseguiram contar sua história.

  — Ah! — A criança soltou um gemido apavorado

  — Não tente conversar com eles. — A mãe se aproximou, um tanto macabra nas falas — Além de não falarem nossa língua, são pecadores e o pegarão se baixar sua guarda.

  — Mamãe… — O pequeno deixou algumas gotinhas de lágrimas rolarem por seus olhos

  — Querido, se acalme. Você não vai sair de perto da mamãe e como eu disse, eles não chegam até a nossa capital. Nossa terra é gigantesca e cada província tem seu exército.

  — Sim! Estão na ilha da divisa e o papai está os derrotando como um herói. — Ele secou as lágrimas mais rápido que as deixou cair e colocou um tremendo sorriso no lugar

  Agora, sem dizer uma palavra, a mãe é quem estava despejando suas mágoas pelos olhos, porém com um sorriso no rosto, ela não queria que seu filho soubesse que os maiores inimigos do reino de Tarlake - os denominados Alados - tinham assassinado o pai na batalha de uma semana atrás e agora, graças a isso, a civilização poderia comemorar outras festividades com menos temor.

  Afinal, todo dia vários tinham que morrer para outros milhares viverem bem.

  A guerra era a condenação dos homens.

  — Está certo. — Ela acariciou a cabeça do menor com mais carinho enquanto secava suas próprias lágrimas — Bom, vamos nos arrumar.

  — Temos que ir mesmo?

  — Com certeza, é o casamento do rei. Aquele que dá a vida para nos salvar todos os dias dos Alados.

  — Os casamentos são chatos.

  — Mas é da realeza, o rei nunca se casou desde que seus pais faleceram.

  — E a filhinha dele? 

  — Ninguém sabe dela, nunca a vimos. Só sabemos do boato que nunca se casou com a mãe dela, pois foi para o céu antes que fizesse.

  Que trágico.

  — É por isso que temos que vangloriar seu casamento, com nossa realeza completa, ficamos mais fortes contra os vilões.

  O menininho sorriu, mais alegre e compreensível.

  A vida humana poderia ser mais fácil se soubessem de tudo, de exatamente o porquê os deuses permitiram que seres míticos e irreais habitassem uma terra desconhecida perto demais da dos comuns e, assim, começassem uma guerra com motivos silenciosos.

 Ou talvez, como pensado... Todas as coisas levam para uma só.

  Para um propósito.

  Para uma verdade oculta.

  Para uma verdade oculta

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Prólogo lançado!
A jornada está só começando...

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