Capítulo 4

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Quando saímos já estava escurecendo, minha cabeça estava latejando de tanto dor, já fazia algum tempo desde que minha enxaqueca não atacava, mas acho que isso faz parte do combo "primeiro dia de trabalho"

Fiquei impressionada com o profissionalismo do Spencer, o jeito que ele fazia perguntas delicadas sobre a vítima sem parecer insensível ou invasivo, mas esse é o trabalho dele, então não me deixei enganar, aliás, ele ainda me trata com a mesma frieza desde o dia que cheguei.

A dor só aumentava e eu já estava me sentindo um pouco tonta. Entrei no carro e fechei os olhos.

-Você está bem? Olha, você vai lidar com muitas famílias de vítimas, esse é seu trabalho, você não pode deixar que as emoções atrapalhem - falou Spencer num tom sério

Eu não tinha percebido quando ele entrou no carro, também não consegui explicar que aquilo não tinha nada a ver com a investigação, eu simplesmente assenti e passei o cinto de segurança, já estava preocupada o suficiente com o que teria que lidar ao voltar pra casa.

-Ah, pode me deixar no Coffee and Tea, preciso pegar algumas coisas - Tudo o que faltava era o Spencer ver o local que eu moro e fazer especulações sobre ter "escolhido" morar ali.

Nos despedimos com um aceno rápido e desci do carro, a dor só piorava e eu só queria chegar em casa logo. Peguei umas rosquinhas e um chá de maçã verde e fui direto pra casa.

Nunca tinha visto aquele local tão silencioso como está, passei pelo portãozinho com a grade enferrujada e subi os degraus defeituosos,  só precisava de um banho, um chá e uma boa noite de sono.

Quando abri a porta me deparei com a casa toda bagunçada, as poucas coisa que levei estavam espalhadas pelo chão e... meu dinheiro, droga! o dinheiro que tinha guardado embaixo da estátua de gatinho.

Sem pensar, entrei correndo, não percebi que estava chorando até as lágrimas molharem o meu rosto, fui até à mesinha perto da janela e confirmei o que desconfiava, tinham entrado ali para roubar. Não estava com ânimo, sem paciência pra aquilo tudo, além da dor insuportável que estava sentindo, melhor passar a noite num hotel e amanhã resolvo esse problema.

Peguei as chaves e já estava saindo quando braços fortes me agarraram e me puxaram de volta pra dentro, comecei a me debater, mas as mãos eram muito fortes, tentei usar o treinamento que tive na academia, mas nada adiantava, comecei a gritar e ele tapou a minha boca.

- Ninguém aqui dá a mínima pra uma loirinha que mora aqui há menos de um mês.

Foi quando percebi que ele tinha razão, ninguém ali falava comigo, comecei a soluçar e tentar sair dali, mordi a mão dele e ele me jogou no chão com tanta força que acabei batendo a cabeça na mesinha de centro, sangue escorregou na minha testa.

Não tive tempo de me defender quando ele chutou a minha costela várias vezes. Já estava com falta de ar, senti o gosto metálico do sangue na minha boca

- Por favor - pedi com muita dificuldade - Por favor...

Ele ergueu a mão e eu só consegui pensar no caso da estudante, vou morrer sem descobrir se a pessoa teve o que merece. Foi quando o homem caiu e alguém já estava encima dele, a pessoa dava socos e logo o homem estava de cara no chão, imobilizado...

- Sylvie, você está bem? - Spencer perguntou, ele ainda estava sobre o homem - Vai ficar tudo bem.

Foi a última coisa que escutei antes de perder a consciência.

Um gênio em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora