Unstoppable|ᴘᴇᴇᴛᴀ ᴍᴇʟʟᴀʀᴋ

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CAÍ NA REAL quando escutei a voz do apresentador e separei meus lábios dos de Peeta. Tentei ser sútil, estávamos sendo gravados.

— Problemas no paraíso... — Caesar dissera rindo — Espero que estejam bem.

Peeta me encarava com o mesmo olhar de antes e por um minuto eu me permiti pensar que o sentimento que ele obtinha ou obteve por mim era real. Fiz de tudo para não desviar o olhar e o garoto me beijou novamente, me odiei por não conseguir afastá-lo.

Ouvi Caesar pigarrear e me afastei dele novamente. Peeta deu uma risada fraca e sem jeito ainda me olhando.

— Devemos voltar depois? — O apresentador perguntou.

— Não, claro que não! — Respondi dando uma risada envergonhada — É só que eu estava sentindo muita falta dele — Voltei meu olha pro Peeta e ele pareceu se sentir culpado — Não nos vemos há um tempo.

— Imagino como os dois devem estar se sentindo, mas vocês vão ter bastante tempo para usufruírem juntinhos nessa turnê. E você Peeta? Nos dê alguns detalhes sobre o que fez sem a sua jóia por perto.

Quis rir ao ouvir aquela pergunta. Eu sabia o que ele havia feito e aquilo me machucava profundamente.

— Hum.... Não muito, apenas os mesmos pães de sempre. — Peeta disse com um sorriso fraco.

— Muito bem, estaremos acompanhando vocês durante a Turnê da Vitória. Muito obrigado Jade Hightower e Peeta Mellark!

Fora a última coisa que Caesar dissera naquele dia. As câmeras de afastaram e nós dois também.

— Maravilhoso! — Effie Trinket dissera para todos que estavam ali ouvirem — Todos em marcha, vamos partir em 10 minutos.

— Bela encenação, quase achei que o beijo fosse pra valer — Peeta dissera baixo sem me olhar nos olhos.

— A sua também foi boa, imagino que tenha praticado muito nesses últimos dias — Respondi com indiferença e caminhei até o meu pessoal.

(...)

Tive que escolher se continuaria com meu mentor ou não, e minha resposta foi não. Haymith cuidaria de mim e de Peeta de agora em diante.

— Comida e vinho fabulosos, as massagens, tratamento de SPA.... — Effie fora falando e minha cabeça começou a doer, tudo aquilo era extremamente sufocante. — Pedi só o melhor para os meus dois vencedores. Tudo tem que ser...

— Fabuloso? — Haymitch completou depois de dar um gole em sua bebida e eu dei um pequeno sorriso, eu estaria me divertindo se tirasse todo o resto.

— Exato... Bom, a programação é meio puxada. 12 dias, 12 distritos. Mas na maior parte são festas, celebrações e aí terminaremos na Capital. Só precisam fazer uns discursos, acenar para a multidão e desfrutar de sua fama. Vocês merecem.

Cinna segurou minha mão quando ela dissera a última frase e eu ri novamente, mas dessa vez fora uma risada de deboche. — O que você disse? — Perguntei desacreditada.

— Jade... — Peeta chamou meu nome em reprovação e eu o ignorei.

— Eu disse “ Desfrutem, Jade, vocês fizeram por merecer.”

Me levantei da mesa — Eu mereço isso por ter matado pessoas? —balancei minha cabeça em negação e cruzei meus braços.

— Mocinha... — Effie ia dizendo mas eu saí antes.

Quando passava pelo corredor do trem que ia para o meu quarto uma das portas em que os guardas ficavam estava aperta, minha curiosidade foi maior que eu. Encarei o grande telão e apertei meus olhos para enxergar melhor, mas o guarda me viu antes e fechou a porta na minha cara.

— Tão educados... — Murmurei e entrei no local em que eu estava dormindo. Apertei um dos botões para abrir a janela e antes de me deitar peguei o broche que Peeta havia me dado em meu bolso. — Eu realmente não estou afim de ouvir um sermão. Prometo que peço desculpas para a Effie depois—Falei e quando vi quem realmente era fiquei envergonhada—Pensei que era o Haymitch — Falei encarando o Peeta vindo em minha direção.

— Não tem que se desculpar com ninguém. Incluindo eu — Ele dissera e se se sentou em minha cama.

Levantei uma de minhas sobrancelhas, não compreendendo de primeira sobre o que ele estava falando.

— Sei que não é justo querer que para mantenha o que disse nos jogos. Você nos salvou. Eu sei disso. — Ele completou e olhou o broche que estava em minhas mãos.

— Eu não menti em nada que fiz nos jogos Peeta — Respondi o olhando nos olhos — Não sei o que ou quem te fez pensar assim mas fui verdadeira desde o começo.

— Não precisa.... — Peeta foi falando e eu o interrompi.

— Espera... Eu sei que você tem uma vida aqui fora e os momentos que vivemos dentro dos Jogos talvez não sejam o tipo de boas lembranças que você quer ter comigo...

Engoli em seco, Peeta era meu amigo apesar de tudo e eu o queria perto de mim. Quando eu vi ele beijando outra eu me senti traída, mas fora uma escolha dele e só dele, eu não tenho que opinar sobre isso.

— Podemos criar outras memórias, como amigos. — Terminei e ele deu um sorriso fraco para mim — E sei que precisamos pelo menos ter uma amizade para continuarmos atuando nas câmeras — Falei rindo baixo.

— Claro, podemos tentar ser amigos — Peeta acompanhou minha risada — Mas só se você parar e me encarar como se quisesse me socar o tempo inteiro.

— Eu não faço isso... — Fiz uma careta.

— Ah você faz sim. E eu preciso saber mais coisas sobre você.. — Ele disse me encarando.

Fiquei envergonhada, o que mais ele queria saber? Nos beijamos e compartilhamos outras experiências íntimas, aquilo não bastava?

— Por exemplo... Qual é a sua cor preferida?— Ele perguntou quando percebeu que eu não havia entendido.

Dei uma risada quando ouvi a pergunta dele — Ah, esse tipo de perguntas? — falei me sentindo aliviada — Sempre foi verde, desde menina. E a sua?

— Laranja — Ele respondeu

— Como o cabelo da Effie? — Perguntei sorrindo.

— Não é aquele tom de laranja.... É o laranja do pôr do sol. — Ele respondeu e segurou a minha mão que eu segurava o broche.

Encarei Peeta com um sorriso tranquilo no rosto e me aproximei dele. Nós dois nos assustamos quando o cômodo ficou escuro.

— Malditos túneis... — Sussurrei e Peeta sorriu.

Encarava as paredes estranhas e pisquei algumas vezes, elas não terminavam nunca. Dei um pulo da cama quando vi uma espécie de Tordo desenhada na parede.

— Algum problema? — Peeta perguntou.

— Você não viu aquilo?

— O que? — Peeta perguntou confuso mas ele se levantou quando chegamos em um dos Distritos.

— Caramba... — Falei assustada quando vi a situação do Distrito 11.

Só pensei em Rue, pensei nela morando ali entre tantas grades. E eu sabia que eu tinha que ajudá-los de alguma forma. Qualquer forma.