Os místicos começaram um treinamento para que conseguisse concentrar seu poder. Fora cansativo, principalmente para quem não estava acostumado à rotina de batalhas. Treinar faz seu corpo doer, construindo músculos e resistência, machuca, mas é bom sempre continuar se quiser melhorar.
O grupo treinou até seu corpo pedir por piedade, depois se banharam em água quente para relaxar. Estão comendo bem, apesar de não dormirem muito bem. O peso da culpa ainda os assola.
Aubrey, geralmente, ao concluir seu treinamento do dia, sempre é tarde o suficiente para sua irmã estar dormindo.
Alguns estudiosos começaram a perceber o nível da água do mar subindo, isto é, logo inundaria as cidades mais baixas. Começaram a se preparar.
Em uma das noites, Aubrey contou as últimas histórias para sua irmã dormir:
No mito da criação indígena, as lendas guaranis apontam o deus Tupã como o grande artesão da vida. O deus Sol recebeu ajuda da deusa Lua Araci, descendo à terra até a região do Aregua, no Paraguai. A partir desse ponto que ele tocou a face da terra e tudo sobre o que estava em cima e abaixo dela. No mesmo instante que as estrelas foram posicionadas nos lugares onde estão, bem como outros astros. É dito que numa cerimônia bem construída que estátuas em argila do homem e da mulher receberam elementos da natureza. Assim que soprou a vida neles, o deus os deixou junto aos espíritos do bem e do mal.
A mitologia nórdica acreditava que a terra fazia parte de um disco cósmico junto a outros reinos. Asgard, terra dos deuses, Jotunheim, terra dos gigantes, e Niflheim, a terra dos mortos governadas por Hel ou Hela. Observando a construção desse disco, é possível fazer paralelos com: Parte do plano representado se assemelha bastante com pontos estratégicos da terra. A terra dos gigantes seria representada pelos pólos enquanto no interior da terra seria o local dos mortos. Por outro lado, o sul, lugar dos trópicos, seria a terra dos gigantes de fogo. Além da configuração da terra, este mesmo esquema de disco indicaria a representação do pós-vida da humanidade. No caso, Asgard seria a imagem do céu com o deus enquanto Nilfheim o limbo ou inferno. Midgard, a terra, estaria no meio desses dois reinos. De modo geral, não se indica com detalhes como tudo surgiu. A coisa mais esclarecida e difundida seria a existência simultânea dos nove reinos, ao qual a terra se encaixa. Isso acaba abrindo margem para a introdução de teorias e conexões com outras culturas e estudos históricos.
Ormuz seria o mestre e escultor do mundo ao qual conhecemos. O mito da criação indica que o próprio sol era o seu olho, tornando Ormuz uma divindade onisciente. Em relação ao céu e as estrelas, esses faziam parte das suas vestimentas enquanto as águas eram suas esposas. O mesmo acabou criando outras divindades menores, sendo partes dele e responsáveis por setores da criação. Ademais, ele e suas divindades possuíam contrapartes malignas para equilibrar a existência.
Nammu, um abismo sem forma definida, se enrolou nele mesmo para alcançar o processo de auto-criação. Nisso, originou An, deus do céu, Antu, deusa da terra. A união consequente entre esses deuses foi dando vida a elementos vitais da existência, incluindo a humanidade e até emoções.
A origem do universo teria acontecido graças à intervenção da deusa Nüwa. Ela é reconhecida como deusa criadora, mãe, protetora, irmã e, claro, como imperatriz. De modo cuidadoso, ela começou a criação do universo, sendo visitada pelos deuses para que observassem suas criações. Possuindo cabeça e busto humano com corpo de dragão, Nüwa percebeu que nenhum ser pensava como ela. Parando em frente a um rio, moldou com lama um ser com braços e pernas para caminhar pelo paraíso. Feito isso, soprou com força a vida, criando os primeiros humanos que passaram a adorá-la e a dançar.
O deus Atum ajudou na criação humana de maneira não proposital, sendo ele um dos olhos de Rá. Conta-se que o olho se separou de Rá conscientemente e não quis voltar, gerando conflito entre ele e outros deuses. Os deuses em questão eram Shu e Tefnut, os filhos de Atum, que o procuraram e brigaram para trazê-lo de volta. Com isso, durante a longa luta, o olho acabou derramando lágrimas sagradas. Nisso, os primeiros humanos brotaram delas como que a vegetação faz quando a chuva cai.
Com todos esses mitos, podemos considerar, finalmente, que diversas culturas expõem a perspectivas delas em relação ao surgimento da existência. Nota-se que tudo é guiado pelo modo de vida que levam ao longo do tempo e como percebem o mundo. Não se afirma o que é certo ou errado, já que se tratam de representações pessoais de como tudo surgiu.
Mas de um modo geral é interessante acompanhar como cada povo se manifesta em relação a esse processo. Isso porque acabamos penetrando na composição cultural de civilizações tão antigas quanto o próprio questionamento.
Claro que, muito antigamente, cada cidade ou vila era independente da Capital, mas quando se unificaram, ficaram conhecidas apenas como as divisões das Cortes.
Tsunami é uma onda gigante que possui grande quantidade de energia e ocorre nos oceanos. Ele pode ser gerado por sismos em regiões costeiras e oceânicas, deslizamentos de taludes submersos, erupções vulcânicas, explosões ou ainda por impactos de corpos cósmicos, como meteoritos.
Mas nesse caso, o tsunami surgiu por causa de uma Hidra, que emergiu à superfície e causou um grande estrago às cidades litorâneas.
Mesmo que temendo uma outra falha, Rhyanna foi pensando no seu treinamento e o quanto se dedicou a isso. Poderia falhar dessa vez, mas pelo menos teria a chance de se levantar novamente.
Haymitch estava irritado, irritado o suficiente para despertar seu poder ancestral. Ele foi o primeiro a se transformar. Logo começou a ocupar o tempo da Hidra enquanto as garotas se preparavam.
Quando caiu pela primeira vez, quem o defendeu foi Rhyanna, que conseguira se transformar na Raposa Flamejante, seu corpo pegava fogo, mas não era prejudicial, nem a ela, nem a aliados, é um sistema de defesa natural.
Em seguida, Aubrey se juntou à festa. Os três se reuniram enquanto o povo assistia ao conflito lendário. Apanharam um pouco mas devolveram o golpe. Rhyanna não poderia entrar no mar, ou suas chamas apagariam.
Haymitch passou para trás da Hidra enquanto Rhyanna tomava sua atenção, Aubrey saltou por cima e fez algumas cabeças caírem ao chão, e isso bastou para Hay cortá-las. Rhya as queimou.
Mas a ''cabeça imortal'' ainda estava viva, junto com mais duas. Qual delas seria?
A Hidra se enfureceu e ficou ainda mais raivosa, seu veneno mais tóxico e seu fogo mais intenso. Tiveram que tomar mais cuidado, desviavam para não serem atingidos, mas a costa do Continente sofria as consequências.
Tiveram um plano, iriam para a Toca, assim não teria tantos estragos. Rhya precisou saltar por entre os barcos que estavam velejando antes do ataque começar, afundou alguns, mas conseguiu chegar ao outro lado agilmente.
É diferente, estranho e complicado controlar o corpo cujo qual não está acostumado, mas com o tempo dá para se acostumar.
Hidra tomou sua atenção para a raposa saltitante, e Haymitch aproveitou para derrubá-la na água. Ao emergirem, prendeu as outras cabeças ao chão. Aubrey não sabia qual delas era a imortal, a que pode fazer as outras se regenerarem. Esperou que Hay arrancasse as cabeças, afinal, a imortal não pode ser ligeiramente arrancada.
Rhyanna rapidamente as queimou, e Brey enterrou a do meio. Rhya, em seguida, colocou fogo em cada membro que Haymitch decepava. A Hidra estava morta. Arrancaram-lhe a última cabeça e jogaram ao fundo do mar, o corpo, as cabeças e os membros soltos.
A Raposa Flamejante foi a primeira a voltar ao normal, estava cansada demais para se levantar. Em seguida, foi Aubrey. Por último, Haymitch, que antes de voltar a ser humano, trouxe as duas garotas do território da Toca até o Continente.
Haviam vencido.
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Venezza
Short StoryTrês Cortes precisam de suas Divindades para proteger o Continente de uma fera indomável e sedenta por sangue. Todo o conflito histórico há de banhar o continente em lágrimas e sangue, ou tudo será salvo?