Capítulo 11: Como posso te amar se de você vem minha pior dor?

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Recomendo fortemente que ouçam as músicas que eu ouvi enquanto escrevia esse capítulo:

Playlist SEV7N: https://open.spotify.com/playlist/5OKOWmTPfT3KkQTewLBiIn?si=LXVi_-FZRS-uJuZ7J0MMmA

Too Good At Goodbyes- Sam Smith

Falling-Harry Styles

Still With You- Jung kook


Estou andando há uma hora, vagando como louco pelas ruas de Seul e não sei para aonde estou indo. A voz da ex de Jimin ainda ecoa em minha cabeça: "Ele... ele é o filho do homem que eu matei. O homem que nós dois atropelamos e eu não consegui salvar." Minha mente é puro caos, penso em parar em qualquer esquina e me afundar em álcool para quem sabe assim fazer essa dor parar, mas não é isso o que eu preciso, eu preciso sair daqui. Preciso da minha mãe, da minha avó, eu preciso do meu pai. O meu pai que partiu porque duas pessoas o tiraram de mim e agora eu estou apaixonado por uma delas.

Olhar para Jimin agora é impossível, por isso o deixei naquela escada. Seu olhar de surpresa e preocupação ainda estão gravados em minha mente. Mas como ele poderia não saber que tirou meu pai de mim, quando ele está envolvido em tudo isso? E por que minha vida tem que ser essa grande merda? Por que entre todas as 8 bilhões de pessoas que existem nesse mundo eu tinha que amar Park Jimin?

A única coisa que tenho claro em minha mente é que meu pai morreu porque uma médica errou. A partida inesperada do meu pai tem nome e sobrenome: Ha-Yun. E agora eu a ouço dizer que o homem que eu amo estava no carro com ela, que eles atropelaram meu pai.

Que ironia é essa do destino por me fazer conhecer e me apaixonar por Jimin? Se eu pudesse voltar no tempo, não esbarraria nele no aeroporto, não o serviria na cafeteria, não teria aceitado ir a balada com ele, não teria feito tudo o que eu fiz por ele, porque toda vez que eu penso nele agora dói.

Não me recordo muito daquela noite. Lembro do clima úmido de julho, do dia exaustivo na cafeteria depois de um período de provas na universidade e dos sermões infindáveis que Alicia me dava.

Naquele dia meu pai estava tão feliz por ter sido promovido, ele dizia que eu poderia economizar para comprar um carro com o dinheiro que eu fazia questão de mandar para eles mensalmente. Mas acima de todas as lembranças, a dor que senti quando minha mãe me ligou tarde da noite e me pediu para ir para Busan ainda me assombra. Ela não queria dizer o que estava acontecendo, mas eu senti que algo estava errado, por isso a pressionei até ela falar, e ainda me recordo do som da sua voz entre prantos me dizendo que meu pai havia morrido.

O meu mundo caiu. A sensação de mil agulhas perfurando o meu corpo não chegaria perto da dor que senti ao saber que o homem que eu tanto admirava havia partido de um jeito tão rude. Meu pai não morreu na velhice como ele dizia que morreria, não viu seu único filho formado na universidade, não conheceu a família que ele disse que eu formaria, não ficou com a minha mãe como ele disse que ficaria. Foi Namjoon e Yoongi que me levaram para Busan naquele dia, sem eles eu não sei se conseguiria estar lá. Quando vi minha mãe e minha avó chorando, eu senti que parte de mim, dos meus sonhos, morreu também naquele dia.

Agora revivendo o momento, mesmo com as imagens turvas em minha mente, eu lembro dela, da imagem da Ha-Yun no velório do meu pai. Lembro da mulher transtornada ajoelhada diante da minha mãe pedindo perdão e dizendo que sentia muito. Essa imagem nunca havia aparecido pra mim dessa forma, eu sempre lembrava de uma mulher desesperada, mas nunca com quem ela estava. E hoje ao ver ela ajoelhada daquela forma na escada diante de mim e de Jimin me fez voltar ao pior dia da minha vida. Mas eu não lembro dele, eu não lembro de Jimin.

SEV7N ● JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora