ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆 𝕆𝕀𝕋𝕆

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As mãos de Randy estavam enfiadas profundamente nos bolsos, a cabeça baixa enquanto o guarda o guiava pelos corredores largos e tortuosos do Sanatório Estadual e Centro Correcional de Lucia. Ele não ergueu os olhos do chão de ladrilhos cinza reflexivo, muito empenhado em observar seu reflexo se transformar enquanto caminhava.

Visitar sua tentativa de homicídio parecia uma ideia melhor no carro. Randy levou meia hora sozinho para se convencer a sair do estacionamento enquanto ainda tinha chance. A energia magnética zumbia pelas paredes da instalação. Seus passos eram irregulares e sua boca estava seca.

Ele tentou ligar para Dewey de um telefone público na beira da estrada, mas o filho da puta estava bêbado demais para ouvir o telefone tocar. Provavelmente foi o melhor, de qualquer maneira. Randy não queria que ninguém tentasse dissuadi-lo. Lutar contra sua própria autopreservação já era um desafio por si só.

“Mantenha-se sempre a pelo menos um metro de distância do vidro” disse a guarda, girando um longo cordão preto entre os dedos. “Não coloque nada na abertura da refeição e não faça nada que provoque o preso.”

Randy assentiu, finalmente olhando para cima quando se aproximaram da parede de tijolos no final do corredor. Ele teve bom senso suficiente para se encolher com a ideia de quebrar qualquer uma dessas regras. Ela provavelmente já os recitou um milhão de vezes para um milhão de outras pessoas. Ele se perguntou quantos deles se preocuparam em ouvir.

A guarda estreitou os olhos e gesticulou para o ar com o queixo. "Estarei de volta em quinze minutos para buscá-lo."

Quinze minutos foi tempo mais que suficiente para dizer o que precisava dizer e dar o fora.

Foi só quando os passos altos do guarda se tornaram um estalo distante em seus ouvidos que Randy se atreveu a se virar e encarar a sala de tijolos, envolta por uma espessa camada de plexiglass e completamente isolada do resto do corredor.

Havia uma cama pequena encostada na parede mais distante, com uma pia de porcelana enferrujada perto. Pairando acima dele havia um espelho lascado onde ele viu seu próprio reflexo, e uma escrivaninha de madeira desgastada na parede oposta. Despido, mas confortável com tudo considerado.

Randy ficou enojado ao saber que alguém como Mickey tinha acesso a coisas tão básicas. Ele deveria estar apodrecendo na prisão pelo inferno que fez você passar.

Uma sombra mudou no canto mais distante da cela. Fale do diabo e o diabo aparecerá.

"Randy, porra, Meeks!"

Mickey Altieri saiu da escuridão e caminhou até o centro do palco de seu quarto confinado. Ele batia palmas lentamente, balançando a cabeça com o sorriso torcido que assombrara Randy por meses a fio. "Eu pensei que tinha matado você, seu bastardo sorrateiro!"

"Sim? Você pensou errado."

"Isso é certeza."

Mickey cruzou os braços na frente de sua camiseta fina de algodão, batendo os pés e fazendo o tecido de sua calça folgada de moletom azul esticar.

"Cristo, Hannibal Lector muito?" Randy bufou, esquecendo momentaneamente a promessa que fez a si mesmo e ao guarda. Não provoque o preso.

Mas Mickey não pareceu provocado. Ele sorriu e descruzou os braços, exibindo seu traje de prisão. "Não é legal? Eles têm um canibal de verdade aqui em algum lugar. Cela 35A, eu acho."

"Eu não vim aqui para vasculhar o hospício, Mickey."

"Não?" ele inclinou a cabeça em um ângulo não natural e se aproximou da barreira de vidro – a única coisa que o impedia de estender a mão e fechar o punho em volta da garganta. "Você veio aqui só por minha causa, Meeks?" Ele perguntou, piscando os cílios.

𝚂𝙻𝙰𝚂𝙷𝙴𝚁 𝙶𝙸𝚁𝙻Onde histórias criam vida. Descubra agora