CAPÍTULO 4: Como se portar?

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- Vai, engole esse pão. Se chegarmos atrasados hoje de novo, não vou poder sair mais cedo - apressei o Mark, que estava demorando uma eternidade pra terminar o café.

- Calma! São 8h00 ainda, falta uma hora pra gente ir trabalhar. - ele respondeu de boca cheia com uma cara feia, enquanto terminava de mastigar.

- Eu sei, tô com medo do Carl descobrir que eu vou sair mais cedo pra ir pra um bordel. - respondi meio desacreditada ainda.

- Você sabe que precisa ir né? - ele me alertou, dando uma última golada no café, que felizmente não tinha sido preparado por mim.

- Eu sei e eu vou. Acho que eu tô ansiosa. Eu pareço estar?? - disse um pouco ofegante, basicamente respondendo minha própria pergunta.

- Se a ansiedade pudesse ser literal, seria você nesse exato momento. - ele me olhou de cima a baixo.

- Droga...

- Acha que eles vão matar a gente? - Mark jogou a pergunta de repente.

- Como é?

- A turma do Russ, sabe? Será que eles vão ficar putos quando notarem que o chefe deles sumiu e sair ameaçando matar meia cidade ou ao menos quem interagiu por último com ele? - Mark questionou um pouco preocupado - Tipo, tem doido pra caramba nessa cidade e eles não dão conta de todo mundo. São o que? 15 homens no máximo?... Mas e a gente? Acha que damos conta deles?

- Eu não tinha pensado nisso... - um calafrio subiu pelo meu estômago. Mark e eu não havíamos parado pra pensar em algo do tipo, mesmo sendo tão obvio.

- Não devia ter te colocado nessa ideia idiota, a culpa é minha, devíamos ter pensado melhor antes de sair fazendo as coisas. - ele suspirou.

- Não, Mark. Me escuta. - Fui até ele, sentando na cadeira ao lado. - O meu plano era 10x pior. Nem sabíamos se ele ia vir pra cá ou não, do tempo que estamos aqui uns 10 desembarques foram feitos e ele não estava em nenhum deles. Não sabíamos quanto tempo teríamos pra planejar com precisão. Eu posso, sei lá, levar ele pra longe e depois a gente enterra ele. Sem testemunhas, sem corpo... E outra, eu vou estar com as meninas da Geraldine, que culpa eu posso levar? Posso dizer que ele saiu comigo, fez o que tinha que fazer e foi embora. O cara é um carrasco, deve ter mais gente querendo matar ele.

- Que encrenca Kaya...

- Vai dar certo. - disse confiante, mas logo desmanchando a expressão em meu rosto. - Olha Mark, preciso que me prometa uma coisa. - comecei a falar.

- Ah... Não. Se é o que eu tô pensando, eu não quero saber. - ele se levantou pegando as chaves, não me deixando terminar - Já conversamos sobre isso umas mil vezes e eu acho que não preciso repetir.

- Mark, essa luta é minha, se algo acontecer comigo eu não quero que aconteça o mesmo com você.

- Você já me disse isso e eu só concordei em te ajudar se fosse até o fim, sem meias parcerias. Você me ajudou quando eu precisei e agora eu estou te ajudando. - ele insistiu, enquanto saíamos de casa - Eu não vou te abandonar caso algo dê errado.

- Tá mas...

- Kaya, presta atenção. - já do lado de fora, ele parou em frente a porta, um pouco irritado após tranca-la. - Eu não tenho nada a perder. Eu não tenho família, perdi meus pais quando era mais novo e recentemente o meu irmão. Você é a única pessoa a qual eu me importo e pra mim morrer te defendendo não seria algo a se arrepender. Seria como morrer pela minha família. Você é a única coisa que me sobrou.

Parei por um instante processando todas aquelas informações enquanto ele descia a rua na minha frente. Acabei me sentindo mal pelo Mark e pela família dele, mas ainda pior por lembrar que eu ainda tinha meu pai, mas estava a quilômetros de distância e não sabia como ele estava depois de dois anos longe, se ainda estava vivo ou se qualquer coisa havia acontecido com ele.

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