Capítulo 6

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Isabella Barcelar

- Eu não ia. – Falo tentando disfarçar.

- Eu sei que ia.... Bem, pelo jeito você chorou muito. O que aconteceu com vocês dois? – Ela pergunta curiosa.

- Não temos intimidade para isso. – Falo me defendendo.

- Não. Mas quero ajudar. A dor que eu sempre vi. Está aí. Agora. Bem nítida. Era disso que eu estava falando. E poderia ser pior. – Ela explica tentando não brigar.

- Então esse é o castigo dos Deuses que você tanto falou... Castigo recebido. – Falo com ironia.

- Não deboche dos Deuses menina. Tenha respeito. De que castigo está falando? O término de vocês? Isso não é um castigo. Vocês foram avisados e não respeitaram, não era nem pra ter começado esse relacionamento. – Ela fala brava.

- Você não sabe de tudo. Não consegue ver o que está acontecendo? – Eu afasto o telefone para mostrar o quarto de hospital.

- O que é isso... Está no hospital?? O que aconteceu.... Essa.... Luz.... Você.... Está grávida. – Ela me olha assustada e eu chego o telefone mais perto.

- Como sabe? – Fico mais assustada.

- A áurea na sua barriga. – Ela fica me olhando. – Mas Zuri disse que você não podia engravidar. – Ela fica confusa.

- Sim. Esse foi meu castigo. Estou presa a ele. Pra sempre. – Falo com um nó na garganta.

- Menina. Uma gravidez não é um castigo pra ninguém. Nunca será. Criança é benção. E essa alma já está aí. Ouvindo tudo. – Ela fala com calma.

- De um homem que me traiu. Da maneira que foi. Sabendo do meu passado? Sem dúvidas é. – Falo com raiva.

- O bebê não tem culpa disso. Vocês trouxeram ele ao mundo, a culpa é dos dois. – Ela fala com a mesma calma.

- E Caleb nunca vai saber da existência dele. – Falo segurando as lágrimas.

- Isabella, não sei das leis do Brasil, mas aqui na África, o pai tem o direito de saber da existência da criança, é escolha dele querer conviver ou não. Ele tem que ter essa escolha. – Ela fala preocupada.

- Não posso contar a ele. Não posso conviver com ele. Não depois disso. Não quero estar perto dele. – Falo e uma lágrima cai.

- Mas é direito dele Isabella.... – Ela de mantém calma.

- Direito??? Mas porque ele fez isso? A gente estava bem... Feliz... Nossa vida estava corrida mas era pra realizar nossos sonhos, principalmente a droga do sonho da fábrica dele. Porque ele fez isso? Ele sabe que meu ex marido fez exatamente a mesma coisa. E me traiu da mesma forma. Ele sabia o quanto isso tinha me machucado e fez o mesmo. Eu não posso olhar para o Celeb.... Não consigo... Não consigo acreditar que ele fez isso comigo.... Que ele é assim... E não consigo entender porque mesmo depois disso... Eu ainda o amo.... – Começo a chorar.

- Isabella o amor é complicado. Ninguém disse que seria fácil. E não é pra ser. Nada que é fácil vale a pena. – Ela tenta sorrir. Mas... Tem certeza que ele fez isso? O Caleb não parece ser assim. – Ela fica me analisando.

- Está defendendo ele ? – Pergunto irritada.

- Não. Só estou pedindo para pensar friamente. – Ela se explica.

- Desculpe Ayo, mas estou ocupada. Mande um beijo para Zuri. – Término e desligo a chamada.

Desligou a vídeo chamada, deito na cama e volto a chorar.

.....

Três dias se passaram e André tinha arrumado um apartamento pra mim. Ficava a uma hora da casa dos meus pais. Eles dormiram no meu apartamento no primeiro dia. Marina ficou muito preocupada, não queria me deixar sozinha. Mas André se propôs a ficar.

O combinado seria receber a visita dos meus pais no final de semana e André ficaria comigo dia de semana e folga final de semana. Não tinha necessidade nenhuma, mas Marina insistiu e André quis ficar. Eu aceitei mas em breve iria mudar isso.

Depois de uma longa viagem chegamos até o meu novo apartamento. André já tinha se encarregado da mobília. Ele disse que pediu na loja “coisa de gente rica e fresca” ele tentou fazer uma piada. Eu realmente não estava bem.

Não estava mais com enjôo e não tinha nenhum sintoma. Mas estava emocionalmente estranha. Me sentia triste, desanimada. André passava os dias tentando me animar. Me perguntava se eu tinha algum desejo. Se eu queria andar na rua. Mas eu só tinha vontade de ficar deitada na cama.

Sempre quis se mãe. No início, antes de Levi, eu imaginei que teria uma família linda, um marido que iria me amar e ficaria feliz com a gravidez. Eu tiraria fotos para acompanhar o crescimento da barriga, os dias de fazer a ultra seriam um festa. Eu seria feliz.

Mas depois de conhecer Levi, fiquei mais pé no chão. Quando me separei dele desacreditei do amor. Eu sabia que iria adotar ou fazer uma inseminação artificial, e no momento que eu recebesse o positivo ficaria muito feliz. Teria o apoio do meu pai e de Marina, montaria o quarto do bebê. E agora aconteceu, e eu só tenho vontade de chorar.

Caleb me mandou algumas mensagens mas eu arquivei a conversa para não ver as mensagens dele. Ele me ligava todo dia, mas eu não atendia as ligações. Eu odiava Caleb e amava ao mesmo tempo. Eu pensei que com o tempo esse sentimento iria embora, mas não foi.

....

Eu já estava a duas semanas no meu novo apartamento quando decidi ir a empresa para assinar uns documentos e pegar algumas coisas na minha sala. Na verdade era uma desculpa para sair de casa. Não aguentava mais ficar presa no apartamento.

Depois da sair da empresa Marina me obrigou a jantar com eles. Ela me ligou e ficou argumentando por longos minutos e tentando me fisgar pelo estômago dizendo que iria preparar as minha comidas preferidas. Que queria alimentar o neto ou neta dela.

Eu estava muito desanimada, mas era bom voltar para casa, mesmo que por algumas horas. Então depois de algumas horas no escritório, eu peguei um carro e fui para a casa de meu pai. Chegando lá Marina tinha comprado várias roupas de bebê que servia para menino e menina. Comprou sapatinhos e algumas mantas.

Destinada ao Amor - Final Onde histórias criam vida. Descubra agora