Isabella Bacelar
Eu estava voltando pra empresa aos poucos. Malik já estava bem adaptado a creche. Já não chorava mais pra entrar, o que era ótimo. Hoje ele faltou porque meu pai prometeu levá-lo a uma apresentação temática do dinossauro preferido dele. Um desenho que os dois assistem juntos.
Estava na hora de sair de casa e Malik já estava arrumado sentado na sala assistindo o desenho. Eu termino de me arrumar e chamo o carro. Descemos correndo e vamos direto para o portão. Malik vai no caminho me contando os planos que ele tinha feito com o avô.
E o plano era ver o John dinossauro. Tirar fotos com ele. E depois comer batata frita com suco de laranja. Ele repetia do jeitinho dele que era a noite dos homens. Meu pai que inventava essas coisas. Mas é óbvio que não teria batata frita pra ninguém. Eu buscaria os dois depois da apresentação.
Chegando no escritório, a minha secretária me deu alguns contratos pra eu levar pra casa. Malik já conhecia o lugar por inteiro. Já estava visitando a alguns dias com o avô. Meu pai dizia que era o dia do neto no escritório. Isso se repetia várias vezes durante a semana. Depois da escola de Malik por insistência minha. Se eu deixasse por meu pai, Malik faltaria todo dia para ficar desenhando no escritório.
Ele foi andando, explorando o lugar. Eu estava na minha sala pegando os contatos e olhando outros documentos que precisava levar pra casa. Iria aproveitar a saída dele para colocar tudo em dia. Escuto o barulho típico de Malik no escritório. A paciência dele já tinha acabado e ele estava batendo com algo na porta do escritório do meu pai. O que sempre acontecia.
Saio correndo da minha sala e vejo a cena de sempre. Malik em pé na porta do meu pai. Batendo com um brinquedo. A secretária morrendo de rir.
- Malik... Não faz isso. O vovô está trabalhando... Já conversamos sobre isso menino. – Falo desesperada.
Ele ne olha sorrindo. Ele sabia que estava fazendo bagunça, mas ele gostava disso. Malik começa a rir. Eu amava essa risada dele. Conseguia ver todos os dentinhos. Dou uma mordida nele e logo depois meu pai abre a porta. Malik se joga automaticamente no colo do meu pai. Era sempre assim.
Meu pai pergunta aonde ele achou a banheira do peixe. Era um brinquedo dele que estava sumido a muito tempo, eu já tinha perdido as esperanças de conseguir achar. E então Malik disse que um homem achou. Ele aponta para o homem sentado no sofá e eu olho.
Meu coração gela quando nossos olhos se cruzam. Sinto meu coração parar. Era Caleb. Ele estava mais magro, abatido. Mas ainda era lindo. Ele estava me olhando assustado. Acredito que não sabia da minha presença. Eu fico nervosa e então Malik sai do colo do meu pai. Os homens saem de dentro da sala e vejo Malik abrindo o frigobar. Ele sempre fazia isso. Procurava os doces que meu pai sempre escondia no frigobar. Entro na sala rápido. Mas escuto Caleb falar nervoso.
-Tudo bem... Eu... Eu... Posso vir... Outro dia. – Ele fala quase gaguejando.
Meu pai entra na sala, fecha a porta e fica me olhando. Coloco Malik para assistindo um vídeo no computador dele e sento ao lado do meu pai no sofá.
- Pai... Tinha que ter me avisado. – Falo nervosa, mas baixo.
- Eu esqueci. Desculpe filha. Juro que não fiz por mal. – Ele fica mais nervoso.
- Tudo bem... Já está feito... Será que ele desconfiou de algo? – Olho pra ele.
- Não... Acho que não. – Ele fica pensativo.
Meu pai saiu da sala pensando em uma desculpa, mas Caleb já tinha ido embora. Era melhor assim.Meu coração ainda estava acelerado. Caleb não tinha mudado muito. Ainda era o mesmo de sempre. Mexeu comigo. Mas eu me forcei a lembrar o motivo do nosso termino. Eu não podia sentir mais nada. Era o certo... Ele me traiu, da pior maneira possível.
....
Meu pai saiu do escritório com Malik para ir no evento do dinossauro. Eu peguei um carro e fui para a casa dos meus pais. Precisava ver Marina.
O carro me deixa no portão e eu vejo Marina me esperando de braços cruzados. Ela provavelmente já tinha sentido que algo estava errado ou meu pai pode ter ligado pra ela.
- Seu pai me contou muito nervoso o que aconteceu. – Foi a segunda opção então.
- Sim... – Falo e entro em casa.
- E como foi pra você? – ela fica me analisando sentada ao meu lado.
- Eu não sei... Ele não mudou muito... Está um pouco mais magro... Abatido... Mas sei la.. Mexeu comigo... Não vou mentir pra você. - Falo nervosa.
- As esposas de Saul e Paulo falaram que eles estão se encontrando com Caleb. Parece que a amizade voltou. – Marina fica me olhando.
- Todo mundo já esqueceu o que aconteceu então. – Falo olhando as plantas.
- Estão dizendo que ele não fez. Paulo demitiu três pessoas no hotel que estava envolvidas nisso. Parece que eles tem provas de que foi armado. Conseguiram uma confissão. – Marina fica me analisando.
- Será? Será que foi armado? – Olho pra ela.
- Eu não sei. Mas você sabe que Saul é sério e gosta muito de você. Como se fosse filha dele. Sabe o quanto ele já cuidou de você. Se ele está ajudando Caleb. Então ele achou algo concreto. Ele não mudaria de ideia por qualquer coisa. – Marina da a cartada final.
- E o que você acha? – Olho pra ela analisando.
- Acredito que pode ter sido armado. Caleb te amava muito. Era nítido. E ele não parecia ser esse tipo de homem. Mas não podemos confiar em ninguém.... Sei lá. – Marina tenta sorrir.
- Não vou voltar ao passado. Eu segui em frente. Hoje tenho a minha família. Não posso voltar atrás. Vou esquecer essa história. Não era pra ser. – Falo e me levanto.
Fico analisando a paisagem e lembrando dos meus dias com Caleb. Eu era feliz naquela época. Eu estava muito feliz. Mas ele decidiu estragar tudo.... Mas... E se tudo isso for armado? Se no final alguém só quis nos prejudicar e acabar com o nosso relacionamento? Tio Saul não ficaria ao lado ele se não tivesse algo muito concreto, Marina está certa. Mas eu não posso acreditar. A foto era real. Eu levei pra analisar meses depois, eu ainda não queria acreditar que Caleb tinha feito isso comigo. Mas a foto era real. E a foto não mentia. Ele estava deitado nu com uma mulher na cama. Os dois estavam dormindo. Ela estava deitada pro cima dele, pareciam ter intimidade.
Eu estava voltando a dor do passado. Sentia vontade de chorar de novo. Respiro fundo e vejo meu celular tocar. Uma mensagem de texto. “ Vamos jantar amor? Passo aí pra te buscar em 5 minutos.”
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Destinada ao Amor - Final
RomanceAmor... Almas gêmeas que estão destinadas a não ficarem juntas de jeito nenhum. Um erro do destino ? Do cosmo? Deus ? Cada cultura vai entender de um jeito. Mas precisamos assumir as responsabilidades sobre as nossas ações. Não sei a sua opinião, m...