Capítulo 3 - passos não dados;

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Antes do sol nascer, estava de pé.

Obrigou-se a deixar seu casaco de couro no guarda roupa, porque estar naquelas vielas com uma peça tão chamativa não seria nem um pouco inteligente da sua parte.

Mas, de todas as formas, logo o sol se faria presente, então não haveria necessidade de vestir-se com mais roupas do que seu corpo pedisse.

Também, acostumou-se há muito com a baixa temperatura, independente de onde estivesse.

Com seus passos cautelosos, andava pelas ruas já abastecidas de pessoas, as quais saiam de suas casas para trabalhar e conseguir seu pão de cada dia. Surpreendentemente, via crianças ali mesmo sendo cedo, e isso remeteu a sua infância, por míseros segundos pois balançou a cabeça assim que percebeu o rumo de seus pensamentos.

Se agarrar a uma memória fora de casa seria sua perdição.

O cheiro de sopa e chá verde afetou suas narinas enquanto continuava andando rumo ao seu destino daquela manhã. Os estabelecimentos 24 horas entre uma rua e outra continham uma certa melancolia que Sasuke achava desagradável devido ao horário, porém em outros tempos certamente se aproveitaria daquilo para aprontar coisas de adolescente rebelde.

Uma época distante, de fato.

Continuou andando ora no asfalto ora no passeio, repetindo para si mesmo mentalmente o endereço guardado antes de sair da sua casa. Queria entender o que se passava na cabeça do idiota que pensou ser melhor se esconder nas vielas de Osaka, pensando ser um bom esconderijo. Existiam disfarces melhores, porém os questionamentos não eram de sua alçada, então cabia apenas cumprir seu papel.

Adentrou um dos vários becos, rapidamente localizando a casa descrita por Shikamaru na noite anterior pelo telefone. O número estava meio apagado, mas o Uchiha sabia que era ali o seu primeiro destino do dia.

Subiu alguns poucos degraus acessando rapidamente a porta de madeira meio descascada, dizia muito sobre pessoas que provavelmente não optaram morar ali, mas era a única opção que lhes cabia. Ao contrário do dono daquele barraco que iria entrar, em específico.

Nem mesmo bateu na porta, apenas girou a maçaneta, percebendo que estava destrancada. Um sinal.

Havia pouca iluminação na casa, notou isso prontamente. Uma lâmpada piscava bem como as de casas noturnas, deixando o ambiente levemente escurecido ainda mais mórbido. As paredes estavam como a madeira da entrada, também descascadas e com resquícios de mofo. O que antes possuía papel de parede listrado, agora mostrava os tijolos revestidos de cimento.

Mal adentrou a casa, e logo tratou de desviar das agulhas que voaram em sua direção, para segundos depois mudar rapidamente os pés de lugar, onde uma armadilha de caça enferrujada poderia facilmente esmagar seu pé junto com a madeira do chão.

Sabendo que não acabou, Sasuke ouviu um click vindo atrás da sua cabeça. Um sorriso convencido por ter identificado o som da calibre 38 despontou dos seus lábios e, sem temor nenhum pela própria vida, se virou dando de cara com a pessoa que supostamente poderia tê-lo matado se quisesse.

Mas ambos sabiam quem ganharia essa briga se fosse pra valer.

— Perdeu a criatividade por acaso? – murmurou observando-o – Já foi mais criativo que isso.

O riso zombeteiro é tão parecido quanto o seu.

— Não sei se percebeu, mas as opções aqui são limitadas e também, evito chamar a atenção, afinal eu já morri – a arma permanecia empunhada, mirando perfeitamente no centro da testa de Sasuke.

— Hm, é verdade, esqueci desse detalhe – Sasuke deu de ombros – Mas então porque continua com isso apontado na minha cara? Achei que os fantasmas não conseguissem pegar nada.

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