Amizade com benefícios

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Quando entrou para a faculdade de engenharia, Satoru conheceu um novo mundo de festas e possibilidades. No passado, quando ainda estava na escola, frequentemente era procurado por alunas que se interessavam em ter uma chance com ele, e isso não foi diferente na faculdade. É claro que ele aproveitava todas as oportunidades, na segunda-feira, estava com uma garota, na terça-feira, com outra, na quarta, com um garoto, e cada dia da semana era um novo alguém, o qual ele nem mesmo se lembrava o nome e se esquecia rápido de suas características.

Mas, além disso, outra pessoa frequentava a mesma faculdade. Suguru, melhor amigo de Satoru, cursava arquitetura, e, mesmo em cursos diferentes, estavam juntos o tempo todo. Eles viviam em apartamentos vizinhos, porém, Satoru sempre dava um jeito de dormir na casa do moreno. Para ir a aula, Satoru dirigia no novo carro que comprou e oferecia carona para Suguru. Durante o intervalo das aulas, eles sempre se viam, ou mandavam uma mensagem reclamando que determinada disciplina era um tédio e que era melhor gastarem o tempo em outro lugar, no fim, era apenas uma desculpa para se encontrarem.

No entanto, o ponto principal era que, em uma noite no apartamento de Suguru, quando os dois estavam deitados no sofá assistindo um filme, Satoru abraçou o moreno e deixou um beijo em seu pescoço. Para ele, era algo normal, mas, para Suguru, o coração quase saiu pela boca. Já fazia um bom tempo desde que admitiu para si mesmo que estava apaixonado por seu melhor amigo, porém, o albino era lerdo o suficiente para não perceber. De qualquer forma, Satoru sempre fazia isso, o beijava na mão quando entrelaçavam os dedos, deixava um beijo no pescoço do garoto, ou onde os seus lábios alcançavam, principalmente no rosto.

Depois disso, Satoru ficou ocupado comendo uma barra de chocolate, afinal, era viciado em doces. Por outro lado, o moreno estava com os olhos presos na tela da televisão, pois o filme já estava no final. Então, ele ergueu a mão e mostrou a palma, esperando receber um pouco do doce.

— Me dá um pedaço? — ele pediu, sem olhar para o lado.

— De jeito nenhum — o albino respondeu. — É o meu chocolate.

Suguru o empurrou de leve no ombro.

— Para de ser chato, Satoru. Eu só quero um pedaço, não vou comer tudo.

Naquele momento, o de cabelos brancos teve uma ideia. O motivo? Estava desenvolvendo um interesse especial por seu melhor amigo. Na percepção de Satoru, era apenas uma vontade indiscutível de provar os lábios dele, ignorando o fato de que o amava perdidamente. Nenhuma pessoa mexia com a sua mente como Suguru Geto, ninguém o deixava enciumado como ele, ou causava uma paixão que o deixava suspirando o dia todo. Ele queria estar todos os dias na presença desse homem, tinha medo de perdê-lo e estava sempre pensando nele. Se sentia completo quando estavam juntos, era o único que ele confiava e queria por perto. O único que ele prestava atenção nos mínimos detalhes e que sentia vontade de provocar a todo momento. Isso não era amor, certo? Na percepção dele, era apenas um sentimento que amigos tinham um pelo outro.

— Então, vem pegar — respondeu.

Quando olhou para o lado, o moreno se deparou com Satoru mantendo um pequeno pedaço de chocolate entre os dentes, insinuando que era para que pegasse em sua boca. A partir disso, Suguru engoliu em seco.

O filme continuou a avançar, mas os olhos escuros encaravam o azul hipnotizante no rosto daquele homem. Seja como for, o albino sabia que Suguru iria desistir, não apenas isso, iria socá-lo por essa tentativa de flerte, porém, para a sua surpresa, ele realmente avançou e encurtou a distância entre os seus rostos.

Havia uma tensão perceptível naquele momento, a ponto de que nem mesmo o som alto da televisão parecia ser ouvido. As luzes estavam apagadas e a tela iluminava as suas peles. Vagarosamente, Suguru se aproximou, e talvez Satoru estivesse louco por achar que havia um ar sedutor em suas ações. 

No limite da amizadeOnde histórias criam vida. Descubra agora