Heart Over Mind | Sevmione

4. As conversas ressoam em minha cabeça

Pelo dicionário trouxa que seus pais haviam comprado para seu aniversário de 10 anos, Hermione sabia que a definição mais básica da palavra "obssessão" era "uma motivação irresistível".

Assim que chegou a Hogwarts e ao mundo mágico, ela se deleitou com uma das muitas descobertas que havia feito naqueles primeiros meses, antes que o encontro com o troll a levasse a ter amigos: dicionários mágicos, repletos de palavras que ela nunca tinha ouvido e palavras que ela tinha ouvido, mas que tinham significados completamente diferentes no contexto da sociedade não-trouxa. Na edição de 1907 do dicionário mágico mais confiável - Oxford Crossing's Dictionary of Magical English - a palavra "obsessão" tinha quatro páginas com significados sutilmente diferentes, que iam desde a superficial "motivação convincente" até a definição psicológica do medibruxa de distúrbio mental, um distúrbio mental que era bastante prevalente entre as pessoas mágicas que trabalhavam como antiquários especializados.

De todas as várias nuances da palavra, Hermione sabia que a que ela preferia era a 8a: uma preocupação persistente e perturbadora com uma ideia ou sentimento muitas vezes irracional.

Essa também era a definição que mais se aplicava ao seu atual estado de fixação com os eventos que haviam acontecido no dia anterior. Apesar de ter prometido a si mesma até tarde da noite, ela não havia deixado o assunto para trás e seu desejo de entender e suprimir estava fazendo com que ela agisse de forma um pouco irracional e, embora não totalmente, imprevisível.

Ela precisava seguir em frente, precisava parar de pensar em toda aquela bagunça horrível. Porque sua preocupação com isso era perturbadora e persistente. Além disso, ela estava irracionalmente centrada em um homem irracional e misterioso.

A própria definição de obsessão.

Ao se levantar mais cedo do que qualquer um de seus amigos - e do que toda a Torre da Grifinória -, Hermione chegou e encontrou o Salão Principal praticamente vazio de alunos, exceto por uma prefeita do sexto ano da Corvinal chamada Anna, que estava ocupada trabalhando no que parecia ser Aritmancia. Sem lhe dar um rápido sorriso de saudação, Hermione se acomodou à mesa da Grifinória e comeu rapidamente, esperando evitar toda a conversa curiosa do café da manhã que inevitavelmente se concentraria nela. Sem dúvida, Parvati e Lavender perceberam que a defesa que fizeram de sua amada disciplina lhes custara a chance de interrogá-la sobre quem exatamente a tornara imune à poção.

Lembrando-se do pequeno discurso delas sobre a adivinhação com cristais, ela se lembrou de pesquisar os sujeitos e as pedras mais tarde. Não que ela acreditasse na arte, mas os paralelos eram impressionantes, especialmente a descrição da ágata azul e do rubi: uma jovem com aspirações à perfeição e uma tendência a trabalhar demais...

Que coincidência extraordinária.

Sem nunca perder tempo, Hermione passou a refeição agradavelmente silenciosa não apenas comendo, mas também planejando, enquanto traçava um plano detalhado para o seu dia. Ao contrário da grande maioria dos alunos de Hogwarts acima do segundo ano, esse plano não incluía a viagem de sábado a Hogsmeade. Ela tinha planos totalmente diferentes para o sábado.

"Acordou cedo, Hermione?"

Ela estava tão absorta em seu planejamento que não ouviu o Professor Lupin se aproximar, nem se deu conta de que ele estava ali, observando-a.

Apesar da surpresa, ela sorriu para ele ao responder. "Sim, tenho um monte de coisas para fazer."

Remus parecia estar se divertindo. "Nunca percebi que para ir a Hogsmeade era preciso acordar cedo."

"Ah, eu não vou", explicou ela. "Preciso ficar aqui e... terminar algumas coisas."

O instrutor lhe deu um tapinha preocupado no ombro. "Como você está se saindo ultimamente?"