Heart Over Mind | Sevmione

13. Depois que o brilho se esvai

Em toda a Grã-Bretanha mágica, havia poucos que entendiam de poções de forma tão complexa quanto Severus Snape. Para a maioria dos magos e bruxos, a criação de poções era simplesmente o negócio de misturar alguns ingredientes de forma que a receita fosse cumprida e o resultado desejado fosse alcançado. No mesmo nível, isso estava um pouco acima do estilo de cozinhar de muitos bruxos caseiros, em que os ensopados surgiam por meio de uma mistura de materiais disponíveis e com pouco pensamento real no processo, a não ser para apressar sua conclusão.

Severus Snape nunca gostou da analogia entre fazer poções e cozinhar. Equiparar os dois era simplificar seu ofício a tal ponto que ele perdia a complexidade que lhe dera o nome de "arte" séculos antes. Se - e somente nas circunstâncias mais terríveis - Snape fosse forçado a admitir as semelhanças entre a culinária e a fabricação de poções, ele preferia comparar a última mais à natureza metódica do cozimento do que à criação à toa de ensopados e molhos ferventes. Pelo menos no reino da panificação, era possível perceber um tipo de processo semelhante: a necessidade de seguir precisamente as etapas descritas pelos mestres, pois somente o conhecimento de um mestre de todas as nuances variadas era capaz de criar o esboço preciso da instrução; uma compreensão completa das interações e reações sutis que cada ingrediente separado trazia para o resultado, conhecendo inatamente os sabores insinuantes de cada parte e como eles contribuiriam para o sabor geral; e um padrão de excelência que acreditava que somente os melhores e mais puros ingredientes produziriam um produto superior.

A maioria dos bruxos e feiticeiros raramente dedicava tempo para aprender sobre as reações minuciosas entre os ingredientes que aconteciam no nível mais fundamental da preparação de poções; eles nunca entenderam de fato que a magia da poção não era simplesmente criada a partir das misturas corretas de partes para formar um todo, mas que sua magia era o ponto culminante de dezenas de diferentes fios de magia que se entrelaçavam em circunstâncias ideais para criar algo mais forte e mais poderoso do que eles mesmos. E foi essa omissão que fez com que eles nunca entendessem completamente a importância dos ingredientes em sua coleta, contenção e uso.

Severus Snape, no entanto, entendia.

Ele entendia a importância do gerenciamento adequado dos ingredientes e em um nível muito mais complexo do que a maioria dos boticários que os vendiam ou dos ceifeiros que os colhiam. Havia uma magia em cada folha, galho e baga - e era uma magia que precisava ser preservada e contida para manter os ingredientes em sua potência máxima.

Foi esse profundo conhecimento das qualidades mágicas e da natureza dos ingredientes das poções que levou Snape a suas tarefas de coleta de ervas na Noite de Verão.

Dos ingredientes que ele usava que eram cultivados, Snape contava com uma combinação de suas próprias habilidades limitadas de jardinagem e com os despojos da Professora Sprout e os esforços de seus alunos mais avançados. No entanto, ainda havia alguns ingredientes que só podiam ser encontrados na natureza ou cuja magia, de outra forma mundana, era reforçada pelo cultivo na franja de arbustos não mágicos que circundavam o lago de Hogwarts, como se a proximidade do bosque com uma fonte tão forte de magia visceral como a Floresta Proibida aumentasse a sua própria magia.

Sentado em seu escritório pouco iluminado, depois de ter deixado a Srta. Granger no pátio externo, Snape delicadamente retirou uma grande lâmina curva de seu invólucro de camurça, afastando cuidadosamente o afiado fio de navalha de seus dedos. Ele inspecionou o gume de forma crítica, com os dedos de uma das mãos percorrendo os planos planos em busca de cortes invisíveis no metal amarelado que pudessem estragar sua superfície lisa. Satisfeito por não ter encontrado nenhum que pudesse estragar seu estado imaculado, Snape baixou gentilmente a lâmina nas proteções do couro e depois a estudou por um momento, contemplando em silêncio qual dos inúmeros feitiços à sua disposição funcionaria com mais eficácia no material flexível.