Heart Over Mind | Sevmione

25. Me entendendo, entendendo você

O dia de Natal chegou cedo demais para Hermione Granger. Depois do dia emocionante que tivera na véspera e das horas tardias que passara na véspera de Natal, ela estava longe de estar pronta para se levantar da cama quando Carolina bateu à porta do quarto, anunciando o café da manhã e ameaçando causar danos físicos se Hermione não se apresentasse em tempo hábil.

Enquanto se arrastava para fora da cama, apertando os olhos sonolentos enquanto tentava encontrar seu roupão de banho, Hermione agradeceu por pequenas bênçãos, como o fato de que ela só precisava vestir o tal roupão para estar apresentável o suficiente para o café da manhã de Natal. Ao contrário do ano anterior, quando seus avós estavam visitando, as manhãs de Natal dos Granger - tão raras e distantes quanto haviam crescido desde que ela foi aceita em Hogwarts - eram eventos descontraídos. Depois de um café da manhã leve, eles caminhavam, com canecas na mão, para sentar-se ao lado da árvore e distribuir os presentes, todos ainda em suas roupas de cama e com poucos planos de trocar de roupa. Este ano, Hermione sabia que seria a primeira a se arrumar, pois estava indo para Hogwarts no início daquela tarde.

Depois de passar a escova nos dentes por hábito natural e arraigado, Hermione se viu no espelho acima da pia e parou para esfregar as sombras sob os olhos, sem saber se a pele com aparência de machucada era resultado da noite tardia ou do rímel borrado. Sua noite tinha sido muito mais tarde do que ela havia planejado originalmente, mas isso não foi uma grande surpresa, não depois da reviravolta que a precedeu. Quando ela chegou à Toca para a festa dos Weasleys, já estava várias horas atrasada e a casa estava cheia de alegria, uma alegria que Hermione fingiu na maior parte do tempo. Embora Harry e Ron tenham se comportado admiravelmente durante o restante da noite, eles o fizeram principalmente mantendo-se o mais longe possível dela e Ginny seguiu o exemplo de Harry, embora continuasse lançando olhares culpados para Hermione sempre que pensava nisso.

Dado esse estado de coisas, Hermione originalmente duvidava que conseguiria passar uma hora, quanto mais mais; mas ela teve a sorte de ter um ás na manga na forma de Remus Lupin, que a encontrou não muito tempo depois de sua chegada e fez questão de ser seu companheiro constante durante a noite. Entre a camaradagem de Lupin e a graciosa atenção de Dumbledore, Hermione havia se distraído o suficiente com a companhia deles para durar até a hora da troca de presentes. Harry, Ron e Ginny se aproximaram dela em massa, trazendo presentes, e a timidez desajeitada e o constrangimento doloroso deles ao entregarem os pacotes brilhantemente embrulhados a fizeram lembrar-se das maneiras como eles agiam com ela após as discussões em seus dias de escola e ela sentiu os primeiros sinais de esperança desde que eles a procuraram em Hogwarts. A tensão diminuiu um pouco depois disso e algo que se assemelhava à normalidade quase se instalou entre eles.

Hermione estava pensativa, refletindo sobre suas esperanças e suas realidades, durante todo o café da manhã de Natal, fato que lhe rendeu uma dieta constante de olhares estranhos de Carolina enquanto comiam. Como sempre, seu pai era mais sutil, menos fácil de ser levado a reagir e, se ele notou o silêncio pensativo da filha, não o reconheceu.

Ela e a mãe estavam no meio da limpeza dos pratos quando o telefone tocou inesperadamente.

Carolina olhou na direção do escritório, onde a campainha estridente do telefone soou. "Quem liga tão cedo no Natal?", ela murmurou para si mesma, balançando a cabeça em sinal de desaprovação. "Hermione? Você poderia atender para mim?"

Hermione assentiu e se apressou pela cozinha e pela sala de jantar, pegando o telefone bem antes de achar que ele estava prestes a parar de tocar. "Residência Granger."

"Ah, maravilhoso!", ronronou uma voz feminina melódica, muito parecida com a de sua mãe. "Exatamente com quem eu queria falar! Feliz Natal, Hermione!"