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Roseanne

- Hey, que saudade de você!

- Oi, Zach..

- Está.. tudo bem? Me parece um pouco triste.

- Coisa da sua cabeça, como foi o plantão?

- Normal, sem muita agitação. Cadê a Laila e Lohan?

- Laila está na casa da Laura e Lohan quis passar a tarde na casa da Lisa.

- Uau, ele está bem próximo dela ultimamente, não é? Até parece que ambos se gostam - ele riu.

- Eles se gostam, não fale assim.

- Bom.. eu vou tomar um banho, quer pedir algo para o jantar?

- Faça isso, não estou com tanta fome.

Dei de ombros saindo do quarto, sem rumo certo, meio perdida em tantos sentimentos que não havia sentido se perder, porque eles eram óbvios, eles eram óbvios mas eu conseguia fazê-los serem distantes e completamente estranhos, distorcidos, complicados. Um único sentimento, uma única verdade e uma única decisão, era só isso que eu precisava fazer, admitir, contar aos quatro ventos, eu poderia fazer isso, eu conseguiria fazer isso.

Mas e depois? E depois o que aconteceria?

Primeiro achei que gostava da sensação de incerteza sobre tudo o que estava vivendo, mas naquele segundo, eu tive a certeza que não, não gostava. Não gostava de ficar com medo do futuro, de ficar pensando, colocando em uma balança, de novo e de novo, até a minha cabeça doer com tanta pesagem, eu realmente queria, Deus, como eu queria uma borracha gigante, pra apagar tudo, tudo o que aconteceu antes, apagar as minhas inseguranças, as minhas maldades, as minhas palavras, a minha dor, eu queria fechar os olhos, me jogar, me jogar nos braços dela e deixar que me embalasse, que me desse a única certeza que eu precisava.

A certeza que ela ainda me amava, e me via como a sua mulher. Era só aquilo que eu queria.

Eu sabia, eu sabia que aquilo era possível, mas a sua ida, a sua ira, também poderia ser possível, a sua recaída, a nossa recaída, também era tão possível quanto o nosso amor impossível que um dia foi tão mágico, mas que agora.. era apenas trágico.

Será que eu conseguiria sentir tudo de novo? Duas vezes? Pela mesma pessoa? A mesma forma que eu a olhava? A mesma forma que eu a contemplava? A mesma forma que eu me atirava em seus braços, e a forma que ela me envolvia.

Depois de tantos anos, eu conseguia saber que, sim, eu conseguia sentir duas vezes a mesma coisa, porém, com mais força, com mais intensidade, consequentemente, com mais medo, pavor, desesperança.

Então sim, ela seria melhor com outra pessoa, pois ela não era a única doente entre nós duas, eu também era, mais do que ela, e tudo o que ela merecia era alguém tão bom, que a fizesse sorrir ao invés de chorar, que a abraçasse ao invés de machucá-la, que a amasse ao invés de mandá-la embora. Lisa merecia ser feliz, e infelizmente, a sua felicidade não poderia ser achada em mim.

Pelo menos não mais.

Meus olhos se enchiam de lágrimas, as lágrimas de compreensão, em saber que perdi, perdi o que me deixava de pé, o o que me fazia bem, o que me amava da forma que eu queria, e que agora seria apenas uma pequena parte do que um dia foi algo perto de felicidade amorosa.

Como era cruel.. enganar a tanto, a todos, achando que era feliz, sendo que a minha felicidade a muito havia feito as suas malas e ido para a Europa. Mas o que eu poderia fazer? Não fazíamos bem uma para a outra, e sabíamos disso.

O seu sorriso me faria sorrir, mesmo que não fosse direcionado a mim, e sim a outra. Eu poderia me contentar com isso.

Ela ficaria bem, eu ficaria bem, ficaríamos bem uma longe da outra, essa era a história, o fim da nossa história.

All these years | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora