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Lalisa

- E.. como você se sente?

- Não sei.. triste pelo o papai não ter dado tchau.. por ele ter ido embora sendo que ele poderia ter ficado de alguma forma.. mas feliz.. por você estar aqui.. porém.. com medo..

- Medo do que?

- De você ir embora de novo, agora se você for embora, iremos perder tudo..

- Eu não vou mais embora, filho, irei ficar e cuidar de vocês.

- E a Grace?

- Esquece ela, está bem? Foque em ter uma boa noite de sono pois amanhã você tem aula.

- Você estará aqui amanhã quando eu acordar, mamãe?

- Bom.. isso depende da sua mãe.. mas quem sabe, meu pequeno.. quem sabe.

Sussurrei a ele, antes de acender o seu abajur, me abaixar e beijar a sua testa, ele abraçou o meu pescoço e se virou para poder pegar no sono, fiquei mais um tempo ali antes de sair, em encontro a Rosé. Ainda me sentindo perdida no que fazer e como agir, apenas esperando algo a mais acontecer, para me mostrar o caminho, de como deveria ser, e se deveria ser.

- Você.. está bem? - perguntei, parada na porta do seu quarto, ela maneou com a cabeça, olhando o seu closet, parte dele vazio.

- É.. ele levou tudo.. - suspirou - Eu sei que.. não o amava, mas.. passei treze anos ao lado dele, e agora é estranho de alguma forma.. não saberei explicar.

- Você não precisa explicar, e mesmo se tentasse, eu não entenderia. Ele vai responder a um chamado a algumas cidades daqui e depois irá se alistar no exército, bom, foi isso que ele disse pra mim.

- Só espero que.. ele ligue alguma vez.. pra falar com a Laila.. e pra mostrar que está bem..

- Quer que eu fale com ela?

- Não, Lisa.. ela não está pronta para isso, e se você se aproximar é capaz dela nos odiar ainda mais. Acho que precisa de um tempo para processar.

- É.. - concordei, se instalando um silêncio um pouco desconfortável para mim, e acho que pra ela também, então parei de adiar o que tanto fazia, a tanto tempo - Vamos conversar, Rosé, de uma forma sincera e honesta, coisa que nunca fizemos.

- Eu fui uma pessoa ruim, eu sei disso, sei que dirigi palavras ruins a você, te diminuía sempre que podia, te manipulava.. e não tem um motivo óbvio para isso, mas eu sabia.. eu sei.. que a forma que eu agi antes, era por medo.. medo de te perder.. medo de você se enjoar ou se cansar, medo de encontrar outra pessoa mais interessante.. eu recorri ao método mais errado para te ter comigo, e eu confesso que fui o problema da nossa relação.. e me perdoe.. me perdoe por não ser a Roseanne que você tanto queria, a Roseanne que você tanto merecia, mas eu estou disposta a te dar o que eu não te dei a anos atrás, a confiar em você e me entregar cem por cento, honestamente e verdadeiramente, da forma correta.

- Não fui a melhor pessoa para estar ao seu lado - comecei, com cuidado - Não sou a melhor pessoa para estar ao seu lado, eu confesso. Eu errei em usar os seus defeitos, os nossos defeitos contra você, errei em jogar a culpa em cima de você, quando a culpada era unicamente eu, errei em usar das suas fraquezas em benéfico meu, e eu me envergonho de ter corrido, fugido, quando na verdade eu só queria estar perto, ao seu lado, ao lado dos nossos filhos, e ser a melhor mãe do mundo. Eu apanhei sozinha nesses treze anos, e apanhei ainda mais nesses últimos dois meses, ainda estou tentando entender como funciona, e sei que isso irá demorar um pouco, mas eu estou disposta, a aprender, tudo o que você estiver disposta a ensinar, contanto que você não solte a minha mão.

All these years | Chaelisa Onde histórias criam vida. Descubra agora