05. Proposta

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"A verdadeira viagem da descoberta consiste não em buscar novas paisagens, mas em ter olhos novos."

Marcel Proust

Um tempo depois, elas seguiram a pés e em silêncio até a casa de Soraya, que Simone descobriu não ser muito longe da pousada e consequentemente de sua própria casa.

Céus!

Soraya seguiu o caminho todo reparando na Juíza pelo fato de não entrar em sua cabeça o porquê de, em todas as 3 vezes que se encontrou com ela até agora, ela usava roupas consideradas muito quentes para região, não era possível que mesmo com a brisa ela não estivesse sentido calor com aquela calça jeans e camisa de punho que estava dobrada até os cotovelos.

Mesmo a contragosto Simone a acompanhou só porque "precisava" da ajuda dela e porque mesmo que não quisesse admitir a loira bronzeada desperta uma curiosidade, vontade de saber mais sobre ela.

Ao se deparar com a construção, Simone se surpreendeu. Era uma casa grande, de 2 andares como a sua e muito bonita também. O primeiro pensamento que lhe veio à cabeça foi sobre a discrepância de ela ser garçonete e ter ao que parecia, uma condição de vida muito boa.

Ao entrarem, pode perceber que a casa era mais bonita ainda por dentro, com estilo rústico parecido com um chalé, porém bem maior. Soraya, educadamente, ofereceu que ela se sentasse a grande mesa de madeira maciça que ela dispunha em sua varanda.

— Eu vou buscar minhas chaves e já volto. Você gostaria de algo pra beber? — ofereceu em cortesia.

Simone ao ouvir a pergunta tirou a atenção da bela varanda e do tímido jardim que compunham o ambiente para olhar a mulher baixinha em sua frente. Pensou em recusar, mas estava muito calor, não faria mal algo para se refrescar.

— O que você tem aí? Suco, talvez? — disse meio incerta já que Thronicke não havia lhe dito quais bebidas ela dispunha.

— Certo, Maracujá ou laranja?

— Maracujá, por favor!

A loira queria fazer uma piadinha sobre a outra ter feito uma boa escolha do sabor do suco, já que o maracujá acalmava e ela estava estressada ao seu ver, mas achou melhor não. Prometeu sem mais gracinhas com ela para aquele dia.

Alguns minutos depois Soraya voltou com seu copo de suco, as chaves e... quando Simone ergueu a cabeça para agradecer, percebeu que a loira tinha prendido os cabelos lisos em um coque frouxo onde haviam mexas soltas, em seu rosto havia um óculo, que ao que tudo indicava era de grau. A armação era quadra e de metal dourado, fina e delicada, se encaixava moldando o rosto dela perfeitamente.

A juíza quase se engasgou com a própria saliva ao olhar para ela que estava distraída escolhendo as chaves que usaria da pequena maleta. Não podia negar que ela era bonita, muito bonita, ainda mais nessa skin nerd e séria que estava aparentando naquele momento.

Enquanto Tebet apreciava o suco, Thronicke iniciou o trabalho no notebook, desparafusando cada parafuso da parte inferior do eletrônico para retirar a carenagem dali e ter acesso a placa mãe. Ela fazia tudo em silencio e com uma agilidade invejável, uma calma de quem sabia exatamente o que estava fazendo, estava concentrada, a morena percebeu.

Por isso muitas dúvidas sobre a loira surgiram em sua mente, como ela aprendeu a fazer aquilo? Tinha quase certeza que ela não era natural dali, então o que a trouxera para aquele lugar? Eram tantas perguntas a respeito dela borbulhando em sua mente que foi impossível conter sua curiosidade, o que era bastante incomum, já que Simone sempre fora tão contida quando se tratava da vida alheia porque nada dizia respeito a ela, mas se tratando de Soraya, de repente ela queria saber mais, sentia que se não falasse, se não tivesse respostas não poderia deitar a noite e dormir em paz.

Até Que Você Vá Onde histórias criam vida. Descubra agora