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Arya acordou com um solavanco antes do sol nascer. A lembrança havia sido tão real que ela sentiu a bile subir pela garganta.
Ela se sentou com as costas no estrado da cama e apertou as pernas no peito. As abraçando com força enquanto inspirava e respirava.
Quando não pareceu que iria começar a gritar, ou colocar a sopa que fora seu jantar para fora, ela prestou atenção ao quarto que estava.
Incrivelmente inalterado desde que estivera ali pela última vez, que parecia que ela tinha voltado ao tempo.
Só a porta que se conectava à antiga suíte de Nestha, agora selada — e sim, Arya havia testado a maçaneta — era uma recordação de como tudo havia mudado, de novo.
O amplo espaço acomodava com facilidade uma gigantesca cama com dossel aonde cortinas de musselina despencava pela metade dos três lados como uma névoa.
O quarto era lindo em rosa e branco e lilás, assim como uma pequena área de estar à direita, completa com um sofá e duas poltronas.
Uma lareira de mármore esculpido ocupava a parede diante da área de estar, que resmungava pelas labaredas que não permitiam que o silêncio completo existesse. E diversos tapetes estavam espalhados pelo quarto, oferecendo alívio do piso de pedra frio.
Esfregando as pernas seminuas, pois das poucas roupas que havia encontrado em seu antigo closet, aquela combinação azul-violeta fora a única que foi confortável usar como pijama, e que agora estava agradável em seu corpo, pois ela teve que subir uma das alças de seda quando saiu da cama, Arya jogou as pernas para o lado e ficou de pé.
O piso limpo em seus pés nus afastou mais ainda as lembranças que a perseguiam como fantasmas.
Caminhando até a janela, ela abriu as cortinas e olhou para fora, para a cidade que amanhecia esplendorosamente.
Luzes douradas brilhavam nas ruas, dançando pela faixa sinuosa formada pelo Sidra. Para mais além, o céu era banhado de laranja, lilás e azul tocando as planícies diante do imenso mar.
Arya poderia deitar mais um pouco, já que Rhys não precisaria buscar-la.
Mas ignorou a oferta reconfortante que o edredom de pele convidativo lhe prometia e, apoiou a testa contra o vidro frio da janela.
Ela deixou que a primeira luz do sol gentilmente acariciase sua cabeça, seu rosto, seu pescoço. Imaginou-a percorrendo os dedos reluzentes por sua bochecha... Para apagar qualquer vestígio de sentir; suja.
Minha futura Rainha. Só posso imaginar o gosto que você terá daqui a poucas horas... Em outros lugares.
Ela ainda conseguia ouvir a voz do Rei. Senti a língua áspera, seu hálito fedendo a vinho, passando por sua bochecha enquanto sua mão a sufocava e a outra a apertava para si com tanta força que.... Arya pôde sentir sua ereção e suas promessas nojentas além da dormência que o Caldeirão havia lhe colocado.
