O SOL JÁ aquecia calorosamente suas peles quando saíram de seu refúgio temporário, abandonando o corpo abominável estirado no carpete da sala.
A brisa fria certamente estava mais forte naquela manhã, batendo contra seus rostos e os fazendo sentir calafrios por baixo de seus casacos. Ainda assim, o nervosismo iminente os fazia tremer mais que o frio.
Desde o repentino ataque na sala de estar, estava evidente do quão brutais aquelas coisas poderiam ser, por isso, sua sobrevivência foi pauta de um grande debate sério feito pelos dois adolescentes:
— Honestamente, eu acho que você é maluca! — Riki bufou, se tacando no sofá mais próximo de si. — Como vamos chegar a Gangnam ainda hoje? Não temos meio de transporte, vamos ter que atravessar uma das pontes!
Sooyoung estremeceu, andando de um lado ao outro enquanto roía o restante de seus unhas. Sua ansiedade crescia conforme repassavam seus planos de sobrevivência e cada vez ficava mais claro o perigo que havia ao atravessar Seul.
— A ponte mais próxima é a Hannam… Aquela que tem ligação direta… — Sua voz soou ainda mais baixa, assim como um sussurro.
— Sinceramente? Espero que não morramos até chegar lá!
No fim, o medo irreal fez uma verdade cair sobre a cabeça de ambos: não havia um plano, mesmo que passassem horas ou até dias planejando, nada poderia os salvar além de terem uma esperança mínima.
Naquele momento, nem suas preces poderiam ser ouvidas.
Sooyoung apertou a base de sua faca, aplicando uma força capaz de esbraquiçar os nós de seus dedos. Aí esta um novo costume dado a eles, utilizarem armas afiadas ou qualquer coisa mais forte que cabos de vassouras para afastar o que quer que seja.
A iniciativa foi dada por Riki que antes de saírem do prédio, se deu conta do quão perigoso seria andar pelas ruas apenas usando seus bastões improvisados. Sendo assim, todas as facas afiadas e pontiagudas foram levadas por eles, assim como garrafas d'água e mantimentos que poderiam servir temporariamente.
— Lembre de acertar o pescoço ou a cabeça, depois disso só corre. — O japonês alertou, xingando uma das criaturas que rondavam pelo mesmo estacionamento que entraram na noite anterior.
Diferentemente do que ambos pensavam, não havia nada demais quando saíram de seu refúgio. Claro, a presença agonizante daquelas monstros ainda podiam ser ouvidas a quilômetros, com aqueles gemidos e rosnados grotescos. No entanto, uma quantidade considerável havia se afastado do prédio, provavelmente porque tiveram suas atenções voltadas a algo ou alguém.
Não que isso significava estar seguro naquelas circunstâncias.
Conforme as ruas iam se tornando casa vez mais familiar, parecia um cenário infernal: o que antes costumava ser uma capital agora se tornou em uma peça horrenda de carnificina a céu aberto, marcada por sangue e desespero. Talvez não fosse só os zumbis que deixavam a situação hedionda, também era por conta dos corpos desfigurados e ensanguentadas que cobriam as ruas centrais da cidade coreana.
Certamente, a televisão não mostrou nem mesmo um terço do que os países estão passando em meio a catástrofe apocalíptica.
Sooyoung atingiu sua faca em uma daquelas criaturas que se aproximou em meio aos seus desvaneios, aplicando um chute em sua barriga para se certificar que o zumbi cairia no chão. Aquele golpe reverberou pelo seu corpo, trazendo dores alucinantes para os membros da garota.
— Parece que você aprendeu a bater neles! — Riki comemorou. Ele também golpeava um outro zumbi.
A coreana acenou, com um sorriso triste e fraco em seu rosto. Os dois adolescentes seguiram em um ritmo constante por até dez minutos, quando as ruas pareceram ainda mais familiares na memória da garota.
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STAY ALIVE - Nishimura Riki
FanfictionEM UM MUNDO devastado por um apocalipse zumbi, Park Sooyoung se encontra presa em uma sinistra cabine de banheiro em seu colégio. Enquanto luta pela própria sobrevivência, Sooyoung anseia por encontrar seu irmão mais velho e o restante de sua famíli...