005' chapter five

120 17 9
                                    

NO MEIO DE um apocalipse zumbi, nem mesmo os sonhos deixam de ser viscerais e sanguinários, tornando a realidade uma perseguição apavorosa. Mesmo se fecharmos os olhos e tentarmos imaginar cenários otimistas, as criaturas monstruosas conseguiam invadir seus sonhos, cada vez em uma situação mais pessimista e horrenda.

Sempre que Sooyoung tentava dormir, os pesadelos envolviam sua família, amigos e até mesmo Riki, todos tendo o desprazer de ter criaturas se banqueteando com o que restou de si.

Tudo era tão real, assim como a realidade que vivem. Ou até o sentimento gélido que ela sentia em seu braço.

Uma mão gosmenta agarrou seu antebraço, despertando-a de um dos seus pesadelos. O aperto tinha uma sensação molhada, mas o que realmente foi capaz de despertar Sooyoung por completo foi a adrenalina, ao se deparar com a figura nojenta à sua frente. A luz da televisão — esta que passou a noite inteira ligada — banhava o rosto da criatura com uma iluminação azulada.

Um grito de desespero saiu da sua boca, acompanhada com o pavor tomando conta de todos os seus membros. Riki pulou com um impulso assustado, mesmo com seus sentidos ainda sonolentos, ele pareceu mais chocado do que a garota.

O zumbi tinha sua boca aberta, cuspindo sangue e deixando seus dentes podres a mostra. Mesmo sendo um morto-vivo, o aperto em seu braço foi capaz de fazer Sooyoung sentir dor.

O japonês correu, usando sua barra de metal para o acertar em cheio na região do crânio. O líquido avermelhado e quente respingou pelo rosto dos sobreviventes, escorrendo até seus pescoços e roupas.

Uma possa se formou no carpete felpudo, além dos cobertos que haviam sido estirados pelo chão na noite passada. O corpo imponente da criatura caiu em uma baque seco sob o braço de Sooyoung, deixando de se mover ao que foi golpeado almas algumas vezes.

— Merda! Você não foi mordida né? — Riki gaguejou, apontando a barra manchada de sangue na garota.

Sooyoung acenou em negação, sentindo todo seu corpo tremer em um ritmo glacial. Se aquela era a experiência de quase morte, a garota certamente poderia ter visto o seu fim chegando naquele momento.

— Só… Como diabos isso 'ta vivo? — A Park repensou, lentamente se estabilizando antes de iniciar qualquer conclusão com o garoto. — Tipo, ele 'tava…

A pergunta foi deixada no ar, causando um gosto ruim em suas gargantas. Claro, não havia como algo morto morrer novamente — afinal, aquelas coisas nem deveriam estar daquele jeito, a princípio.

— Talvez, depois de um tempo, eles acordam novamente? — sugeriu

Riki cutucou a criatura, chegando até o vira-lo no tapete. Ele deu algumas espetadas em sua barriga, aguardando uma resposta vinda do zumbi.

Pouco a pouco o sol ia nascendo, começando a iluminar a sala. Um desenho animado passava aleatoriamente na tv, sendo transmitido por um canal americano.

— Hm... Você ainda vai atrás do seu irmão? — Perguntou, se tacando no sofá e ignorando a presença indesejada de um corpo em decomposição na sala de estar.

— Vou, você ainda quer ir comigo? — Sooyoung acenou, ainda encarando, incerta, o corpo estirado.

Riki concordou com um resmungo, agarrando se ao controle remoto e lentamente mudando a programação da tv.

— Você já pensou o que vai fazer? Tipo, se ele não tiver vivo ou algo assim?

A memória da mensagem mandada anteriormente refletiu como um flash, inibindo qualquer pensamento impróprio sobre seu irmão estar morto. Jay havia enviado palavras muito bem claras e escrita. Era óbvio que ele estava vivo, ainda que recusou as chamas realizadas ontem a noite.

STAY ALIVE - Nishimura Riki Onde histórias criam vida. Descubra agora