DURANTE UM APOCALIPSE zumbi, somos expostos a uma mistura de sentimentos e sensações na qual ninguém sequer gostaria de ouvir. Mas além disso, as primeiras quarenta e oito horas foram um ensinamento inusitado para Sooyoung.
A coragem não é bonita na vida real, assim como são retratados em filmes. Muito menos fácil de se adquirir, especialmente quando você é um adolescente vivendo sua vida normalmente e então, de repente, é obrigada a lidar com criaturas e monstros dignos do inferno.
Entretanto, além da coragem, havia seu pior inimigo: o medo. Muitos dizem que esse sentimento fede, é verdade, ele tem um cheiro tão podrido quanto sangue seco. Após — sabe-se lá quantos dias já se passados, uma vez que a noção de tempo é escassa nessa nova realidade — Sooyoung já esteve perto do medo por diversas vezes:
A primeira vez, foi na cabine de banheiro escolar. Seus pensamentos não estavam ordenados, poucas horas atrás ela havia visto seus colegas serem brutalmente mortos por coisas que tecnicamente deveriam estar em filmes. Havia sangue, gritos horrorizados e o pior de tudo, os gemidos e grunhidos infinitos que sempre lembravam que ela nunca estaria sozinha naquela escola. Também foi lá em que ela teve o contato com seu primeiro zumbi enfrentado, Minjeong costumava ser uma boa amiga quando ainda era humana, mas infelizmente teve que ser alvo daquelas criaturas e se tornar naqueles mesmos monstros.
A segunda vez, foi quando estavam prestes a sair da escola. O grupo de criaturas se esgueiraram pelo corredor do último andar e estavam a um passo de os matar naquele instante. Seus passos que se desenrolaram a seguir, apenas foram executados devido adrenalina e o medo, era quase um tiro no escuro, contudo valeu apena quando ela finalmente foi capaz de sentir a brisa de fim de tarde e por alguns segundos ela se viu fora do campo de guerra que estava dentro da escola.
A terceira — e um dos piores —, foi quando a ponte explodiu bem na frente dos sobreviventes. Aquilo não destruiu só as pontes que atravessaram o rio Han, as transformando em poeira e concreto despedaçado, como também destruiu uma das poucas chances de reencontrar os sobreviventes vindo de sua família. Foi quase como se o seu coração tivesse despedaçado junto com os destroços. Também foi a primeira vez em que ela viu se companheiro, Riki, expressando seu sentimento e revelando o medo em sua face chocada. Era como se ele também tivesse medo que a garota não reencontrasse seu irmão — ou seja lá quem sobrou na sua família.
Seu irmão.
Aquele com certeza foi o pior medo que ela sentiu. Desde criança, ela se lembrava bem, sempre foi tão próxima de seu irmão quanto qualquer outro parente. Claro, ela ainda tinha ligação com seus pais ou talvez os avós, mas naquele momento, sua prioridade era reencontrar seu irmão ou seu pai vivo. Mas aquilo não seria possível, pelo menos, não quando um dos poucos caminhos que ela poderia seguir agora estava em completo destroços no meio do caos apocalíptico.
Mas além daquele medo, a quarta vez era diferente aos olhos da garota. Havia um turbilhão de sentimentos que preenchia o corpo de Sooyoung, um por um, fazendo inconscientemente suas mãos tremerem ao apertar o cabo de madeira em sua mão quando a criatura monstruosa foi arremessada em um golpe certeiro, dado por Nishimura que se movia ao seu lado. Com o baque brusco, a coisa cambaleou, brevemente perdendo seu equilíbrio ao tropeçar em seus próprios pés.
Logo ao chão, um líquido gosmento e de cheiro podre que se assemelhava a sangue escorreu pela sua boca e queixo, pingando incessantemente até que uma possa nojenta se aglomerasse logo abaixo de si. Sooyoung teve vontade de vomitar, mas conteve ao torcer o nariz e se dirigir em passos apressados para o fundo do galpão, arrastando o japonês junto de si, sentindo o estômago se embrulhando com a visão horrenda.
Ao seu lado, Riki praguejou palavras que no momento apenas parecia xingamentos carregados pelo medo, o que contratava com sua expressão que parecia quase estóica naquela situação infernal. Por um momento a morena gostaria de saber o que se passava na cabeça do garoto, mas não podia, uma vez que o Jinyoung-zumbi e o medo tomava conta da sua mente, forçando as engrenagens do seu cérebro a funcionarem de forma racional.
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STAY ALIVE - Nishimura Riki
FanficEM UM MUNDO devastado por um apocalipse zumbi, Park Sooyoung se encontra presa em uma sinistra cabine de banheiro em seu colégio. Enquanto luta pela própria sobrevivência, Sooyoung anseia por encontrar seu irmão mais velho e o restante de sua famíli...