Sentido-Aranha

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Clarke chegou na casa de sua mãe durante a madrugada, avistou o local e continuou dirigindo, enrolando para tomar coragem enquanto dirigia em círculos pelo bairro, nervosa com a ideia de revê-las. A casa lembrava seu falecido pai e isso era só mais uma coisa para machucar, talvez se Jake estivesse vivo, ela teria um rumo diferente.

Estacionou em frente depois de algumas voltas, desligando o motor e apreciando o silêncio, o único som era seu coração exagerado, seu estômago ansioso e o tic tac do relógio em seu pulso. O frio da noite invadiu pela buraco de bala do vidro, a sensação era inexplicável e provavelmente ninguém jamais entenderia. Encarou a casa e respirou trêmula, seus olhos encheram de lágrimas devido a sentimentos e lembranças ruins, sabia que era coisa demais e na pior das hipóteses poderia fugir de volta para casa, tentou ser forte por Madi, não por amor, mas pela rejeição que poderia ser evitada, isso poderia ser nada hoje, mas no futuro faria alguma diferença. A cada segundo se sentia mais agoniada, como se tivesse alguém apontando uma arma para sua cabeça, era demais, apenas demais para aguentar.

Sua mão deslizou dentro da bolsa, encarando a tela do celular e abrindo o contato de Octavia Blake, pensou duas vezes se deveria ligar, não queria incomodar mas realmente precisava de alguém que não fosse sua mãe julgadora. Blake sempre foi como uma irmã, mas Griffin preferia aguentar sua dor sozinha e em silêncio.

Sua vida era problemática, ainda mais problemática por culpa de Madi, mas culpar a mais jovem não mudava o fato que a culpa real era dela, mas Clarke não poderia ser a culpada se ela também era uma vitima

Abriu a conversa com Octavia e digitou: eu só queria que ela tivesse uma mãe que não fosse uma pilha de lixo

Mensagem enviada e apagada segundos depois.

Tomou a coragem que lhe faltava, descendo do carro enquanto secava suas lágrimas, andando apressada até a porta e apertando a campainha uma única vez, escutando o som de choro ecoar. A luz de fora acendeu e só então ela notou o aviso sobre o botão "por favor, não aperte a campainha, bata"

Merda... — resmungou escutando sons de passos, a porta foi aberta por sua mãe utilizando pijamas, ambas sorriam por motivos diferentes, Abby gostava de tê-la perto e a filha sorriu de desespero, elas se abraçaram de forma desconfortável e breve — Entre, está frio aí fora — se afastou rapidamente para pegar o bebê, não a deixando chorar por muito tempo

Clarke fechou a porta e virou sua chave, ajeitando a postura e sentindo o coração bater mais forte quando Abby surgiu com Madi em seu colo, a acalmando, era bem visível o quanto ela cresceu naqueles 3 meses

— Me desculpe a hora, o atraso, e a campainha — sua voz soava mais baixo que o normal — Eu tive um dia.. ruim — mordeu os lábios por não poder contar que quase foi assassinada, e sem aquele herói, provavelmente seu carro seria completamente fuzilado

Vou passar um café e iremos conversar — Abby sorriu gentil, diferente de como era ao telefone, ela também se esforçava para ser compreensiva, se aproximando ainda mais e oferecendo Madi

Clarke a pegou lentamente e com medo de machucar, engolindo em seco — Oi...

Diz oi pra mamãe — a avó sugeriu antes das suas seguirem para a cozinha. Clarke respirou trêmula, nunca gostou de segurá-la

Eu senti saudades de você — confessou baixinho, quase cochichando, observando a garotinha em seu colo, seus olhinhos azuis se voltaram a Clarke mas logo olhou em volta, procurando por Abby e ameaçando chorar — Shhhh — a balançou sorrindo amorosamente — Ela só foi passar um cafezinho, você gosta de café? — demorou alguns segundos para perceber que a pergunta foi burra — Não né...

Sentido-Aranha: ClexaOnde histórias criam vida. Descubra agora