Sentido-Aranha: Clexa

O que eu procuro?

Lexa retornou a Nova York e dedicou suas horas vagas para salvar o mundo, ela teve pensamentos filosóficos e tentou organizar a própria vida do jeito que acreditava que iria funcionar, mesmo que lhe gerasse dores emocionais. Ela não retornou para ver Clarke no primeiro mês, tinha suas aulas na faculdade, interagia normalmente com seus amigos, e a noit salvava vidas.

Reyes sabia o que iria acontecer, ela manteve contato com a cientista que a ajudava, Becca, soube da morte de seu professor favorito, o senhor Sinclair, teve que conviver com Clarke distante e com a ideia de que uma hora, Venom iria se tornar um problema imparável, estudava a fundo todos os dados que coletou sobre ele mas nunca achava uma solução.

Anya decidiu ocupar todo seu tempo em seus trabalhos criminosos, nas duas primeiras semanas ela simplesmente comprou uma nova casa para a família, agora Aden e Lexa não precisavam dividir o quarto.

Lexa se ocupava ao máximo para não pensar em Clarke, ela conheceu uma garota chamada "Gaia", dividiam algumas aulas, as vezes ela flertava mas Lexa não parecia muito interessada em corresponder a princípio, a presença de Costia se tornou um incômodo, a garota até tentava ser amiga mas Lexa tinha medo de magoa-la de alguma forma, preferia se manter mais distante.

Clarke esperou pela garota aranha todas as noites, às vezes virava a madrugada mas ela nunca mais apareceu, a sensação de não conseguir ao menos enviar uma mensagem era agonizante, mas a TV sempre lhe contava quem ela salvou....

Griffin observava a reportagem logo de manhã, sorriu sem perceber quando viu uma foto de sua herói salvando uma criança, sua atenção mudou para Roan quando ele se aproximou lentamente e desligou a TV

— a Luna quer você — Levou a mão a barba e coçou, não queria dar esse tipo de recado — Ta na hora de voltar

Os dois trocaram olhares, ele sabia que muita coisa mudou naquele um mês...

— Bom dia! — um professor surgiu no palco, a turma de teatro o observava das cadeiras — Hoje é a apresentação do projeto da semana passada, quem será a primeira dupla?

Gaia levantou a mão, animada, Lexa apenas esperou o professor permitir e as duas garotas subiram ao palco. O silencio durou alguns segundos enquanto Lexa se preparava, suspirando baixo enquanto entrava no personagem

— Te olho nos olhos e você reclama que eu te olho muito profundamente... — encarou os olhos castanhos e em seguida se entristeceu, estava recitando o poema "Te olho nos olhos" — Desculpa, tudo que eu vivi foi profundamente.

Se virou brevemente a plateia, mas sem olhar a ninguém, como uma garota que desvia o olhar mas não tem objetivo algum — Eu te ensinei quem sou e você foi me tirando, os espaços entre os abraços, guarda-me apenas uma fresta

Gaia atuava junto a ela, com zero falas mas total expressão

— Eu que sempre fui livre, não importava o que os outros dissessem, até onde posso ir para te resgatar? — seus olhos se encheram com lágrimas enquanto voltava a observar sua dupla, mas a dor era muito além de uma breve atuação... — Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade de eu me inventar de novo! — tornou-se mais agressiva, revoltada, mas na medida perfeita e sem exageros, suspirando trêmula e deixando seu olhar confuso, retornando ao tom calmo — Desculpa se te olho profundamente, rente à pele, a ponto de ver seus ancestrais nos seus traços — sorriu com peso no olhar, simulando que a confissão fosse ao seu amor mais profundo — A ponto de ver a estrada muito antes de seus passos — como não lembrar de Clarke agora? Escolheu seu poema pensando nela — Eu não vou separar as minhas vitórias dos meus fracassos, eu não vou renunciar a mim, nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser — levantou a cabeça com orgulho, deixando suas lágrimas escorrerem nas bochechas, mas não chorava de fato, apenas transmitia uma emoção absurda — Vibrante, errante, sujo, livre, quente — Gaia parecia uma pessoa atacada pelas palavras, sua atuação não era melhor do que a de Lexa mas chegava muito próximo, transmitia alguma vergonha misturada com mágoa e arrependimento — Eu quero estar viva — Lexa finalizou — e permanecer te olhando profundamente — colocou um toque de obsessão, como algo que não abandonaria por nenhuma razão.