Capítulo 3

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Hércules não fez-lhe companhia por muito mais tempo como Maria Antonieta a contragosto ansiava, somente deixou-a nos degraus do palácio e, mesmo com seus pedidos de que não deixasse-a só, foi-se embora. Repassando mais uma vez este momento em sua cabeça, Maria Antonieta sentiu-se tentada a bater em sua própria cabeça em auto repreensão por tamanha tolice. No entanto ela conteve-se, mergulhar em repreensão não valia em nada agora! Além de que sabia muito bem que se houvesse uma maneira de voltar atrás não permitiria-se fazer diferente, continuaria pedindo pela permanência dele, pois seu desespero supera qualquer autopreservação.

Com a ida de Hércules, houve a aparição de duas mulheres no topo das escadas. Elas eram idênticas o suficiente para Maria Antonieta ter a certeza que nunca conseguiria diferenciá-las com perfeição, tudo parecia o mesmo desde os olhos cor de caramelo, cabelos louros lisos e sedosos a até mesmo vestes brancas e forma dos sapatos.

Diana e Helena.

Estes eram seus nomes e a função delas aqui era servi-la, aparentemente. Hércules que havia às contratado. Maria Antonieta esforçou-se para mostrar-lhes seu melhor sorriso simpático e preparar-se para apresentar-se, no entanto o estalar de língua em desgosto vindo de uma delas fez-a desanimar imediatamente. Especificar qual das duas que fez o som de desaprovação definitivamente era impossível naquele momento, mas também não era preciso, não quando a indiferença em suas faces eram análogas, tal qual o desprezo e a incredulidade.

Elas não queriam estar ali, servindo-a.

Maria Antonieta sentiu-se pequena outra vez, minúscula sob os olhos delas.

Perguntas do porquê de tanto desrespeito encheram sua mente, mas infelizmente não pôde questioná-la, não quando a ordem de segui-las ressoou em uma quase ameaça. Ela seguiu-as, calada, incapaz de falar, uma vez que não sabia o que exatamente falaria, ou questionaria.

Era além do desconfortável lidar com as duas, Maria Antonieta admitia, a falta de educação não era nada disfarçada, elas dirigiam-se a ela com indiferença, asco, olhando-a diminuir a distância e aproximar-se. Ambas olhavam-na da cabeça aos pés, avaliando-a sem quaisquer disfarces. Próxima a elas, Maria Antonieta não deixou de sentir-se enfurecida com o riso zombeteiro que elas trocaram antes de dar-lhes as costas e traçar o caminho. Um suspiro cansada precisou ser contido dentro dela, uma vez que seguiu-nas para o interior do palácio em silêncio.

Encarar os detalhes mais de perto agora fez-a esquecer da irritação e uma quase empolgação preencheu seu coração. O palácio era suficientemente espaço para famílias inteiras viver naquele palácio e ainda sobrar! As paredes de concreto eram lisas e gélidas, brancas com contraste dourado dos candelabros, luminárias e lustres, um tapete vermelho estendia-se desde a porta de entrada até o andar superior com suas bordas douradas, devorando-o com perfeição. Além destes detalhes, havia também estátuas, estátuas realistas e cinzentas pelo tempo. 

Era belo. Cada centímetro daquele palácio parecia etéreo, nunca em sua vida inteira pensou que pudesse ter a oportunidade de estar em um lugar como este, um que outrora seria dito como uma estrutura neoclássica extremamente valiosa e histórica.

Diana e Helena não eram pacientes. Maria Antonieta seguia-nas com lentidão, sua atenção desviando-se a cada instante em fascínio pelos corredores e, obviamente, isso estressava as duas irmãs. Elas desistiram de esbravejar ordens em algum momento e optaram por puxá-la pelos braços, obrigando-a a acompanhá-las.

Maria Antonieta achou-as estúpidas, seu interior ansiou xingá-las ali mesmo, mas conteve-se. Ela ainda não conhecia nada daquele lugar e as duas mulheres estavam ali por ordens de Hércules, quem sabe o que ele faria com ela caso soubesse que havia destratado-as. No entanto, o suspiro foi incapaz de se conter, não conseguia impedir-se quando notou que conviver com as duas mulheres não seria fácil.

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