Capítulo 6

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Maria Antonieta observou a chuva cair aos montes do lado de fora junto aos clarões dos trovões. Uma tempestade havia se formado com direito a ventania árdua que fazia-na conter-se para não correr para seu quarto e esconder-se debaixo da cama como fazia na infância.

Mesmo repudiando pensar naquilo, Maria Antonieta viu-se arrependida de convidá-los a entrar no palácio. Estar sob o mesmo teto deles era sufocante, ainda pior do que o dia em que os viu pela primeira vez. Ela sentia-se à beira de chorar ou gritar, ou— Merda, fazer qualquer coisa! Ela deveria tê-los deixado para trás, deixando-os no quintal sob a tempestade e ter se resguardado daquela situação… Ou melhor, deveria tê-los convidado mesmo assim e tê-los deixado a sós em vez de olhar a Thor e visto o quanto o deus pedia-lhe para ficar!

Ter cruzado seu olhar com aquele Deus foi sua ruína!

Thor e Hades encaravam-se há minutos a fio, silenciosos, mas suficientemente ameaçadores para que ninguém ousasse interrompê-los — Diana havia tentado quando viu-os entrar, no entanto Poseidon tratou de dispensá-la com um único olhar afiado.

O silêncio incômodo crescia cada vez mais, Maria Antonieta não sabia mais como lidar com aquilo tudo, era demais e estava deixando-a no limite, ansiosa demais para sentir-se no controle de si mesma.

— A-Ah, e-eu vou… Preparar uma bebida… — Desta vez, tão distinta de mais cedo, Maria Antonieta não conteve a gagueira ou mesmo manteve-se em um alto suficientemente audível, murmurou apenas, temerosa com o que poderia lhe causar interromper aquela cena toda.

— Fique. — Poseidon olhou-a com um brilho ameaçador nos olhos, ordenou-a como se quem estivesse à sua frente não fosse uma pessoa e sim um inseto irritante, um verme imundo. Maria Antonieta sentiu-se ameaçada, ainda mais agora.

— Minha esposa tem a minha permissão. — Thor dizer tantas palavras de uma única vez surpreendeu-a, em outro contexto muito provavelmente ela sorriria como uma bobo e iria corar como uma creatina, no entanto a situação em que via-se era impossível expressar qualquer coisa além de uma cara de: “Isso é sério?”

— A permissão de um bárbaro não difere em nada. — Poseidon retalhou, olhando-o com ainda mais intensidade, uma ânsia mórbida de atacar Thor.

— Este pensamento limita-se a apenas você, Deus do Mar. — Thor resmungou, sua face indiferente, mas seus olhos reluzindo em ânsia nada disfarçada de Poseidon continuar a escalonar o suficiente para dar-lhe a chance de utilizar Mjölnir.

Maria Antonieta sentia-se bem tentada a revirar seus olhos com a cena que estendia-se, se a ansiedade não estivesse matando-a internamente muito provavelmente encararia os dois deuses como se fossem os dois maiores idiotas que já viu em suas duas vidas.

Bem, esta parte não estava sendo nada disfarçada, uma vez que mesmo pensando que não expressava, Maria Antonieta ainda encarava-os como se fossem idiotas e o trio de divindades não eram ignorantes a isso.

— Eu a acompanho. — Hades enuncia, impedindo que os dois deuses imaturos continuassem aquela eterna discussão de posse. Thor desviou, então, sua atenção para ela, finalmente. Ela pôde conversar sem palavras com ele, notou-o questionando se estar com Hades era o que queria naquele momento, ela não tardou a concordar, não havia muito o que fazer afinal. Existiam apenas duas alternativas: ficar e estar envolta daquela pressão sufocante dos três homens ou ir acompanhada. Não havia como simplesmente dizer a Hades que não o queria acompanhando-a, não quando aquilo provavelmente desencadearia ainda mais a discussão silenciosa entre Poseidon e Thor.

Acompanhando-a, Hades caminhou no ritmo dela em silêncio deixando Poseidon e Thor para trás naquela disputa mesquinha de olhares. Maria Antonieta viu-se podendo respirar mais aliviada a cada passo que dava longe daquela sala sufocante. Seu corpo estava mais relaxado agora, menos tenso.

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