Para Thor, ainda enquanto a reunião ocorria, assistir todas aquelas divindades concordarem com a oferta de trapaça de Moiras fazia-o sentir uma raiva que há tanto tempo não sentia.
Era ridículo, vergonhoso.
Merda, se eles tivessem que perder, que perdessem então! Thor definitivamente não era o maior defensor da humanidade como Buddha ou até mesmo as próprias Valkyrias, muito pelo contrário, mais de uma vez votou a favor da extinção daquela raça, no entanto não era por isso que concordaria com uma trapaça daquelas!
Céus, eles eram deuses! Onde diabos está a honra que tanto orgulhava-se de ter?
Thor sentia-se prestes a expressar seu repúdio, negar-se firmemente a merda daquele casamento e a desonra ir contra o destino pelo simples tremor, todavia fora o suficiente uma troca de olhares com Odin para fazê-lo desistir.
Odin permaneceu quieto, indiferente a tudo. E não, ele não temia a humanidade como os outros ali, Thor estava muito ciente disso, porém o seu silêncio o instigava. A velha divindade estava orquestrando algo e tudo tornou-se certeza depois da reunião terminar.
— Você estará liberto em breve. — Odin murmurou com sua mão sobre o ombro de Thor, apertou-o suavemente sobre os dedos e começou a refazer o percurso para seus aposentos com os irritantes Huginn e Muninn murmurando nos ombros dele.
Havia um plano ali, Thor não era estúpido para não perceber isso, no entanto qualquer resquício de anseio pela descoberta fora esquecida. Ele simplesmente não se interessava. E com um suspiro cansado deixando os lábios, Thor fingiu não ver Loki tentando chamar-lhe atenção e retornou aos seus aposentos também.
E, assim, os dias passaram-se desde a conferência. Thor manteve-se recluso até a próxima reunião, que, desta vez, não seria somente uma reunião, mas, sim, a união da humanidade com divindades — seu próprio casamento arranjando.
Thor recusou-se a vestir-se com as vestes que lhes prepararam, não, optou por permanecer com as vestes que utilizava em suas batalhas. Frigga não pareceu feliz com a sua decisão, no entanto não tentou persuadi-lo, beijou-lhe na testa e abençoou-o com uma união estável. Thor não desdenhou da senhora dizendo o quão fadada a desgraça aquele casamento estava, somente aceitou o que a senhora lhe dava e contentou-se em também beijar a testa dela a fim de tranquilizá-la um pouco. Ele era incapaz de desdenhar dela ou mesmo de não aceitar sua bênção, fora Frigga que o criou mesmo Thor sendo fruto de mais uma dos casos diversos de Odin. E não apenas ele, como criou a Loki também, o que explicava como o infeliz não havia perdido a cabeça ainda para Mjölnir por sua constante arrogância.
Não houveram decorações, bênçãos, músicas, ritos ou festejos na cerimônia. Thor somente fora instruído a estar próximo das outras três divindades sob a atenção daqueles que viriam a ser testemunhas da união. Quem concetrizaria a união era uma divindade magricela e trêmula pertencente aos gregos, Thor sequer sabia seu nome quando o viu, o que bastava para saber que era uma divindade de nível inferior.
— Thor, meu amigo, você finalmente está aqui! Céus, como está? Eu estou nervoso, mas… — Hércules falou, falou e falou com um sorriso de orelha a orelha quando o viu posicionar próximo a ele e os outros dois irmãos. Thor não deu-se o trabalho de manter uma conversa ou respondê-lo, continuou quieto e isto foi o suficiente para Hércules não calar-se nunca mais. Thor há muito tempo havia desistido de dizer a Hércules que eles não eram amigos e, por isso, não deveria chamá-lo assim, mas o outro nunca o ouviu e continuou tratando-o com intimidade.
Não passaram tanto tempo até Heimdall fazer-se presente no salão com uma pequena mulher à espreita. Heimdall não era cuidadoso em tratá-la, não, sequer atentou-se com o suspiro sofrido dela quando fora obrigada a ajoelhar-se diante de seus pés para dar início a cerimônia. Tal ação era desrespeitosa, ainda mais para com a mulher que tornaria-se esposa daqueles que estavam na fila da sucessão do Olimpo e Asgard — Hércules e Thor — como também tornaria-se rainha consorte tanto do submundo quanto de Atlanta. No entanto, não tratá-la como deveria parecia uma maneira de garantir que aquela união não importava, ela era uma humana apenas e tais títulos não lhe pertenciam. Humilhá-la era preciso na percepção daqueles abutres, deixá-la ciente de sua inferioridade como raça e desdenhar de sua posição mesmo que se tornasse superior a tantos presentes.
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Matrimonial [SNV]
FanfictionMatrimônio. No dicionário é dito que o matrimônio é a união voluntária entre duas pessoas que, estabelecida por lei, caracteriza a origem de uma família. Casamento, por outro lado, envolvia o amor e a igreja- Ou era o contrário!? Céus, Maria Anton...